Sexta-feira, 13. Dia Mundial do Rock. A combinação teve como cenário, em Salvador, o retorno de um dos maiores festivais de rock da cidade, o
Rock Concha, que fez sucesso em 1989 e 1990. Na reestreia do evento, a Cascadura abriu a noite com o repertório recheado de hits da carreira e do disco 'Aleluia', lançado no último mês de maio. Já o duo Agridoce (formado por Pitty e Martin) levou um som mais brando, do disco folk, para o palco da Concha Acústica do Teatro Castro Alves. O público, de quase 3 mil pessoas, uniu gerações e, mesmo não lotando a casa, se fez intenso nas duas apresentações.
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Fabio Cascadura comandou o rock'n roll na noite de abertura do Rock na Concha |
"Antes que eu pise o chão / O que farei amanhã / Penso no quanto longe cheguei / Pra outros tantos isso nem existe". Com os versos de 'Colombo', Fábio Cascadura e sua trupe iniciaram o show, por volta das 18h50. A enérgica faixa 'O Delator' foi entoada em seguida. "Essa é mais uma oportunidade da gente se encontrar e partilhar uma emoção positiva". Após saudar o público, o cantor tocou 'Senhor das Moscas' e deu continuidade ao repertório que ainda contou com 'Juntos Somos Nós', 'O Centro do Universo', 'Não Se Pode Julgar Ninguém' e 'Queda Livre'.
Conheça o Mundo Rock iBahia (Aniversário de 1 ano)"É muito bom chegar aos 20 anos de carreira aqui em Salvador. São sempre bons esses encontros. O bacana é que vocês vieram de vários lugares de Salvador e do interior", comentou o vocalista e guitarrista que, com Thiago Trad (bateria), é a base da banda há uma década. Du Txai (guitarra) e Cadinho (baixo) completam a nova formação. "E viva o amor!", gritou. "Vim para ver os dois (Cascadura e Agridoce) mas prefiro a pegada do Cascadura", opinou Igor Oliveira, 18, que aprovou o novo disco dos baianos. "Podem ouvir na web e baixar. O CD é de vocês", lembrou Fábio. "Vamos colocar aquele grito pra fora - se é que ele está preso", convocou o artista ao entoar "Se Alguém O Vir Parado". Soltando um "viva Salvador" e um "feliz dia do rock pra todo mundo", ele finalizou a apresentação de cerca de uma hora.
"É muito bom chegar aos 20 anos de carreira aqui em Salvador". Fábio Cascadura |
"Pitty! Pitty! Pitty!" Questionado sobre que artista ele queria mais ver na noite, Roberto Argolo, 50, perguntou: "mas vai ter show de Pitty, não é?". Confusões à parte, ele demonstrou admiração pela artista. "Ela é jovem, cabeça, tem muito a ensinar". Com duas filhas e uma neta, Argolo foi a Concha para ver a cantora que já o fez até viajar a Recife para assisti-la.
Veja mais fotos do 1º dia do festival Rock Concha no iSSA! O nome da baiana foi repetido aos gritos pelos fãs antes dela subir ao palco. Timidamente, alguns tentaram fazer ressoar "Agri! Agri! Agri!", sem sucesso. O motivo era claro. Pelo que o iBahia apurou, o público que compareceu ao evento atraído pela banda Agridoce estava lá mesmo para ver a cantora, independente de seu trabalho paralelo. Histéricos, aliás, os fãs berraram alto quando a soteropolitana apareceu e sentou ao piano. "É um prazer enorme pra gente estar aqui, hoje, na Concha, com nosso projeto novo. Tô emocionada, nervosa, vou ter que raciocinar pra cantar direito", confessou.
"Tô emocionada, nervosa, vou ter que raciocinar pra cantar direito". Pitty |
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Ao piano, Pitty fez o primeiro show do Agridoce em Salvador |
Apesar disso, a voz de Martin, com quem forma a comissão de frente do Agridoce, foi a que ecoou mais alta em 'Upside Down', na abertura do repertório. Nessa nova incursão como cantor, ele, também ao violão, era só sorrisos -
na plateia seu filho Thomáz, 5 anos, acompanhava o show. A cada canção, uma cor diferente iluminava o palco e gerava um belo clima intimista que a disposição dos músicos, todos sentados, propunham. Ela, de perfil na maior parte do tempo. Ele, de frente para o público. O programador Loco Sosa e o percussionista Luciano Malásia acompanhavam a dupla.
Ares de toda cor "Muito massa o festival estar de volta. Vida longa. Que o ano que vem tenha de novo e de novo", desejou Pitty. Os ares azuis em 'B.Day' avermelharam-se na apaixonada canção 'Romeu'. Com uma atmosfera branca, um trecho de 'Let it be' (The Beatles) introduziu a faixa 'Rainy' e as palavras bucólicas de 'Epílogos' foram cantadas com o auxílio de um megafone. "Que saudade de tocar em Salvador", disse Martin. "É muito bom estar aqui nesse dia, sexta-feira, 13. Sou cética pra essas coisas, mas às vezes...", contou Pitty. Sobre a produção do disco que deu origem a turnê - lançado também no iTunes e em vinil -, ela falou ao público ter sido "uma experiência artística muito intensa". '130 anos', 'Say' e 'Lágrimas Pretas' (Pitty e 3 Na Massa) deram continuidade ao set list. Mas foi 'Dançando', o primeiro single do álbum, que causou furor no show. "Lindo. Estou sem palavras. (...) Não me conformo em a gente tocar tão pouco aqui. Espero que a gente volte logo com show da banda Pitty, Agridoce e tudo mais", retrucou a cantora.
"Não me conformo em a gente tocar tão pouco aqui". Pitty |
Recusando a teatralidade "do sair e voltar" do bis, ela emendou o show com 'Alvorada' e 'I wanna be sedated' (Ramones). Em ritmo sonoro de desfile oficial, e ares de toda cor, com direito a serpentinas e balões no telão, Pitty se retirou do palco. Na verdade, foi retirada. É que alguns fãs invadiram o espaço e obrigou um dos seguranças a carregá-la no colo e levá-la para a coxia. As veias artísticas de Pitty (influenciada na adolescência pelo hardcore) e Martin (da tribo dos metaleiros) geraram um surpreendente folk (sereno, mas denso) com suavidade melódica, embora nem sempre leve nas letras. Para quem saiu de casa para ver o Rock Concha, a última sexta-feira, 13, foi um dia de sorte.
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O show do Agridoce foi um diferencial no festival. Com um som folk e letras bem mais íntimas que as explosivas do "tradicional" rock'n roll, o público pôde apreciar a criatividade musical de Pitty e Martin |