As gargalhadas de Juliana Paes e Rodrigo Lombardi ecoam pelo jardim, quando o ator, num rompante, pega a bela no colo para a foto que ilustra a página ao lado. “Não vai me deixar cair!”, pede ela, divertindo-se com o gesto do amigo. À vontade com a brincadeira, a atriz ainda sobe nas costas dele, que a segura achando a maior graça. Esse espírito fanfarrão dá o tom da amizade dos artistas, que começou no primeiro “are baba”, em “Caminho das Índias”, na pele de Raj e Maya. Após oito anos, eles repetem a parceria romântica — em outras circunstâncias — em “A força do querer”, nova trama das nove, que estreia no próximo dia 3.
— A gente tem piadas internas que funcionam desde aquela época. Ficamos um tempo sem nos ver e, quando nos encontramos, foi uma galhofa! Temos o humor muito parecido. Até o nosso mau humor é igual. A gente fica muito ranzinza. Parecemos dois velhos — diz, Lombardi, aos risos.
Juliana adora a comparação e complementa:
— A gente acha graça das mesmas besteiras, compra as mesmas ideias. É cumplicidade de amigo. No primeiro dia em que nos encontramos, o tempo parecia não ter passado.
“A força do querer” é o quinto trabalho da dupla, que esteve em “Pé na jaca” (2006), “Caminho das Índias” (2009), “O astro” (2011) e “Meu pedacinho de chão” (2014). Por isso a propriedade de Lombardi em afirmar que Juliana é uma de suas poucas amigas.
— Ela é uma dessas pessoas que a qualquer momento me liga ou manda um WhatsApp para fazer a pergunta mais trivial do mundo, como se a gente tivesse acabado de se falar — explica o ator.
A intimidade construída já fez a dupla contabilizar inúmeras histórias divertidas. Uma delas diz respeito a um pelo no nariz de Juliana, que ela relembra às gargalhadas.
— Rodrigo é muito observador. Eu tinha chorado muito numa cena e tinha um pelo no meu nariz. Ele arrancou. Doeu pra caraaaca! Ele me disse que fez para ajudar, não queria que aparecesse. “Cara, doeu muito, fiquei com lágrimas nos olhos. Agora, vou chorar de verdade”, rebati. Ele cuida, não deixa ninguém ir para uma cena com pão no dente.
Difícil ver Juliana sem o sorrisão, mas Lombardi entrega o que tira a alegria da bela.
— Ela detesta gente sem “semancol”. Mas acho engraçado o jeito que sai de situações meio chatas. Uma vez, foi tirar uma foto e o fã desceu um pouco a mão. Ela olhou e só disse: “Ih!”. Ele sorriu e subiu a mão (risos). Ju tem esse jeito, as pessoas entendem. Se eu fizer a mesma coisa, vão me dar um sopapo. “Ai, que babaca”, ainda vão dizer — constata Lombardi.
O galã se declara encantado pelo jeito que a amiga vê a vida e confessa ter uma pontinha de inveja dela com as multidões.
— Tenho fobia de muita gente. Não é um defeito, é um problema. Tenho paúra de aeroporto. Não estou falando de pessoas que vêm falar comigo, mas de multidão mesmo. Amo pastel de feira, mas só de pensar em ir lá, paro de respirar, suo de pingar a mão. Já fiz terapia, mas... Eu tinha crise de falta de ar na Índia. Aquilo me sufocava, era caótico. Já ouvi que não me relaciono com as pessoas, mas 99% dos casos é porque não estou conseguindo me gerenciar naquele momento, estou tímido ou, literalmente, passando mal — defende-se.
A timidez do amigo, aliás, já foi motivo de puxão de orelha. Juliana diz que o ator tem a mania de se achar menos do que é. Neste momento, Lombardi adianta:
— Ela já me disse: “Cara, para! Tudo você acha que você é menos!”. Mas eu acho mesmo, o que posso fazer?”.
A morena balança a cabeça e relembra uma situação.
— A gente estava num evento, Rodrigo estava numa beca maneira e começou a imitar caipira. Disse a ele: “Olha como você está! Imita depois, tem gente fotografando!” — conta a atriz, que, com uma voz motivadora, brinca: — Você é gato, cara! Bota isso na sua cabeça! (risos). Acho que metade do charme dele é não saber que ele é.
Diante de tanta animação com as histórias vividas, não é de se espantar que os dois estejam empolgados por dividirem novamente a cena. Na pele de Caio e Bibi, os atores serão namorados no início da trama. Isso já bastou para os fãs que a dupla conquistou em “Caminho das Índias” ficassem em polvorosa. Apesar de entender o frisson, Lombardi avisa que o casal atual não tem nada a ver com Raj e Maya.
— O contexto é outro. Em “Caminho das Índias”, foi tudo preparado para o encontro dos dois, que deu certo. Aqui, eles já têm uma história e começam com um choque, que faz cada um seguir o seu caminho depois. Mais adiante, reencontram-se. O público vai ver que são casais opostos — explica.
