Lição de Casa. Essa é a impressão que temos quando ouvimos os dois volumes de “O Coração do Homem Bomba” de Zeca Baleiro, produzido no ano passado e que foi lançado em seu show no dia 19 de abril, na Concha Acústica em Salvador.
Depois de uma série de CDs autorais e um com os maiores sucessos tocados ao vivo, Zeca Baleiro reúne nesta coletânea músicas que fizeram parte de sua educação musical, com letras e melodias que foram fundamentais para que o cantor pudesse criar um som genuinamente brasileiro, com poesia inteligente, às vezes intensa, outras tantas divertidas. O aprendizado do cantor começou ainda com sua mãe, que possuía um vasto repertorio de sambas e cantigas. Em seguida vieram forrós, maracatus, rocks, bregas e até sertanejos (em uma de suas crônicas, Zeca afirma que Zezé di Camargo é “um dos compositores mais engenhosos” do Brasil). Em casa ouvia discos de Bartô Galeno, Noel Rosa e Paulinho da Viola. Mas o verdadeiro exercício parece ter vindo das apresentações do “Baile do Baleiro”, projeto criado há cinco anos em São Paulo, onde se apresentava com a banda “Os Bombásticos” – que também acompanhou o cantor em seu show na capital baiana.O “Baile” consiste em versões dançantes, um pouco mais modernas, de grandes clássicos do samba carioca, do pop paulista e, principalmente, dos sons do Nordeste. E foi tocando essas versões que Zeca teve a idéia de lançar um disco para apresentar a uma nova geração “a boa e velha música popular brasileira”.
Zeca tem faro aguçado para ouvir, absorver e transformar pérolas muitas vezes escondidas atrás de arranjos duvidosos ou letras mal escritas em hits. Alias, é essa “brasilidade” não óbvia que faz de Zeca dos um dos cantores favoritos de estrangeiros que decidem aprender o português: as melodias não folclóricas e as letras bem pronunciadas parecem traduzir a cultura brasileira.
Mas além de bom músico, