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Deficientes visuais vão aos jogos torcer pela Bélgica

A narração é fundamental para que os cegos acompanhem as partidas ao máximo

• 20/06/2014 às 15:49 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:08 - há XX semanas

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Eles não podem ver as imagens bem definidas dos jogadores em campo, mas fizeram uma viagem de mais de dez horas para acompanhar a Copa do Mundo. Quatro belgas deficientes visuais desembarcaram no Brasil para ir aos jogos do time de seu país, com apoio da organização não governamental Acesso a todos os Serviços (em tradução livre). Para concretizar o sonho, vieram com três acompanhantes e um narrador especializado. É a primeira vez que a ONG compartilha uma Copa com um grupo de deficientes. “Todo mundo na Bélgica sonha em vir para o Brasil, porque temos um novo time, uma geração mais jovem de jogadores e muita motivação. Obviamente, os torcedores belgas cegos também queriam vir”, explicou Alban Henrickx, documentarista que acompanha o grupo. Os torcedores cegos ou com baixa visão foram escolhidos entre os frequentadores de estádios naquele país. Lá, há dois anos, a organização reúne os deficientes, uma vez por semana, nos campeonatos locais. Com suporte da narração audiodescritiva, é possível criar imagens das partidas e da atmosfera, explica o deficiente Augustin Hazard, de 24 anos. “Os sentimentos não estão relacionados apenas ao que você vê, mas também ao que você ouve. Tanto a narração especializada, quanto os torcedores a sua volta, os sons do estádio, tudo isso importa. Quando estamos cantando juntos, torcendo, é fantástico”, revelou ele. Idealizador da iniciativa e coordenador do ONG, Jean Marc Streel explica que costuma fazer a audiodescrição do mesmo local onde ficam os jornalistas. Os deficientes captam a transmissão em pequenos rádios. Porém, no Brasil, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) não permitiu acesso ao centro de mídia e o coordenador faz seu trabalho, em francês, da própria arquibancada. Apesar de a Fifa oferecer narração especializada para pessoas cegas, o serviço está disponível somente em português em quatro dos 12 estádios. A narração é fundamental para que os cegos acompanhem as partidas ao máximo. A belga Joannie Beaufys, de 30 anos, disse que consegue seguir os passes de bola e até fazer fotos. Torcedora do Royal Standard, da cidade de Liège, ela tem suas fotografias publicadas no site do clube. “Com a audiodescrição, Joannie consegue dar o zoom da câmera no campo e usar o recurso como uma televisão. Vê o jogo e faz fotos incríveis”, contou Henrickx. Parte do grupo de deficientes visuais belgas assistiu a primeira partida de sua seleção em Belo Horizonte, na terça-feira (17), depois de driblar o atraso em um dos voos - problema que acabou retendo parte deles em São Paulo . Laurent Victoor, de 37 anos, que perdeu a visão aos 13 anos, chegou a três minutos do início da partida contra a Argélia. Disse que o jogo, que a Bélgica ganhou de virada, valeu a pena. “Ficamos com os torcedores belgas, ingleses e brasileiros. Era uma atmosfera tranquila, as pessoas foram muito simpáticas conosco”. O grupo viaja na companhia de documentaristas da ONG Um mundo de Futebol (traduação livre) e ficam no Brasil até o fim da primeira fase da Copa. O último jogo dos Diabos Vermelhos, como a seleção belga é conhecida, será quinta-feira (26), em São Paulo.

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