O período 2017/2018 foi intenso para Pabllo Vittar. Recapitulando: teve o lançamento do primeiro disco (“Vai passar mal”), com várias músicas batendo muitos milhões de audições no streaming, a participação no Rock in Rio (uma casquinha espertamente tirada por Fergie no Palco Mundo), a indicação ao Grammy Latino por “Sua cara”, ao lado de Major Lazer e Anitta... Ícone da cena LGBTQI+, a cantora mostra que quer manter o ritmo — não à toa, seu segundo álbum, que chega nesta noite às plataformas digitais, foi batizado de “Não para não”.
Com a promessa de mostrar todas as influências musicais desde a infância— ela nasceu no Maranhão e cresceu no Pará —, Pabllo combina pop, forró, tecnobrega, axé e até carimbó e guitarrada no disco, seu primeiro por uma grande gravadora (Sony). E lança mão, claro, de parcerias com nomes como Ludmilla e Dilsinho. Nesta entrevista, a cantora dá detalhes do disco, conta que não mira em carreira internacional e explica como lida com os haters.
No disco, há ritmos como brega, forró, pop e até balada romântica. Versatilidade ou falta de definição?
Quis trazer toda a minha bagagem musical, desde quando eu morava em Santa Izabel do Pará e ouvia cúmbia, carimbó, tecnobrega e guitarrada. No Maranhão, ouvia o axé e os pagodes baianos. Toda essa carga de influências foi trabalhada de uma forma mais polida para esse projeto. A Pabllo Vittar está todinha nesse álbum, não tenho como ir contra as minhas origens.
Como se sente lançando por uma gravadora?
A Sony me deu estrutura para alcançar outros níveis profissionais como, por exemplo, gravar o álbum em Los Angeles. A diferença de “Vai passar mal” (independente) é que ali a repercussão aconteceu de forma mais orgânica, os próprios fãs colocaram o álbum para cima. Foi bom porque pude ver a recepção do público.
Por que investir em um álbum em vez de focar nos singles?
Fico ansiosa quando uma artista como a Rihanna está para lançar um álbum novo. Ela gastou tempo fazendo as músicas, elaborando os conceitos, o visual... Adoro os singles, mas acho que são algo passageiro. Você lança hoje e, em duas semanas, precisa de outro.
Você fez parcerias com a argentina Lali Espósito, o americano Diplo e a inglesa Charli XCX, entre outros. Planeja uma carreira lá fora?
Não estou correndo atrás de carreira internacional. Mas, se vem convite, estou aqui para somar. A próxima parceria, ainda não gravada, será com uma canção da AlunaGeorge, em inglês.
Você tem só três anos de carreira. O maior desafio é manter sua notoriedade ou enfrentar o preconceito dos conservadores?
Não estou nem aí para o preconceito. Isso vai sempre existir, e eu vou sempre focar no melhor. Minha intenção é levar meu show para todos os lugares e oferecer diversão para as pessoas.
Como lida com os haters?
Não me afetam mais. Mas isso não foi do dia pra noite. Saí lá de uma cidadezinha, não era ninguém, e, do nada, ganhei notoriedade. Todo mundo começou a palpitar na minha vida e xingar sem me conhecer. Consigo lidar porque, no fim das contas, tem mais gente para me amar do que para odiar.
Qual o papel de uma artista como você no país em que tantos homossexuais são assassinados todo ano?
Mostrar que é desnecessário ter tanto ódio por nós da comunidade LGBTQI+. Nosso trabalho tem força política, as pessoas que ouvem nossa música precisam saber que lutamos por elas também.
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Redação iBahia
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