Empresária, empreendedora, jornalista e apresentadora de talent show. Após 30 anos de jornalismo, sendo 28 deles na TV (14 como repórter e 13 na bancada como apresentadora), Ana Paula Padrão iniciou sua carreira na TV Brasília, em 1986, seguindo para a Rede Globo no ano seguinte.
Lá, ela foi editora-executiva e apresentadora do Jornal Nacional e do Jornal da Globo, após atuar durante um longo tempo como correspondente em Londres e Nova York. Depois dessa experiência, Ana passou por outras duas emissoras – o SBT, onde apresentou os telejornais SBT Brasil e SBT Realidade, e a Rede Record, onde apresentou o Jornal da Record – até chegar ao comando do MasterChef Brasil, reality show gastronômico exibido pela Rede Bandeirantes. “Entrar no MasterChef foi uma inversão de carreira muito interessante”, afirma.
O Carreira & Sucesso bateu um papo exclusivo com a jornalista, que não tem medo de arriscar quando o assunto é carreira. Confira a seguir!
Carreira & Sucesso – A versão brasileira do MasterChef é sucesso absoluto de público. Em sua opinião, a que se deve este feito?
Ana Paula Padrão - O MasterChef é um jogo onde você deve mostrar um talento específico, que é saber cozinhar, e ganha quem tem mais talento. Então, ele desmistifica os reality shows, que em sua maioria colocam os candidatos confinados em algum lugar, sujeitos a câmeras o tempo inteiro para, no fim, tentarem se transformar em celebridade. Já no programa, se tornará uma celebridade aquele que fizer alguma coisa célebre dentro do talento para cozinhar – não é preciso mostrar suas pernas ou peitos, você precisa mostrar que você sabe cozinhar bem.
Eu acho que são vários os fatores que levam o programa ao sucesso. Assim como o RH de qualquer empresa, a gente está mexendo com pessoas e treinando-as para que sejam profissionais melhores no futuro.
C&S - Como acontece o processo de seleção dos participantes?
APP - O processo de seleção para o MasterChef é bem parecido com qualquer processo de seleção de uma grande empresa. A primeira etapa de seleção começa meses antes de o programa ir ao ar, quando o candidato preenche a ficha de inscrição e envia junto dela um vídeo seu, sem cortes, preparando alguma receita. Todos os inscritos são avaliados por uma equipe de culinaristas, muito bem treinada, que consegue perceber o talento a partir daí. Essa equipe faz a segunda triagem, e os escolhidos participam de uma audição ao vivo na cozinha montada para o MasterChef. Quem receber as melhores notas passa para a próxima fase, que é a de casting, onde o diretor do programa avalia o perfil de cada um e seleciona quem entra. Pode-se dizer que o processo seletivo é tão exigente e complexo como o de qualquer empresa, e às vezes até mais por conta da concorrência, porque é muita gente disputando pouquíssimas vagas.
C&S - E quais são as vantagens de participar do programa, mesmo para quem não for o campeão?
APP - Independente de quem está à frente ou atrás, de como está andando o jogo, os participantes têm aulas de culinária todos os dias. Isso o telespectador não vê, é o bastidor, mas eles aprendem a fazer molhos, a fazer ponto de carne, comida japonesa… Eles aprendem a fazer um monte de coisas nestas aulas, porque o interesse do programa é que, ganhando ou não o primeiro lugar, qualquer um dos 18 participantes que entrarem no programa tenham condições de sair dali cozinheiros melhores e que aprendam a desenvolver o seu talento. É como uma empresa que investe no seu funcionário o tempo inteiro, dando a ele cursos de capacitação, mesmo que ele não vá ficar na empresa depois e vá competir em outro lugar. Qual é o papel do RH de cada empresa? Melhorar o desempenho do seu funcionário e para isso você tem de capacitá-lo todos os dias. Isso o MasterChef faz muito bem.
C&S - Este aprendizado também se estende às provas propostas…
APP - Com certeza! Criar situações que parecem impossíveis, como, por exemplo, cozinhar em um barco no Rio Negro, no Amazonas, ou em um furgão em movimento, é treinar o profissional para uma função futura, que talvez não aconteça em um barco flutuando na Amazônia, mas pode acontecer naquele dia em que o peixeiro sumiu, o fornecedor de verduras entregou a alface toda murcha, o elevador que sobe e desce os pratinhos quebrou, o seu chefe de cozinha está com problemas e não pode trabalhar, a sua confeiteira pediu demissão porque recebeu uma oferta de outro restaurante, você está sem água no restaurante… Enfim, são ensinamentos de como cozinhar sob pressão.
Quem passa pelo programa aprende que cozinha é negócio, não é prazer. Você pode passar o resto da sua vida fazendo comida em casa para você, seus amigos, filhos e marido, isso não é negócio porque você tem o tempo que você quiser para desempenhar esta função bem e ser elogiada por ela. Mas quando você resolve fazer disso um negócio, você precisa estar preparado para outro tipo de situação, e o programa prepara também para outro tipo de situação.
C&S - Você já comentou que gosta de cozinhar por hobbie. Antes de assumir a apresentação do programa, você tinha algum conhecimento de gastronomia?
APP - Já, eu cozinho há anos, na verdade décadas. Basicamente, desde quando eu saí da casa dos meus pais eu comecei a cozinhar. E viajando muito, comendo muito e tendo outras referências, fui sofisticando a minha culinária. Eu sou totalmente amadora, nunca me interessei a aprender grandes técnicas porque eu não preciso disso para cozinhar em casa no dia a dia… Também jamais faria algo profissional na cozinha, mas eu passei a entender muito mais do negócio “cozinha”, o business restaurante, o business comida, depois do programa. Hoje eu poderia me associar a alguém e ser dona de um restaurante ou investir nisso como um negócio? Acho que sim, porque eu aprendi muito sobre isso. Quem sabe no futuro.
C&S – Falando em projetos, a Escola de Você está completando um ano de existência. Quais têm sido os frutos deste trabalho?
APP - A Escola de Você é um projeto que começou com uma fase de testes, uma pesquisa que a gente fez com o BID, o Banco interamericano de Desenvolvimento, com uma turma fechada e sem mídia externa. Mesmo assim o sucesso nesta fase foi tanto que tivemos que parar as inscrições quando chegou a 20 mil. Aí eu falei: “Nossa, esse negócio é grande!”. Duas semanas depois nossas alunas já se autointitulavam “escoletes” e começaram a fazer encontros pelo país.
O projeto promove um grau de engajamento feminino que eu nunca tinha visto e esse engajamento continua: já fizemos dois cursos de liderança presenciais, e as meninas que fizeram o curso e que quiseram – e foram muitas – viraram embaixadoras do projeto em seus estados. Hoje temos uma rede com mais de 60 mil mulheres no Brasil e no mundo que formam uma grande família chamada Escola de Você.
C&S - A Escola de Você tem alguma novidade a caminho?
APP - Neste momento estamos começando a estabelecer as metas para os próximos anos. Estávamos apenas com os cursos básicos e imaginávamos que fosse demorar muito mais tempo para chegar aos cursos específicos, mas não, em setembro vamos estrear o curso de empreendedorismo feminino.
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