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SUSTENTABILIDADE

O brasileiro visionário que fez fortuna com a energia eólica

• 17/02/2016 às 12:07 • Atualizada em 01/09/2022 às 10:56 - há XX semanas

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Araripe trabalha juntamente com os filhos na Casa dos Ventos
Foto: Germano Luders/Exame

A empresa Casa dos Ventos chamou recentemente a atenção do mercado ao vender, por 2 bilhões de reais, duas usinas eólicas à companhia inglesa de energias renováveis Cubico - tornando-se a maior transação da história do setor no Brasil. O líder a frente do negócio é o empresário Mário Araripe, hoje com 61 anos. Mas em 1977, quando se formou em engenharia pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ele sequer sonhava em fazer fortuna nesse segmento, relata matéria de Ana Luiza Daltro, da revista Exame.

Naquela época, o Brasil só pensava em energia hidrelétrica e nuclear. Depois de formado, Araripe trabalhou nos setores têxtil, da construção civil e automotivo, sendo que neste último destacou-se por ter reerguido a montadora cearense Troller, vendendo-a posteriormente a Ford por 700 milhões de reais.

Por sugestão de um ex-colega de turma no ITA, Odilon Camargo, o empresário passou a analisar com interesse o setor eólico. Em 2007 fundou a Casa dos Ventos, especializando-se em desenvolver projetos de usinas eólicas — e vender o empreendimento quando surge uma boa oportuni­dade de negócio. Depois de vender duas usinas à Cubico, a empresa brasileira tem agora três parques próprios, todos ainda em construção, com capacidade de 705 megawatts.

Hoje, a fonte eólica representa 6% da energia elétrica gerada no Brasil e, em poucos anos, a fatia deve aumentar para 10%

Além disso, tem participação acionária em outras usinas que somam 657 megawatts. Ao longo de quase dez anos, já vendeu usinas em diferentes estágios de implantação.

Pioneiro
Nos últimos anos, o mercado de energia eólica se tornou disputado. Endesa, Renova Energia, Iberdrola Renovables, EDP e Duke Energy estão entre as gigantes que se instalaram no Brasil. Araripe, que chegou antes, conseguiu dar tacadas certeiras porque investe muito dinheiro para encontrar lugares onde, de fato, estão os melhores ventos. Para isso, construiu uma fábrica de torres de medição e distribuiu mais de 500 delas pelo país.

As torres fazem anos de medições e, só depois disso, Araripe decide onde vai investir. Embora os agentes reguladores do governo exijam que os estudos de viabilidade de um parque eólico incluam a construção de uma torre de medição num raio de 10 quilômetros, a Casa dos Ventos adota a proporção de uma torre a cada 3 quilômetros.

Isso, é claro, aumenta os custos do projeto (cada torre custa em torno de 300 000 reais), mas diminui o risco de instalar usinas em lugares onde o vento não vai soprar forte e de modo constante. “O vento é mais previsível do que parece, mas é preciso realizar muitos estudos para reduzir os riscos do negócio”, diz Araripe. Mas o que realmente pesou a favor foi o crescimento da energia eólica no Brasil.

Setor desenvolvido
Quando Araripe investiu no setor, essa fonte representava apenas 0,2% da matriz elétrica brasileira. Dois anos depois do nascimento da Casa dos Ventos, o governo promoveu o primeiro leilão de comercialização exclusivamente para a energia eólica. A iniciativa foi um sucesso e abriu caminho para novos leilões nos anos seguintes.

Hoje, a fonte eólica representa 6% da energia elétrica gerada no Brasil e, em poucos anos, a fatia deve aumentar para 10%. Com o aumento da escala de produção, os preços da eletricidade gerada pela força dos ventos caiu e ela se tornou mais competitiva com a energia de fonte hidrelétrica — que, por sua vez, enfrenta cada vez mais restrições no campo ambiental.

O avanço possibilitou a vinda ao país de diversos fornecedores de equipamentos, os quais estabeleceram uma cadeia de produção local para cumprir o esdrúxulo índice de 60% de conteúdo local exigido pelo BNDES — o banco estatal financia até 70% dos valores de cada projeto eólico.

Como nem tudo são flores, os parques costumam ser afastados dos centros urbanos, exigindo linhas de transmissão longas. A licitação das linhas depende do governo e, como se sabe, depender do governo é sempre um perigo — linhões têm atrasado a ponto de haver usinas prontas sem condições de entregar a energia aos consumidores.

Apesar dos obstáculos, Araripe, que trabalha juntamente com os filhos na Casa dos Ventos, é um nome mais que consolidado no setor. O empresário trabalha a favor do vento.

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