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Volta às aulas: como sobreviver aos grupos de pais no WhatsApp

Pesquisa aponta que 77% dos conflitos na escola dos filhos têm relação com o aplicativo

Redação iBahia • 04/02/2019 às 13:14 • Atualizada em 28/08/2022 às 17:30 - há XX semanas

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O uso da tecnologia tem se tornado cada vez mais intenso no ambiente escolar, seja para auxiliar no aprendizado ou para facilitar a comunicação. Os grupos do aplicativo Whatsapp se tornaram uma ferramenta para os pais e mães que buscam mais participação no desempenho escolar dos filhos, permitindo ampliar a troca de informações que antes só acontecia nos portões dos colégios. A maior qualidade do aplicativo é que ele dá voz a todos, mas esse também é o maior desafio para uma boa convivência.
Foto: Divulgação
De acordo com uma pesquisa elaborada pelo Instituto iStart, 77% dos incidentes nas instituições de ensino envolvem conflitos nos grupos de WhatsApp, seja entre os alunos ou entre pais e responsáveis. Conflitos, ofensas e desentendimentos nos grupos do aplicativo são os incidentes digitais mais comuns, o que levou mais de 84% das escolas participantes da pesquisa a registrarem até 50 ocorrências em dois anos. É preciso criar um ambiente virtual mais saudável para diminuir esses números, pois nenhum problema grave é resolvido pelas redes sociais. Se diante de um transtorno envolvendo um aluno o primeiro canal que os pais procuram é o WhatsApp, isso sinaliza que há falhas na comunicação da escola.
A pedagoga e professora da rede pública Juliana D’Elia recomenda que os pais priorizem a comunicação direta com os membros da comunidade escolar. Se a finalidade do grupo é a escola passar informes para os pais, ela indica que, em caso de problemas, os responsáveis procurem marcar uma reunião para que as questões sejam resolvidas pessoalmente. Juliana observa que o uso do aplicativo diminui a fronteira entre casa e trabalho:
— Alguns pais têm o hábito de pegar o contato do professor no grupo e mandar mensagem para discutir problemas a qualquer hora e em qualquer dia, sem respeitar os horários de trabalho ou o espaço do grupo. Mandar uma mensagem no privado extrapola o espaço da escola, e muitas vezes o professor não está de acordo com isso.
Isabela Xavier é professora de educação infantil e conta que os problemas relacionados a discussões no Whatsapp são ainda piores na rede privada, pois os membros do grupo além de pais são clientes da instituição. Ela conta que na escola em que trabalha, inicialmente criaram grupos com os pais para compartilhar fotos das atividades escolares, além de possibilitar que eles tivessem acesso aos números de telefone uns dos outros. Porém, os grupo geraram tantos conflitos que o colégio chegou a proibir os professores a aderirem a esse tipo de comunicação. A partir da sua experiência, Isabela conta que isso incentiva a união dos pais de forma negativa:
— Um pai fala algo no grupo e logo desperta os outros a cobrarem da escola coisas irrelevantes. Os pais devem ter senso de não incomodar o professor, e só falar o necessário. A gente já manda agenda com tudo bem explicado para eles.
Mesmo com a grande possibilidade de gerar problemas, os responssáveis não abrem mão da interação por meio do grupo. Isso indica uma mudança de panorama no qual as famílias não querem ser chamadas apenas quando a escola precisa debater o mau desempenho ou falta de disciplina da criança. A psicóloga Lais Fontenelle comenta que o Whatsapp faz muito sucesso nos dias de hoje pela agilidade da comunicação diante da rotina tão atribulada dos pais, mas alguns cuidados devem ser tomados para aliviar os estresses da convivência virtual:
— Refletir antes de compartilhar informações é o primeiro passo para um bom uso dessa ferramenta. Lembremos que esse deveria ser um fórum respeitoso e empático entre uma comunidade de pais. Por isso, devemos nos lembrar que somos nós os principais modelos de exercício de cidadania digital junto aos nossos filhos, portanto o que e como compartilhamos é parte da formação das crianças nesse ambiente tecnológico.
Lais, que é mestre especialista em Criança, Consumo e Mídia, destaca que é importante não fugir da finalidade do grupo. Uma mensagem de bom dia parece inofensiva, mas uma notificação pode perturbar principalmente o professor, pois o grupo é ambiente de trabalho para ele. Procure não mandar conteúdos que não sejam pertinentes. Algumas pessoas gostam de receber mensagem de bom dia ou uma notícia interessante, mas esse tipo de mensagem só pode circular se todos os membros do grupo estiverem de acordo. Defina as regras e muito educadamente relembre para que propósito o grupo foi criado, pois conteúdo aleatório o torna inútil.
Também é importante levar aos grupos somente informações que já foram esclarecidas junto com a escola. Em tempos de fake news, a transmissão de mensagens sem embasamento e confirmação pode gerar desentendimentos que seriam resolvidos rapidamente numa conversa franca e direta no universo escolar. A responsabilidade e o cuidado do que é compartilhado deve ser colocado em primeiro plano para evitar que alguns temas tomem a indevida proporção.
Nunca fale mal da escola ou dos alunos. Para reclamar de alguma coisa a coordenação é o melhor local para isso. A especialista lembra que o grupo promove socialização e compartilhamento de informações úteis sobre a parentalidade, mas é preciso ficar atento quanto à exposição das crianças.

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