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SUSTENTABILIDADE

Produção brasileira de algodão pode ser 100% sustentável até 2020

Redação iBahia • 23/05/2016 às 15:30 • Atualizada em 31/08/2022 às 11:14 - há XX semanas

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Brasil é atualmente o maior fornecedor de algodão BCI, sendo responsável por 60% do algodão certificado no mundo
Foto: Uriel Sinai/ Getty Images

Garantir que o algodão seja produzido de forma ética e responsável é o principal objetivo da Better Cotton Initiative - BCI (Iniciativa por um Algodão Melhor), fundada em 2005 por empresas internacionais, associações de produtores e organizações da sociedade civil. Seus esforços são vastos, mas envolvem principalmente o combate ao trabalho escravo e infantil e a melhoraria de práticas agrícolas, buscando reduzir o consumo de água e de pesticidas e aumentar a segurança do trabalhador.

O Brasil é atualmente o maior fornecedor de algodão BCI, sendo responsável por 60% do algodão certificado no mundo. A meta da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é ter 100% da produção de algodão brasileira certificada até 2020. "Na safra de 2014/2015, 239 propriedades somando 666 mil hectares de algodão produziram 1 milhão e 42 mil toneladas de algodão certificado, representando 70% da produção total de algodão do Brasil", destacou a Exame.com Marcio Portocarrero, diretor executivo da entidade.

Há dez anos em atividade, o BCI tornou-se um padrão amplamente aceito no setor algodoeiro e respeitado entre as empresas, que passaram a contar com um sistema de rastreabilidade que atesta a origem responsável e o menor impacto ambiental de sua matéria-prima.

As peças geram 92% de economia de água no processo de tecelagem e 30% de redução de energia

Segundo Portocarrero, as certificações promovem maior segurança jurídica ao produtor, que fica mais preparado para receber fiscalizações ambientais e trabalhistas, além de economia para o negócio, ao introduzir mais racionalidade ao uso de produtos químicos e água.

Mercado externo
Hoje, 60% da produção nacional de algodão vai para o mercado externo e atende grandes marcas do varejo global. Em contrapartida, o apetite nacional pelo algodão certificado ainda deixa a desejar. "A indústria têxtil brasileira não tem buscado isso, nosso desafio é puxar o processo de certificação para dentro da indústria de fiação, de tecelagem e confecção, indo além do campo", projetou o diretor da Abrapa.

Mas isso pode mudar — principalmente quando se tem uma das maiores varejistas de moda do Brasil faminta por algodão mais sustentável, a C&A. Hoje, 15% de todos os artigos de algodão que a empresa vende no país são certificados. Dentro de quatro anos, a expectativa é atingir 100%, segundo Paulo Correa, presidente da C&A Brasil.

"No final, precisamos ter toda a cadeira certificada, não apenas o produtor do algodão. Mas isso depende de cada empresa enxergar valor na certificação e se interessar em obtê-la. Condições mais justas e seguras de trabalho e utilização mais racional da água, tudo isso tem que estar presente em todas as fases do processo de fabricação de uma peça, seja na fiação, tecelagem, confecção, lavanderia ou na própria comercialização do produto pelo varejo. Todo mundo tem que estar na mesma página para garantir que o produto foi produzido de fato de forma mais sustentável", ressaltou Correa a Exame.com.

Já o algodão orgânico, com consideráveis benefícios econômicos e ambientais, ainda representa menos de 1% da colheita anual mundial

Em abril, a marca lançou uma coleção de jeans produzida de forma mais sustentável em todas as etapas da cadeia. Segundo a empresa, as peças geram 92% de economia de água no processo de tecelagem e 30% de redução de energia. Já o processo de lavanderia alcançou 30% de economia de água e 15% menos energia.

Temos, hoje, quatro empresas fornecedoras de fiação e tecelagem que estão certificadas, além de 12 confecções com suas lavanderias certificadas. Com isso, conseguimos ter aproximadamente 15% de toda a nossa venda com algodão mais sustentável. Para chegar a 100%, o número de tecelagens e de confecção precisa aumentar radicalmente, e estamos numa jornada para atingir isso", disse o executivo a Exame.com durante evento de lançamento do documentário Por Amor à Moda (For the Love of Fashion), na última quarta (18) em São Paulo, que aborda o cultivo do algodão orgânico e o impacto nos produtos que chegam aos consumidores.

Produzido pela C&A e a National Geographic, o documentário estreia no Brasil na quarta-feira, 25 de maio, às 17h15, no canal de aventura, e tem como apresentadora Alexandra Cousteau, conhecida mundialmente por seu trabalho sobre a água e as questões de sustentabilidade. Ela viaja pela Índia, Estados Unidos e Alemanha, mostrando os resultados do uso de métodos de produção mais sustentáveis, como o BCI e o cultivo orgânico.

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Em média, 75% de todo algodão vai para a fabricação de roupas, 18% para fabricação de mobiliário doméstico e 7% para outros produtos industriais
Foto: Gettyimages

Algodão orgânico
Já o algodão orgânico, com consideráveis benefícios econômicos e ambientais, ainda representa menos de 1% da colheita anual mundial. No Brasil, não chega a 0,1%. Mas, se depender do varejo, isso também pode mudar.

Em 2015, a C&A figurou em primeiro lugar no ranking mundial de uso de algodão orgânico, conduzido pela Textile Exchange, uma organização internacional sem fins lucrativos que trabalha para promover a indústria têxtil mais sustentável.

Esse mesmo estudo mostra que, em 2014, mais de 130 milhões de produtos da empresa foram confeccionados com algodão mais sustentável, a maior parte aplicada em produtos infantis. No ano seguinte, o algodão orgânico representava perto de 40% das vendas totais de produtos de algodão da C&A em todo o mundo, encontrando grande receptividade dos consumidores.

Quando é considerado todo o universo da moda, o progresso do algodão mais sustentável é lento, mas, ainda assim, é progresso — e cada par de jeans faz diferença.

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