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SALVADOR

Na hora da blitz, motoristas são contra a aplicação de penas severas

Em pesquisa divulgada ontem, 79% da população de Salvador é a favor da prisão para quem beber e for flagrado dirigindo

• 10/10/2011 às 8:04 • Atualizada em 27/08/2022 às 18:27 - há XX semanas

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O comerciante João Sansão, 41 anos, tomou uma e caiu nas garras da blitz ontem à tarde, quando trafegava na orla, nas imediações do Circo Picolino. Enquanto assistia o agente de fiscalização emitir a notificação para o carro ser guinchado, ele parecia não entender pra que tanta formalidade só porque ele bebeu uma latinha após o almoço. João achou um exagero ser multado e ter a carteira e o veículo apreendidos. Mal sabia o comerciante que, se dependesse da opinião da maioria da população de Salvador, sua pena seria bem maior. Uma pesquisa, realizada pelo Instituto Futura divulgada ontem, mostrou que 79% da população de Salvador é a favor da prisão para quem beber e for flagrado dirigindo. Na prática não é assim que funciona. O estudo, realizado entre 30 de agosto e 3 de setembro, ouviu 601 pessoas na capital baiana. Assim como João Sansão, quem cai no cerco fechado da blitz tem opinião bem diferente. Ao contrário de prisão, quase todo mundo ouvido pela reportagem disse que a punição deveria ser mais branda, com direito, inclusive, a uma multa com valor mais baixo. “Concordo que quem está alcoolizado deve ser preso, mas não é o meu caso. Isso é pra quem está embriagado. Eu só tomei uma latinha no almoço”, lamentava o comerciante. Sorte Turista a passeio em Salvador, o ultrassonografista Cidi Jorge da Silva, 27, escapou por pouco de ser multado e ter a carteira de habilitação e o veículo que ele dirigia apreendidos. O cearense, que veio participar do Congresso de Pediatria na capital baiana, conta que tomou uma dose de uísque no almoço e acabou sendo parado na blitz. O bafômetro acusou que o nível de álcool no seu sangue era de 0,15 mg/l. Só que deu problema na hora de imprimir o comprovante. Os 40 minutos que ele aguardou até o próximo teste foram suficientes para o nível cair para 0,9, o que lhe livrou de uma autuação. “Ser preso por beber e dirigir é um absurdo. Tem tanta gente que faz coisa pior e não é preso”, lamentou. A estudante Glaucia Santos, 27, que foi acionada por uma amigo para socorrê-lo após ter o carro retido na fiscalização, diz que não gosta e nem costuma aliar álcool e direção. Mesmo assim, entra na defesa ‘dos bebum’. “Ser preso porque bebeu e dirigiu é uma medida muita exagerada. Sou a favor da prisão apenas para o caso daqueles que se envolvem em acidentes. A multa, por si só já é suficiente”, opina. Sem prisão Não é só quem está na mira da fiscalização que quer pena mais branda para a combinação álcool e direção. Até mesmo um agente de fiscalização da Transalvador, que participava da blitz e não quis se identificar por medo de represália, se mostrou contrário à prisão. “Ter o documento recolhido, o carro apreendido e ainda ser levado para a delegacia é um pouco demais. Atualmente, até os crimes com menor potencial ofensivo foram liberados e essas pessoas estão convivendo conosco na sociedade. Agora, porque bebeu tem que ser preso? Discordo”, disse o agente. Já o colega de profissão foi o único ouvido pela reportagem a concordar com o resultado da pesquisa. “Quem bebe e dirige tem que pagar por isso. Se dependesse de mim, a lei seria ainda mais rigorosa. O carro devia passar um tempo apreendido no pátio da Transalvador e o dono obrigado a pagar as diárias”. Carro invade a calçada e mata um na BonocôMorador de Brotas, o motorista de ônibus Ademário Alves de Souza, 60 anos, tinha uma rotina diária. Acordava por volta das 4h da manhã, tomava seu café e descia uma das ladeiras que dão na Av. Bonocô para esperar o carro que o levava até a garagem da viação Axé, onde o aposentado trabalhava. Na madrugada de ontem, Ademário sofreu um revés do destino. Enquanto esperava o carro, sentado no ponto de ônibus defronte à estação de Brotas do metrô, ele foi atingido por um Palio prata de placa JRF 1620 que vinha em alta velocidade no sentido Iguatemi. O veículo subiu na calçada, destruiu o abrigo do ponto e arremessou a vítima a cerca de 15 metros de distância, o que causou sua morte imediata. “Meu pai saiu para trabalhar e perdeu a vida por causa de um motorista irresponsável. Estamos com uma sensação de impunidade”, desabafou Luciano Santos de Souza, filho da vítima. Ele contou que a família soube do acidente porque o chefe de Ademário ligou querendo notícias dele, já que o motorista costumava ser pontualíssimo no serviço. Com medo de assalto, a mulher dele e a filha resolveram caminhar até o local, que é perto da casa da vítima, para ver o que aconteceu. Foi quando encontraram a cena do acidente. O traumatismo de Ademário foi tão grande que ele teve o crânio esfacelado com o impacto. “Foi uma coisa horrível de se ver, elas estão arrasadas. Ver meu pai com a cabeça estourada no chão”, completou Luciano. O veículo, dirigido pelo contador Jessé dos Santos Brasil, 43 anos, atingiu também outros dois homens que estavam no local esperando transporte para ir trabalhar. Auxiliar de serviços gerais, Alfredo Elias Ribeiro, 33 anos, trabalha num condomínio da Pituba. Já José Moreira de Araújo, 46 anos, é frentista em Lauro de Freitas. Ambos ficaram gravemente feridos e foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde Alfredo Elias, que sofreu múltiplas fraturas, foi operado. O caso de José Moreira é mais grave: ele teve a perna direita amputada. “Os ossos dele ficaram esbagaçados, parece que bateram com martelo”, explica Raimundo de Jesus, 47 anos, cunhado de José. O motorista, que vinha do casamento de um amigo, alega que dormiu ao volante. Segundo a delegada Mônica Piropo, plantonista da 6 ª DP, onde a ocorrência foi registrada, ele não apresentava sinais de embriaguez mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. “Nós somos de família batista e meu irmão não costuma beber. Ele ficou prestando socorro”, diz Josias dos Santos, irmão de Jessé. O motorista está sob custódia na 1ª DP, nos Barris, para onde foi levado depois de ter feito exame de lesão corporal e de alcoolemia. Com informações da repórter Doris Miranda

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