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MÚSICA

Erudito e popular juntos no Festival de Música em Trancoso

A partir deste sábado (15), a cidade no interior baiano será palco de apresentações de peças clássicas, câmara, bossa nova, jazz, ópera, opereta e valsa

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12/03/2014 às 17:50 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:25 - há XX semanas
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Durante oito dias, de 15 a 22 deste mês, Trancoso será palco da união entre as músicas erudita e popular. Com um teatro construído especialmente para o evento e a presença de músicos e solistas de várias partes do mundo, a cidade recebe a terceira edição do 'Festival de Música em Trancoso', um projeto cultural pensado para ser o fator de desenvolvimento sustentável da região, que vem transformando realidade cultural no interior baiano. A ideia nasceu do sonho conjunto de quatro pessoas: Sabine Lovatelli - presidente do Mozarteum Brasileiro; Carlos Eduardo Bittencourt - conhecido como "Calé", é residente em Trancoso há 30 anos; Reinold Geizer - empresário, proprietário da marca L´Occitane e François Valentiny - arquiteto que projetou anfiteatro do MeT. Pelo impacto sociocultural e pela relevância artística, pode-se afirmar que hoje o festival conquistou para Trancoso a mesma importância e status de acontecimentos como a Feira Literária Internacaional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, e a Feira Literária Internacional de Cachoeira (Flica), no Recôncavo Baiano. São oito dias com apresentações gratuitas e abertas à comunidade. Este ano, a programação contará com nomes como a soprano Lucia Aliberti, mezzosoprano Josy Santos, que é bolsista do Mozarteum Brasileiro e se apresentará pela primeira vez no evento, além do cantor Ivan Lins, que será acompanhado pelo pianista César Camargo Mariano, que marcou presença nos anos anteriores e coordenará a noite dedicada à Bossa Nova. Entre os nomes internacionais, destacam-se: Rüdiger Liebermann (violino), Lorenz Nasturica (violin), Wilfried Strehle (viola0, Franz Bartolomey (violoncelo), Mattehew McDonald (baixo), Benoît Fromanger (flauta), Bence Bogányi (fagote), Andrea Ottensamer (clarinete).
O programa contempla noites de música clássica com execução de peças de compositores como Ludwig van Beethoven, Wolfgang Amadeus Mozart, Franz Liszt, Johann Strauss e muitos outros, pela Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, com regência do maestro Claudio Cruz. Também haverá uma noite dedica à Bossa Nova com coordenação do pianista César Camargo Mariano, que receberá convidados especiais, e uma noite de Jazz. A quarta-feira será dedicada à Música de Câmara, quando alunos avançados de música, que participaram das masterclasses ministradas pelos solistas internacionais e integrantes da Neogibá (Orquestra Juvenil da Bahia), irão se apresentar com eles. Os interessados podem fazer a inscrição no site do evento (veja aqui o formulário). Serão aulas de canto, violino, viola, violoncelo, contrabaixo, fagote, trompa e piano, que acontecerão na sala do anexo do teatro. Esses encontros representam oportunidades únicas para os músicos brasileiros e há duas maneiras de participar das masterclasses: ativa, como integrante das oficinas técnicas, e como ouvintes.
Na quinta, a noite será de improvisos na Jam Session. Já as apresentações de Ópera acontecerão na sexta, e no sábado, a programação será de Operetas e Valsas, com execução também da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, com regência do maestro Antonio Mendez. O teatro - A grande novidade deste ano é, sem dúvida, o espaço onde acontece o evento. Com projeto assinado pelo arquiteto François Valentiny e com capacidade para 1.100 lugares, o teatro foi construído especialmente para abrigar o festival, que nas duas primeiras edições foi feito em instalações provisórias. O local reresenta a proposta de sustentabilidade e, por isso, foi desenvolvido para ser um centro permanente socioeducativo e cultural na cidade. A infraestrutura não fica devendo nada aos famosos teatros com esta finalidade. O lugar é privilegiado, com auditório coberto, dois palcos (um coberto e outro ao ar livre). Há também um anexo com acomodações para os músicos, sete salas de ensaios e reuniões, além de um bar. O teatro tem total condição de receber performances de concertos, óperas, teatro e outras manifestações artísticas, assim como aulas de música. A diretora do Mozarteum Brasileiro e uma das idealizadoras do Festival de Música em Trancoso, Sabine Lovatelli está entusiasmada com o novo espaço e destaca a existência de dois palcos como um dos maiores ganhos. "Geralmente os teatros são construídos e não se pensa nos ensaios, porque enquanto se prepara um palco para acontecer o evento, é preciso de um outro livre para os ensaios".

Sabine Lovatelli, uma das idealizadoras do Festival de Música em Trancoso:

"A música é a expressão mais alta do espírito depois da religião".

Não é somente o teatro, porém, que anima Sabine. A possibilidade de levar boa música ao público e promover encontros entre músicos fazem brilhar seus olhos. Algumas adaptações foram feitas das duas primeiras edições para esta. O programa, por exemplo, não traz a execução de peças inteiras, mas trechos delas. Isso confere ao evento uma características mais diversificada e dinâmica. O público tem a chance de conhecer maior número de obras e composições; embora isso leve os músicos a terem maior trabalho para ensaiar e preparar muitas obras de diferentes tipos para suas apresentações, mas isso para eles é também mais uma chance de aprimorar sua técnica. "Estamos trazendo solistas das melhores orquetras e filarmônicas do mundo", afirma. No primeiro ano, os músicos convidados foram acompanhados por um grupo misto de instrumentistas da Neogibá e da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. No ano passado, somente a Neogibá fez tal acompanhamento. Já este ano, será a vez de os participantes da Orquestra Jovem de São Paulo assumirem sozinhos a missão, pois o evento coincidiu com turnê da orquestra baiana.
Realizar um evento de música erudita deste porte no interior da Bahia é, sem dúvida, um feito e tanto. Sabine Lovatelli comenta que as duas primeiras edições já demonstraram a vocação do lugar para a realização do festival, quando toda a cidade se envolve com o clima musical, que extrapola mesmo os limites do palco. É muito comum, por exemplo, encontrar músicos tocando alguma coisa nas ruas e o som atrair o público, que chega aos poucos e vivencia momentos únicos e improvisados. "Os estrangeiros que vêm querem voltar e são os verdadeiros embaixadores do evento lá fora. Também esse ambiente da cidade é extraordinário", comenta. Outro ponto muito positivo ressaltado é a chance que os músicos têm de experimentar outros gêneros musicais aos quais não estão acostumados. Os músicos clássicos executam composições muito complexas e devem fazer isso com perfeição, logo, investem todo o tempo em estudos e ensaios dessas obras. Durante o festival, se permitem tocar algo diferente e entrar em contato com outros repertórios. Os encontros funcionam como workshops para eles. "Geralmente os músicos clássicos não têm tempo ou não ousam improvisar. Em Trancoso, eles interagem com os músicos populares e trabalham juntos". Sabine tambem acredita que o festival oferece aos moradores da cidade beneficios sociais e possibilidades de transformação, principalmente para os jovens, que passam a ter novos interesses e a possibilidade de se ocupar da música, que é, em sua opinião, "a expressão mais alta do espírito depois da religião".

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