Foto: Lucas Pitangueira/iBahia |
"Diante de uma agenda tão atribulada de compromissos dos nossos grandes ídolos, não sei até que ponto fica essa disponibilidade para olhar para o mercado. Está difícil para todo mundo, inclusive para eles. Não sei muito como funciona isso, mas sei que seria de grande valia esse apoio deles. Imagino como uma corrida onde o primeiro passa o bastão para o segundo e assim por diante. No caso da Duas Medidas, por exemplo, ir aos colégios e cantar músicas da década de 90 é impossível. As pessoas não conhecem e a gente tem que fazer das tripas coração para criar um repertório. Meu sonho era chegar e cantar "Prefixo de Verão" no colégio, "Baianidade Nagô" também, mas as pessoas dão as costas e saem", disse o músico, que justifica: "Isso acontece porque não houve uma passagem de bastão. É fundamental e importante esse lance dos novos serem olhados. Nós temos um cuidado grande em convidar sempre Lucas&Orelha, Juninho Lord, Rafa Chaves para as festa e assim nos fortalecemos. Se não existe renovação, esse pais chamado de música tende a ter certa crise. É importante quem está no topo fazer esse trabalho de reciclagem. Temos essa carência e sentimos falta disso, mas eu não sei qual são os problemas. Se a gente puder olhar para o mercado, vemos que é gritante. Cultura só se perpetua quando ela é passada", completou.
Lincoln comentou ainda que a Duas Medidas recebe críticas por tocar em escolas e muitz vezes é taxada copmo banda de colégio, mas o cantor atribui isso ao trabalho de corpo a corpo que faz com o seu público. "Se os artistas da nova geração se sentirem envergonhados em ir para rua e fazer os shows nas instituições, não vão ter mais essas entrevistas. Há cinco anos quando a Duas Medidas nasceu, existiam várias casas de shows e agora não existem mais. Dai você vai ver que as coisas novas vão penar para surgirem, porque não existe mais espaço", disse ele, que aproveitou para completar: "as bandas tem que ir para rua e deixar esse discurso romântico de ter que ir onde o povo estar e ir de verdade, para fazer o mercado movimentar e a imprensa ter pautas para perguntar. Fizemos 50 colégios no ano passado e 30 esse ano e vamos continuar fazendo", contou. Sobre o que espera do Carnaval em 2016, diante de uma crise econômica que o país vive, a uma falta de identidade da música baiana, ele é otimista. "Sinto que vai ser um ano determinante para muitas bandas. A gente tem a infelicidade de ouvir rumores de que as bandas vão acabar, alguns blocos não vão sair, poucos blocos vão sair na quinta-feira (primeiro dia de folia) e vemos até entrevista de empresários sobre blocos que podem não sair em 2017. Quanto menos atrações, menos motivos para televisionar e assim perdemos patrocinadores. Se perdemos eles? Não vamos ter festa. Então precisamos de matéria prima e fortalecer o ritmo. Se não for uma questão de amor, temos que no mínimo ser inteligentes e ajudar uns aos outros. Por que se a gente não tiver bandas fortalecidas para uma convidar a outra no verão, a festa não acontece".
Crise no Axé Ainda na entrevista, o líder do grupo fez um desabafo e comentou o tão comentada crise no axé."Vejo muitas pessoas falando que está em crise e não está, mas não vejo ninguém debruçar sobre seu objeto de estudo. Seguir as novas bandas nas redes sociais, ver o que elas estão fazendo para poder entender se a culpa é de quem estava no mercado ou de quem está vindo. Outro dia fiz uma leitura do livro "Por trás dos tambores" de Jonga Cunha e fui vendo que as coisas surgiam de forma braçal e depois essas coisas foram se perdendo. Os produtos começaram a serem colocados de cima para baixo".
Foto: Lucas Pitangueira/iBahia |
"No Carnaval a gente vê as pessoas indo buscar lucro financeiro fora daqui, por conta da falta de patrocínio. 2016 vai ser determinante, uma seleção natural. Meu medo maior é o de 2017, pois vai ser uma peneira. A gente sabe que tem empresários cansados e o trabalho agora é dobrado. Vamos continuar indo para colégios e se construir outros, nós vamos. Nada é fácil, é preciso ter força. Saber o que quer de verdade."
Novidades para o verão e Carnaval de 2016 E se o assunto da vez é novidade, a Duas Medidas está cheia. A banda lançou a nova música de trabalho para o Carnaval de 2016 e já tem 5 dias de apresentações confirmados para a folia momesca. Questionado sobre a escolha da canção e o não uso da hit "Glicose", que foi lançada no último dia da festa em 2015 e está na boca do povo, Lincoln explicou: "Se o povo pedir Glicose, vamos fazer o que o povo pede. Entendemos que tudo é uma construção, uma historia. Graças a Deus temos bastante musicas autorais no nosso repertório e isso é o sonho de todo artista. É sempre uma incógnita. A música é muito surpreendente. Glicose faz parte da nossa história e uma vez que o povo eleger ela vai acontecer naturalmente".
Foto: Lucas Pitangueira/iBahia |
Lincoln contou ainda que o grupo vai realizar ensaios na capital baiana antes da folia: "Esses ensaios vão ter a presença de convidados e estamos pesando em um formato temático. Ainda não existe nenhum convidado confirmado, mas já conversamos com Harmonia do Samba, Léo Santana, Márcio Victor e Simone e Simaria".
Ouça a nova canção do grupo: *Com orientação e supervisão da editora Aline Caravina
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