Em setembro de 2017, quando foi realizada a mais recente edição brasileira do Rock in Rio, Anitta já era uma das artistas mais populares do país — e iniciava de forma promissora uma entrada no mercado internacional. Foi, portanto, uma das ausências mais evidentes — e mais cobradas dos organizadores do festival pelos fãs — na escalação. Agora, a cantora enfim chega lá. Depois de uma escala este ano no Rock in Rio Lisboa, ela foi anunciada como uma das atrações do Palco Mundo em 5 de outubro de 2019. A noite terá ainda Black Eyed Peas e P!nk, todos revelados na terça-feira (16).
— Fiquei honrada por sentirem minha falta e pedirem minha presença em 2017 — diz Anitta, que conta não ter se desapontado ao ficar de fora daquela ocasião. — O festival é muito grande, e os organizadores gostam de ter a segurança de dar uma tacada certa. Por mais que muita coisa tenha acontecido, comecei minha carreira há pouquíssimo tempo.
Se para muita gente ela já seria 'tacada certa' na edição passada do Rock in Rio, Anitta desde então avançou mais um tanto no sentido de dar segurança aos organizadores do festival. Em dezembro daquele ano, ela lançou “Vai malandra”, que mais do que um hit enorme (foi a primeira canção em português a entrar no top 20 mundial do Spotify), causou debates nas redes sociais e mesmo no ambiente acadêmico. Uns defendiam que o clipe — cuja abertura trazia a já clássica cena do caminhar rebolante de sua bunda com celulites — era feminista empoderador. Outros, que era mais um episódio de objetificação do corpo feminino.
— Já não penso em fazer música só pra galera dançar — explica a cantora. — Faço um trabalho pra que as pessoas discutam, debatam. Fico alegre com o fato de as pessoas divergirem e, mesmo assim, que consigam conversar sobre suas opiniões diferentes. Pessoas que pensam diferente não precisam entrar em guerra nem se odiar.
A fala de Anitta ecoa o momento eleitoral brasileiro, marcado pelo ódio e por episódios de intolerância explícita, ou até de violência por conta de discussões política. A cantora, que gravou um vídeo em apoio à causa #elenão (de repúdio a Bolsonaro) depois de ser cobrada por seus fãs por seu silêncio sobre o assunto, prefere agora manter a cautela.
— O que era pra ser dito eu disse. É um momento muito delicado pro Brasil, as pessoas estão muito sensíveis. Fiz a minha parte e prefiro me manter ali (no vídeo).
Mais provocação na mira
A fala calculada tem menos ousadia do que os (muito bem-sucedidos) movimentos de sua carreira nos últimos anos. Anitta reconhece que seu avanço sobre novos mercados — as parcerias com artistas nacionais e internacionais de diferentes gêneros, os clipes provocadores — é pensado com responsabilidade, mas sempre com boa dose de risco.
— Não dá pra avançar sem correr um certo risco — argumenta. — Acho a pesquisa muito importante, mas não costumo recorrer a ela pra criar uma nova ideia ou dar um novo passo na carreira. Sigo muito minha intuição. Porque o trabalho artístico é muito o feeling, a criação. A pesquisa aponta o que as pessoas já viram, já sabem, o que já acontece. Gosto de fazer coisas novas. Depois da parte criativa, entramos com alguns estudos pra entender o que pode ou não dar certo. Mas eles não guiam meu trabalho.
Anitta já tem algo na mira da sua intuição — e que terá um potencial provocador tão grande, ela acredita, quanto o de “Vai malandra”:
— Já pensei em algo, e provavelmente logo teremos tudo pronto. Vou lançar até o fim do ano — diz a cantora, sem revelar do que se trata. — Como sempre, quero provocar debates, e acredito que conseguirei.
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Redação iBahia
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