O trote telefônico é um passatempo pueril que, em breve, com a generalização dos identificadores de chamada, nem sequer vai existir. Menos quando se trata de Tatá Werneck, para quem os trotes tiveram sérias consequências. A comediante foi lançada para o sucesso brincando disso. Foi no palco do “Trolalá” da MTV que ela chamou a atenção do público pela primeira vez e acabou tendo a chance de mostrar seu talento incomum.
A falta de recursos no “Trolalá” era absoluta: num cenário inexistente, Tatá “contracenava” com um aparelho de telefone que pendia do teto do estúdio. Ligava para desconhecidos e, assim, dava a largada na sua gag. Os trotes eram uma pequena amostra da sua capacidade de devolver a bola fazendo graça, sem nunca deixar a voltagem da comédia cair.
De lá para cá, tudo isso se amplificou. Com o programa da MTV, ela conquistou uma legião de fãs, foi vista pela concorrência, convidada para fazer programa no Multishow e, depois, novela na Globo. Nesta segunda-feira (06), a segunda temporada do seu “Lady night” chegará ao fim deixando saudade — e com o compromisso com a direção do canal de voltar ao ar no segundo semestre do ano que vem.
É possível afirmar sem medo de errar que Tatá se estabeleceu como um dos principais expoentes do humor no Brasil. Ela já está longe da cena alternativa que a lançou. Seu palco hoje fica no mainstream. Mas, diferentemente de alguns de seus pares de geração, mantém um ar rebelde, uma certa “inadequação aos padrões” de quem segue mostrando um trabalho autoral, único.
O roteiro que amarra o “Lady night” é bem visível, mas ele favorece a piada instantânea que surge de surpresa na boca da comediante, em vez de amarrá-la a modelos. É um acerto fino, difícil de conseguir. A atração semanal tem um investimento de produção, e os convidados são, muitas vezes, figuras raras mesmo nos melhores auditórios da TV.
Eles são desafiados a brincadeiras arriscadas e topam o convite graças ao prestígio do programa. O “Lady night” deste ano repetiu o sucesso da primeira temporada e teve grandes momentos. Entre eles, escolhemos os dez listados abaixo:
DEZ NOTAS 10 DA ATUAL TEMPORADA DE "LADY NIGHT"
— Para o momento "Fala junto" na estreia da temporada, com Neymar. Tatá surpreendeu ao dizer que a pessoa que ele mais ama na vida é "Brrrruna" (Marquezine). O jogador embarcou e a plateia delirou.
— Para Carolina Dieckmann raspando a perna do "auxiliar" depois de relembrar a cena de "Laços de família" em que ficou careca. A atriz também cantou e foi uma ótima presença no palco do "Lady night".
— Para Gloria Maria contando detalhes dos bastidores do "Globo repórter" que gravou na Jamaica. Ela disse que quando deu "um traguinho" (na maconha local) viajou "para um outro plano, um outro planeta".
— Para a sintonia de Tatá com Cauã Reymond. Depois de um papo engraçado no sofá, ela o convidou para mostrar como é fazer 17 tipos de beijo técnico e ele estava inspirado. Ela interpretou o homem, ele, a mulher.
— Para a parceria com João Vicente de Castro. Eles simularam estar numa novela de época, em outra, "de Sertão", numa cena de "Malhação" e numa trama bíblica. João esbarrou em Tatá sem querer e ela levou o tapa involuntário na brincadeira. Foi ótimo.
— Para Caio Castro, que participou de um jogo em que, a cada resposta que errasse, teria de tirar uma peça de roupa. O ator não fez cerimônia e acabou o programa sem cueca virando assunto nas redes sociais até hoje.
— Para a divertida participação de Marina Ruy Barbosa, que não fugiu das perguntas indiscretas e dos trocadilhos de Tatá, que quis saber de depilação íntima e brincou muito com o sucesso que a cabeleira ruiva da atriz faz.
— Para a "Entrevista com especialista", em si, uma boa ideia. As perguntas são cheias de humor inteligente. Houve ótimos momentos, como quando Tatá recebeu o arqueólogo Oldemar Dias e quis saber se ele era fã dos Flintstones.
— Para a noite em que Tatá recebeu Preta Gil e elas passaram em revista o léxico LGBT, um ambiente, segundo Tatá, "onde sempre rola uma pequena orgia". Elas se beijaram e o programa seguiu engraçado, com a participação de Hugo Gloss.
— Para a entrevista com Cleo Pires, que deu o que falar. Tatá quis saber tudo sobre a vida amorosa da atriz, que se autodefinou como "um terço donzela, um terço piranha e um terço menino". A declaração foi um pretexto para muitas perguntas indiscretas que animaram a noite.
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Redação iBahia
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