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No Brasil, cerca de 90% estão infelizes no trabalho

No Brasil, estima-se que 5,8% da população sofram com depressão, tornando o país o quinto do planeta com maior número de casos

Redação iBahia • 18/06/2018 às 11:35 • Atualizada em 27/08/2022 às 17:41 - há XX semanas

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O índice de insatisfação e infelicidade no ambiente corporativo está alto. De acordo com a pesquisa realizada em 21 estados, no ano passado, pelo consultor de carreiras Fredy Machado, para seu livro "é possível se reinventar e integrar a vida pessoal e profissional", cerca de 90% das pessoas estão infelizes em seus trabalhos. Desse percentual, 36,52% dos profissionais estão infelizes com o trabalho que realizam e, 64,24% gostariam de fazer algo diferente do que fazem hoje para serem mais felizes. Para o autor da pesquisa, o descontentamento é provocado por uma série de motivos. O principal deles é a definição da profissão muito cedo ou através de imposição dos pais.
_Trabalhamos a vida inteira sem um propósito definido e no automático, apenas para ganhar dinheiro.- afirma.
A pesquisa de Machado também revelou que 60% dos entrevistados não têm tempo suficiente para cuidar da saúde. Dado representativo que o autor sentiu na pele: antes de atuar como consultor, era dono de sete empresas e vivia uma rotina de má alimentação, poucas horas de sono e muitas de trabalho, que culminou numa angina.
Foto: Divulgação
No Brasil, estima-se que 5,8% da população sofram com depressão, tornando o país o quinto do planeta com maior número de casos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença que será a segunda principal causa mundial de afastamento de profissionais até 2020. No ano de 2016, a Previdência Social registrou afastamento de 75,3 mil trabalhadores por causa de quadros depressivos, sendo 37,8% do total de licenças por distúrbios psíquicos.
O professor de inglês das redes municipal e estadual de educação do Rio de Janeiro, Márcio Virgílio da Costa, faz parte dessa estatística. O educador já estava incomodado com o desinteresse das crianças e adolescentes pelo conteúdo e também com a falta de estrutura das escolas quando, em novembro de 2017, foi vítima de uma brincadeira de mau gosto de uma turma de oitavo ano do fundamental.
_Os alunos fizeram uma armadilha. Quando entrei na sala, a lata de lixo caiu na minha cabeça. Desde então, entrei em um espiral de tristeza e desânimo. – relatou.
Virgílio começou a fazer tratamento psiquiátrico e foi afastado do trabalho porque a depressão impedia-o de sair de casa. Na última semana, o professor recebeu alta do INSS e foi direcionado para uma nova escola, mas teme não conseguir executar o seu ofício porque ainda não se sente recuperado.
A assistente administrativa Kátia Ferreira, de 58 anos, também precisou se afastar do trabalho por conta de uma depressão. Em 2016, ela foi promovida para um cargo de chefe do departamento administrativo, mas devido à pressão do cargo, desenvolveu uma psoríase e ainda precisou de acompanhamento psiquiátrico.
_Eu ia trabalhar, via muito trabalho na minha frente e não conseguia executar nada! Tirei férias, mas quando voltei, o problema continuou. – contou Kátia, que ficou afastada por cinco meses.
Um estudo da London School of Economics, realizado em 2016, concluiu que os afastamentos por doenças psicológicas causaram perdas de US$ 246 bilhões (cerca de R$ 800 bilhões) por ano em todo mundo e de US$ 63,3 bilhões (R$ 206 bilhões) no Brasil. Segundo Machado, pessoas mais felizes produzem 33% a mais que as infelizes. Para ele, a solução é definir um propósito de vida e trabalhar em uma empresa com os mesmos valores.
Pilares da felicidade profissional
O empresário Edgar Ueda criou o modelo de transformação “Turn Around”, baseado na teoria que todo ser humano vive em constante inconformismo, desejando melhorar algo de sua vida, e, hoje, viaja por todo o Brasil apresentando palestras sobre felicidade na vida profissional.
Filho de mãe solteira, ex-boia-fria, Edgar morou em uma casa de barro no interior de São Paulo até os 19 anos, abriu falência sete vezes e hoje é um empresário de sucesso do mercado imobiliário. Para ele, é importante que os profissionais trabalhem em algo que amem. Entretanto, se não for possível mudar de emprego por causa de obrigações financeiras, é necessário aprender a amar o que faz.
_ Se a pessoa vai ao trabalho por obrigação, ela não vai crescer, nem vai ser feliz. – avaliou.
