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COMPORTAMENTO

Minha primeira casa: os desafios de morar sozinho

Escolher o lugar, o tipo de contrato, decorar, manter a casa limpa, comida e roupa em dia... Esta é a organização que a liberdade exige

Redação iBahia • 17/11/2018 às 12:26 • Atualizada em 29/08/2022 às 19:29 - há XX semanas

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Chega uma hora na vida em que, por mais conforto e segurança financeira que se tenha, é preciso voar e buscar o seu próprio ninho. Pode ser um lugar pequeno, como um conjugado, ou um casarão compartilhado com amigos. Pode ser na sua própria cidade ou em outro estado, e até país. Seja como for, mesmo com a crise, o movimento de partida dos filhos da casa dos pais nunca sai de moda. É um processo de crescimento e, como tal, tem suas delícias e perrengues.

Se, por um lado, há o gostinho da liberdade, por outro, a responsabilidade e as despesas não podem mais ser terceirizadas. Para se organizar nesse importante passo, o Morar Bem reuniu algumas orientações e conta as experiências de jovens que já passaram por isso.

— Tem que considerar o custo total, que inclui aluguel, condomínio, reserva e deslocamentos. O gasto para ir e voltar para casa tem um impacto relevante no orçamento.

O custo e o deslocamento foram fundamentais para a arquiteta Renata Nery, 28, escolher o primeiro endereço para chamar de seu. Natural de Belo Horizonte, ela recebeu uma ótima proposta de trabalho em São Paulo e topou na hora. Mas não foi tão fácil achar um lar.

— Eu comecei a buscar imóveis quando ainda estava na casa dos meus pais, mas não foi a mesma coisa de quando cheguei em São Paulo. Vi um que parecia muito bom, mas ao chegar lá, percebi que ficava em uma região de acesso ruim. É difícil. Muitos não aceitavam fiador de outro estado e o seguro era caro.

O seguro da locação é outro custo primário a ser considerado nesta mudança. Se não houver fiador, as opções mais comuns são a de seguro-fiança, em que paga-se de um a dois aluguéis por ano e sem retorno, ou o seguro caução. Nesta opção, o dinheiro até volta, mas o morador tem que desembolsar de três a quatro aluguéis logo de cara.

Os gastos fixos

Segundo Pires, o ideal é não comprometer mais do que 30% da sua renda líquida, considerando aluguel e condomínio. Uma reserva de três meses de aluguel também é interessante para as emergências que possam aparecer.

— Na transição da casa dos pais para uma vida adulta independente, é importante abrir mão da ansiedade para um processo mais lento e com menor impacto no bolso — aconselha o professor.

Outro custo inicial é para mobiliar a casa. O professor do Ibmec orienta comprar, preferencialmente, à vista. Mas se não der, é melhor parcelar em mais prestações para sentir menos, especialmente porque há outras despesas nos primeiros meses, como fiança e frete.

A designer de interiores Anna Paula Novis sugere fazer três listas de compras para definir o que é primordial e o que dá pra deixar para depois.

— Uma é para saber o que é básico para se mudar, como cama, mesa, algumas panelas, fogão, geladeira e máquina de lavar. A segunda é para o que pode ser posto aos poucos, como tapete, almofadas e quadros. Por fim, uma lista com os itens que fazem falta no dia a dia da casa.

Renata fez isso. Como tinha dinheiro guardado, já comprou sofá, mesa cadeira, cama e TV logo no primeiro mês. Já a advogada Lara Oliveira Gonçalves, de 26 anos, esperou um pouco para comprar a máquina de lavar, e esta foi sua maior dificuldade ao sair do aconchego da casa da mãe.

Para ambas, a liberdade, tanto na rotina quanto para ajeitar a casa como quiser, são os grandes trunfos dessa mudança. Sem contar a realização pessoal. No caso de Lara, não foi a mudança na carreira que impulsionou.

— Eu sempre quis morar sozinha, desde criança. Tenho mais gastos hoje, mas compensa pela liberdade que tenho. Acho importante aprender a viver sozinha e a não depender de outro — diz Lara, que agora se prepara para morar com o namorado.

Dá teu jeito...
Lara também se mudou há oito meses e, assim como Renata, sua maior dificuldade é a organização do dia a dia, especialmente na cozinha:

— Tem que fazer marmita, cuidar da faxina, pensar em tudo. Se eu não fizer, não vou ter nada pronto — diz Lara.

Já para Fernanda Pereira, 28, não foi só a organização da comida que causou dificuldades.

— Do que mais sinto falta de quando morava com minha mãe e minha irmã é a hora do jantar. Não só pelo tempero dela, mas porque era o momento de nós três estarmos juntos e falarmos sobre como foi o dia.

Fernanda é sócia da mãe, Daniela e da irmã Gabriela no blog Apezinho, que dá conselhos para quem vai morar sozinho, e no site de classificados de imóveis Appzinho. A mãe criou o blog em 2013, para quando as filhas saíssem de casa. Agora, as duas contam suas experiências do outro lado.

Se for dividir, regra número um: pense no coletivo
Ao procurar alguém para compartilhar as despesas, é fundamental ter noção de coletividade e respeito ao outro. Seja responsável e busque moradores que encarem as responsabilidades e a relação com a casa da mesma forma que você.

Uma boa solução neste primeiro voo é dividir a casa. A prática é muito comum no Rio e pode aliviar o bolso. Sem contar que morar com amigos pode ser uma experiência incrível.

Ou não. A boa convivência depende de uma série de fatores, como disposição em fazer dar certo, bom senso, noção de coletividade, espaço, limpeza e flexibilidade. De ambos.

Ao sair da casa da mãe, Fernanda foi morar com uma amiga e uma desconhecida. Valeu a experiência, mas não deu muito certo.

— Quando você vai dividir um apartamento, tem que entender que cada um tem seu jeito, prioridades e necessidades diferentes. E às vezes o que incomoda um é tranquilo para o outro.

Hoje, Fernanda mora com a melhor amiga, Maria Isabel Nóbrega, e sua cachorrinha Nina. Diferentemente da primeira casa, desta vez, elas tiveram uma conversa franca para deixar tudo bem alinhado.

— Nós conversamos abertamente, inclusive de assuntos mais delicados, como visitas e tarefas da casa. Com isso, criamos uma dinâmica boa. Minha primeira dica é criar regras de convivência antes de entrar na casa. O combinado é valioso.

O ator e bailarino André Ximenes, 24, assina embaixo. Para ele, é fundamental encontrar moradores que estejam alinhados em relação à limpeza e ao estilo de vida:

— Tem que achar alguém que se relaciona com a casa da mesma forma que você, porque morar junto é como um casamento, não no sentido afetivo, mas de comprometimento com o lugar onde você mora.

Ximenes é de Fortaleza e veio para o Rio em maio deste ano para um trabalho. Hoje ele mora com mais um cearense e dois mineiros em Copacabana. Segundo ele, o mais difícil são as saudades da família. Esta não tem jeito. Cozinhar, limpar e organizar as coisas da casa já foram tarefas mais conflituosas:

— Morar sozinho é um auto-encontro, só me acrescentou. Você pratica conviver e ceder, mas também se impor. É ótimo.

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