Dentro do quarto, uma jovem se olha no espelho. À base de calmantes, tem os olhos tristes e pesa pouco mais de 43kg. Embora esteja autorizada a sair, enquanto aguarda julgamento na corte americana do processo em que é ré, acusada de agredir o marido, tem preferido a solidão do apartamento onde vive. Alternando momentos de euforia e dor, ela só deixa a reclusão para ir ao encontro de advogados e cuidar da gatinha Grace — em recuperação de uma cirurgia, segundo a própria, devido a maus-tratos do ex.
A história de Duda Castro, 26 anos, é apenas uma entre a de muitas mulheres vítimas de violência. Casada com o cantor Biel, o mesmo que assediou uma jornalista durante entrevista em maio de 2016, ela afirma ter sofrido inúmeras agressões físicas e psicológicas durante o relacionamento de um ano e três meses. A última, no dia em que foi filmada pela irmã do cantor, Giovanna Marins, atirando um copo de vidro nele, resultou no encapsulamento e rompimento da sua prótese de silicone. Na noite da última quinta-feira, Duda recebeu o EXTRA em Los Angeles, nos EUA, para contar a sua versão: “Só agora consegui entender que eu estava vivendo um relacionamento abusivo. Biel é uma pessoa completamente perturbada”, define.
No dia 30 de maio, Duda, defendida pelo escritório de Eisner Gorin (mesmo advogado de Michael Jackson), apresentará à corte americana sua defesa. Num dossiê de mais de 400 páginas, incluindo fotos e vídeos das agressões, ela relata que seu seu conto de fadas, acompanhado pelo séquito de seguidores nas redes sociais, não passou apenas de um plano friamente calculado por Biel para conseguir se legalizar nos EUA.
Primeiro surto
“O primeiro surto foi no aniversário dele (20 de março de 2017), dia em que o pai estabeleceu como seu retorno à mídia. Lembro que ele não se divertiu, não teve sossego, estava ali para tirar fotos e dar entrevistas. No final, saiu bebendo tudo que era copo de cachaça, uísque, ficou bêbado ao nível extremo. Nisso chegou um menino do nada, e foi cumprimentar Gabriel no rosto, e acabou dando um selinho nele. E já tinha aqueles boatos de que ele era gay e eu sabia que esses boatos incomodavam ele. Até que eu me recusei a participar de uma foto em grupo, e ele foi atrás de mim e começou a gritar muito. Ele pegou um quadro que estava no banheiro e atirou na parede com toda força. O segurança entrou e perguntou se estava tudo bem e eu fiquei em estado de choque. No final da festa, eu estava numa rodinha com um grupo e brindei com um menino, como amigo. Foi aí que Gabriel atirou uma garrafa de uísque na roda. Todo mundo viu. Depois disso, a assessoria colocou a gente dentro do Uber e voltamos pro hotel. Depois, Gabriel me largou lá e saiu no Porcshe dele”.
Ataque em Nova York
“Durante outra discussão, ele jogou um criado mudo e amassou a parede do hotel em que estávamos hospedados em Nova York. Gabriel estava chateado porque dias antes vazaram fotos dele saindo de uma reunião num hotel com a Madison Beer, com quem ele havia gravado um feat. A partir daí, o Brasil caiu em cima dizendo que ela era louca de gravar com ele e os produtores daqui cancelaram a música. Ele ficou revoltado. No dia seguinte, no Dia dos Namorados daqui, ele queria fumar maconha dentro do quarto e o segurança bateu na porta. ‘Você tem noção com quem está falando?’, ele gritava. Quase todo mundo foi preso naquele dia”.
Cirurgia
“Acordei roxa depois da última briga. Não lembro nada que aconteceu. Quando acordei na prisão, comecei a sentir uma dor muito forte nas costas. Depois, quando fui ao médico, ele questionou se eu havia levado alguma porrada. Com o trauma, se criou uma cápsula em volta do silicone, que estourou. Não posso operar agora porque estou muito magra, abaixo do peso“.
Traições
“Não peguei o ato, mas peguei as intenções. A que eu tenho certeza aconteceu no Rio. Ele me pediu em namoro e na semana seguinte fui traída. Ele mesmo me contou. A outra aconteceu em São Paulo com uma modelo da ‘Playboy’. Peguei uma conversa dos dois no WhatsApp. Eles enviavam vídeos, fotos... Ele ligava para ela e ela dizia que não queria. Foi aí que ele me derrubou no chão, eu estava sentada numa cadeira, arrancou o celular da minha mão e me segurou pelos cabelos, começou a chacoalhar. Foi a primeira vez que ele me agrediu e não parava, com força. Ele estava possuído, tive que dar um tapa na cara dele. Ficou me olhando assustado. Me largou e saiu andando. Fui atrás e disse: ‘você tem noção do que acabou de fazer?’. Foi aí que ele cuspiu na minha cara. No dia seguinte, postou uma foto romântica nossa no Instagram, como se nada tivesse acontecido".
Rotina turbulenta
“Todo dia ele me mandava embora da casa dele e à noite pedia desculpas. Para os amigos, dizia que eu era louca, que estava separado, mas a gente ainda estava casado. Vivíamos esse inferno, mas estávamos juntos. Nessa época, eu já tinha entregado o meu apartamento por dívidas contraídas com ele e estava morando em outro cedido pelo empresário dele. No dia seguinte, acordei com ele fazendo carinho na minha cabeça. Me chamava de puta e mudava de humor em segundos. Jogou um banco na televisão em outra briga. Nunca sabia como seria o nosso dia seguinte”.
Confusão na Páscoa
“No dia da confusão, eu tinha ido à uma festa e voltei para casa onde vivia com ele para me arrumar para outro evento. No evento anterior, havíamos nos esbarrado. Ele, para variar, estava cercado de mulheres. Lembro que estávamos brincando, em casa, e, de repente, Gabriel parou do nada e vi que ele pegou o celular de dentro do bolso. O aparelho estava rachado. Então, ele jogou o meu celular no chão com toda a força do universo e disse: ‘agora você não tem nenhuma evidência contra mim. Ele sabia que eu havia passado a filmar as brigas. Fiz porque ele tinha o hábito estranho de me filmar chorando. Eu perguntava: ‘por que você está me filmando chorando?’. E ele respondia: ‘para mostrar que você é louca. Depois só me lembro de eu acordando e tinha sangue no meu blusão e no meu nariz, não sei se era sangue dele ou meu. O amigo dele dizia: foge que ele chamou a polícia. Eu não fugi porque eu não fiz nada”.
Animais presos
"Depois que fui presa, saí da prisão e tive que retornar ao apartamento para pegar minhas coisas e minhas gatas. Ninguém atendeu a porta. Eu expliquei para a polícia que tinha que retornar ao local para pegar os meus gatos, mas o Gabriel não autorizou a minha subida. Minha família veio do Brasil para me socorrer. Só depois de seis dias conseguir entrar lá com a polícia. Foi aí que resgatei meus gatos pelo Animal control. Eles estavam sem comer. O Gabriel ja havia se mudado para outro lugar".
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Redação iBahia
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