De acordo com Ueda, se nenhuma das duas opções é viável, a alternativa é mudar o mindset, baseando-se em três pilares: expansão e ressignificação de pensamentos, além de mudanças comportamentais.
A expansão do pensamento consiste em perceber que tudo na vida é conduzido pelas crenças, ou seja, se uma pessoa acredita que não consegue crescer por causa do mercado em crise, ela fica inerte e não faz nada diferente para que isso aconteça. As mudanças comportamentais são um complemento, pois sugerem que o indivíduo saia da zona de conforto para conseguir resultados extraordinários. Já a ressignificação é encarar os fatos através de uma visão positivista.
_Supondo que uma pessoa bata de carro. Ao invés de pensar que só acontecem coisas ruins em sua vida, ela deve mudar a chave e pensar que está vivo. – exemplifica o palestrante.
Em busca da felicidade
Não foi fácil para a publicitária Denise Castro, de 55 anos, abandonar a profissão que exerceu por 29 anos, a fim de começar uma carreira do zero. Depois de fazer alguns cursos de estética, em paralelo ao trabalho que mantinha, ela pesquisou informações do mercado e pediu demissão.
_Chamei meu filho e meu marido e falei que não aguentava mais estar na publicidade, que precisava me lançar para uma área onde fosse me encontrar. – contou.
A partir de então, Denise começou a fazer faculdade de estetocosmetóloga e abriu sua própria clínica, Dede & Adonai, que também funciona como coworking para manicures e cabelereiras. Segundo a esteticista, os três primeiros anos de empreendimento foram os mais difíceis, mas ela conseguiu se estabilizar e não se arrepende de ter largado o salário fixo e o plano de saúde:
_ Quem me chamou de louca, admira a minha ousadia. Só no ano passado, fiz 10 cursos na minha área e não foi um fardo, foi um prazer.
A química industrial Suelen Pereira, de 30 anos, também largou o emprego no qual não estava feliz. A jovem, que atuava como supervisora de produção numa cervejaria, não conseguia conciliar a vida profissional com a social:
_ Eu estava vivendo para trabalhar e era requisitada inclusive no horário de descanso. Minha mãe estava doente, mas eu não conseguia vê-la.
Suelen pediu demissão e tirou um ano sabático para dar atenção à família. Nesse período, fez cursos de especialização na área de negócios, empreendedorismo, oratória e abriu a Feliz Consultoria, sua empresa de consultoria em gestão de processos. Entretanto, a mudança só foi possível porque a química possuía reserva financeira.
_ Muitas pessoas querem fazer transições, mas não se preparam financeiramente para isso e ficam presas em empregos que estão infelizes para sempre. – opinou Suelen.
Benefícios, descanso e contratação acertada
De acordo com o ranking 2018 do site Universum, o google é uma das melhores empresas para se trabalhar. Entretanto, a fama de um ambiente de trabalho lúdico e agradável não é recente. Com dois escritórios no Brasil, em Belo Horizonte (MG) e em São Paulo (SP), a empresa se preocupa com os funcionários desde a seleção, que é rígida para encontrar perfis com os mesmos valores da empresa: profissionais que possuam habilidades em solução problemas, trabalho em equipe, comunicação, iniciativa, integridade e ética.
Apesar de considerarem contratação de talentos uma questão estratégica, acreditam que os benefícios têm um papel importante nesse processo. Além de planos de saúde, odontológico, seguro de vida e previdência, a empresa oferece café da manhã, almoço e lanche da tarde, além das Micro-kitchens, onde os Googlers podem pegar lanches, frutas, etc., de forma gratuita. Academias também são disponibilizadas. Até o fim do ano, o Centro de Engenharia em Belo Horizonte irá disponibilizar 50 novas vagas.
Hoje, existe uma grande expectativa a respeito do sucesso, imposto por um padrão externo ao invés de ser definido como conceito pessoal, de acordo com vocações e valores. O motivo pelo qual as pessoas estão entrando em colapso é o autoengano: acham que serão felizes ao comprar um carro, por exemplo, mas a condição emocional não corresponde à meta que atingiram.
A infelicidade não é pelo trabalho, mas pela forma com que lidamos com ele. As pessoas estão se distanciando, não sabem o que é prazeroso pessoalmente e só usam suas casas como dormitórios. O trabalho passa a ser a vida e a vida pessoal passa a ser o trabalho. Não se deve colocar expectativa de felicidade no trabalho, pois ele é um instrumento de benefícios materiais. O bom desempenho é importante, mas não pode ser tudo!

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