O problema dos personagens de “A força do querer” é que eles ambicionam a mesma coisa, só que de forma diferente.
— Bibi é movida pelo desejo de amar, de ter uma família, de ter um homem, de ser entregue a ele e vice-versa. Caio quer ser alguém importante na vida, para ser o provedor dessa família. Mas a forma como eles pretendem chegar lá é distinta. O choque se dá aí. Ela termina e vai direto procurar outra pessoa (Rubinho, interpretado por Emílio Dantas), que a ama de forma devotada — conta a mãe de Pedro, de 6 anos, e Antonio, de 3, que confessa já ter sido muito Bibi: — Era impulsiva demais, sempre achava que sabia o que estava fazendo. Depois da maternidade, até para proteger a minha família, comecei a pensar um pouco mais no que falar, no que postar... Hoje em dia, tenho um pouco mais de controle.
Também pensando no filho, Rafael, de 9 anos, Lombardi confessa que pensa em sair do país:
— Queria que minha família tivesse um dia a dia melhor. Mas não vejo essa possibilidade no Brasil. Tenho vontade de ir embora, mas também tenho vontade de ficar. O problema não é que a gente vive mal, é que a gente se acostuma com isso. Quero poder ter um carro, fazer uma viagem por ano, mas também quero poder quebrar a perna e ter um hospital decente. Não ter dinheiro para pagar a escola do meu filho, mas estar tranquilo porque ele vai para uma boa escola pública.
Para não deixar o bom humor de lado, ao sentir o cheiro da coxinha vindo de uma lanchonete próxima, o ator logo dispara:
— Neste exato momento, sabe qual é o meu maior querer? É uma coxinha. Porque esse cheiro está me irritando.
Aos risos, Juliana avisa:
— Se você comer, vou ser obrigada também. Faz isso comigo, não, por favor.
Difícil é não querer ser amiga desses dois!
Os melhores trabalhos de Juliana na visão de Lombardi
“Dois irmãos”: “Juliana atingiu um grau de maturidade incrível nesse último trabalho”.
“Meu pedacinho de chão”: “Ela botou o lúdico para fora, contou uma história de forma adulta para crianças, porque é assim que elas gostam”.
“Gabriela”: “Ju tem essa Sonia Braga dentro dela”
Os melhores trabalhos de Lombardi na visão de Juliana
“Verdades secretas”: “Rodrigo fala da minha maturidade, mas e Alex? Bati palma de pé”.
“Meu pedacinho de chão”: “A gente tem essa coisa lúdica parecida. Foi demais vê-lo num trabalho out naturalista”.
“Caminho das Índias": “Raj era f... Não tem como deixar de fora”.
O que mudou de ‘Caminho das Índias’ para cá...
Para Juliana
“Caraca... Faltavam meses para meu casamento (com o empresário Carlos Eduardo Baptista), na época de ‘Caminho das Índias’. Eu era uma menina cheia de incertezas e ainda querendo provar muita coisa. Hoje, a maternidade me deu um poder... Se eu fiz essas coisinhas (Pedro e Antônio), posso tudo. Não tenho medo de personagem algum e falo com toda humildade. É porque não tenho mais medo da crítica. Ir para “Caminho das Índias” foi uma situação delicada. Eu estava no elenco de “A favorita” e tinha muita cerimônia com as pessoas. Fiquei sem dormir para pedir a Ricardo (Waddington, diretor) para me liberar. Hoje, dormiria tranquila sabendo que tenho que escolher o melhor para mim. Ah, e me tornei empresária, mas sou uma bela porcaria. Minha irmã e uma equipe lidam com isso para mim. Acho um saco planilhas, números... E me acho mais bonita hoje, pior coisa é ficar presa no passado. Quero ser dessas velhinhas que se acham lindas.”
O que mudou de ‘Caminho das Índias’ para cá...
Para Lombardi
“Eu era um garoto chegando à Globo, achando que estava entrando na Disney (risos). Hoje, sou um engenheiro da empresa que está acostumado a ver o Mickey sem capacete, batendo um PF. Já estava casado (com a maquiadora Betty Baumgarten) e meu filho já tinha nascido. Quando viajei para a Índia, ele foi se despedir de mim no aeroporto. Tinha 6 meses. Como fiquei um mês e meio lá, passei 2/3 da vida dele fora. Fiquei atacado! Chorava, me isolava, não tinha Skype. Eu estava desesperado. Até que fomos gravar em Dubai... Ih, foi quando fiquei preso no aeroporto por 24 horas, porque esqueci meu documento. Preso mesmo, na delegacia do aeroporto... Enfim, quando cheguei a Dubai, tinha uma semana livre. Então, cheguei no hotel, tomei um banho, voltei para o aeroporto e peguei o primeiro avião para o Brasil, tamanha era a saudade do meu filho. Hoje, morro de vontade de ir a Dubai (risos)”.
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Redação iBahia
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