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João Bosco gravou 40 Anos Depois, no Rio, ao lado de antigos parceiros, como Milton Nascimento, João Donato, Toninho Horta e Chico Buarque |
Ele nasceu João Bosco de Freitas Mucci, mais ficou conhecido mesmo como João Bosco. Mineiro de Ponte Nova, este cantor, compositor e exímio violonista, 66 anos, completa em 2012 um feito para poucos. Afinal, quatro décadas na estrada, definitivamente, não é para qualquer um. Para celebrar o marco, acaba de lançar o CD e DVD 40 Anos Depois (Universal). Gravado no estúdio Visom, “o mais moderno do Rio de Janeiro”, segundo o próprio, o disco reúne releituras de composições suas e outras que há tempos o artista queria cantar. Além de trazer convidados especiais. Feliz com a comemoração, Bosco, que este ano é o homenageado da 23ª edição do Prêmio da Música Brasileira (ver texto ao lado), concedeu entrevista por telefone ao CORREIO, durante o intervalo de um ensaio para a premiação. Na conversa, falou da satisfação por estes 40 anos, dos amigos parceiros e de sua paixão pela música. “A música para mim é uma grande alegria, desde garoto, em Minas Gerais. Sempre quis caminhar com ela. Durante esse período, de muita construção, vários parceiros e intimidade é bom ver que tudo isso vira luz na forma homenagens e destaque”, conta.
Jazz no sambaLogo na abertura do álbum, o conterrâneo Milton Nascimento, ao lado de outro convidado, o músico Toninho Horta, dá nova voz à barroca Agnus Sei. A música, de Bosco e Aldir Blanc, é a mesma que abre o primeiro álbum da carreira de Bosco, de 1972, O Tom de Antônio Carlos Jobim e o Tal de João Bosco. Não vá achando, no entanto, que vai encontrar as músicas que marcaram a carreira deste cantor popular. Carregado no jazz, em meio a sambas com arranjos sofisticados, o repertório do disco parece ser uma celebração à sua rica formação instrumental. “O critério para a escolha das músicas foi não repetir as bastante conhecidas do grande público, porque estas já estão no ao vivo Obrigado, Gente, gravado em 2006”, afirma. Para em seguida explicar o porquê do ritmo mais lento do disco. “Minha formação tem uma grande influência da música instrumental, nacional e americana. Você Ainda Não Ouviu Nada!, de Sérgio Mendes, por exemplo, foi muito importante para mim. Um marco na música instrumental pós-Bossa Nova. Assim como Tom Jobim também o foi”, garante Este último, aliás, é tido como o padrinho musical de Bosco. Já Aldir Blanc, “um parceiro atual, de fé. Do início, em 1972, até hoje”. Juntos, os dois escreveram mais de uma centena de clássicos, como O Bêbado e a Equilibrista, Falso Brilhante e Corsário. Em 40 Anos Depois, há sete letras compostas pela dupla. Convidados Além de Milton Nascimento e Toninho Horta, outros quatro artistas participam do DVD, que tem 20 faixas: Chico Buarque, João Donato e Roberta Sá, além do grupo Trio Madeira Brasil. A bela voz de Roberta é um refresco na regravação da canção De Frente Pro Crime, mais uma da dupla Bosco e Aldir Blanc. O grupo de cordas Trio Madeira Brasil participa de duas faixas. Além de executar De Frente Pro Crime, está também em Plataforma. Mas a participação mais esperada mesmo é a de Chico Buarque. O carioca aparece duas vezes no DVD. Na divertida Bom Tempo, música sua, e no samba O Mestre-Sala dos Mares, ambas cantadas em duo com Bosco. A particicipação de Chico não é casual. “Ele é admirável. Compositor de obras-primas. Sou parceiro dele em três momentos: em Mano a Mano, que tem Vai Passar. Depois, juntamente com Caetano (Veloso), gravamos o Pagodespell, uma mistura de pagode com música gospel. E agora, em 2011, com a nova Sinhá”, lembra João Bosco.
Prêmio da Música Brasileira escolhe os melhores de 2012A noite de gala da música brasileira será quarta-feira, no Theatro Municipal, no Rio, onde acontece a 23ª edição do Prêmio da Música Brasileira 2012, que faz reverência ao talento de João Bosco. No total, 111 artistas foram selecionados a partir dos 735 CDs e 93 DVDs inscritos - distribuídos em 16 categorias. Este ano, a revelação é o cantador de coco pernambucano Herbert Lucena, com quatro indicações. Com o disco Não Me Peçam Jamais Que Eu Dê de Graça Aquilo que Eu Tenho Pra Vender, seu segundo trabalho, o artista nascido no Recife e criado em Caruaru concorre nas categorias Revelação, Melhor Disco e Cantor Regional e Projeto Gráfico. A extensa lista desta edição do prêmio destaca ainda o rapper paulista Criolo, que concorre a Melhor Disco (Nó na Orelha), Cantor e Revelação. A categoria com o maior número de CDs selecionados foi a de MPB, com um total de 87. É nela que Chico Buarque concorre a Melhor Álbum (Chico) com Rosa Passos (É Luxo Só) e Dori Caymmi (Poesia Musicada).
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Milton Nascimento canta a barroca Agus Sei, parceria de João Bosco e Aldir Blanc, que abre o álbum festivo |
BaianosGrande vencedora da categoria MPB, com seis prêmios recebidos ao longo da história do Prêmio da Música Brasileira, Gal Costa foi indicada pela primeira vez numa categoria que não é de MPB tradicional. Aparece como melhor cantora de Pop/rock/reggae/hip hop/funk, pelo álbum Recanto. O amigo Caetano Veloso, responsável pelo Recanto de Gal, concorre em duas categorias, com dois álbuns diferentes: Cantor com Zii e Zie Ao Vivo e DVD, com Caetano e Maria Gadú – Multishow Ao Vivo. Maior nome do rock feminino há alguns anos no país, a baiana Pitty tem sua primeira indicação ao Prêmio da Música Brasileira somente agora. Ela concorre na categoria grupo, com Agridoce, feito com o guitarrista Martin Mendezz. Para decidir os melhores álbuns do Prêmio da Música Brasileira, que é patrocinado pela Vale há três anos consecutivos, foram consultados 20 jurados, entre os quais há críticos, jornalistas e músicos de todo o país. No meio desses profissionais está o editor de cultura do CORREIO, o crítico musical Hagamenon Brito. Para analisar a categoria DVD trabalharam mais seis jurados específicos. No final, os três artistas mais votados em cada categoria são os que aparecem na lista de indicados ao Prêmio da Música Brasileira.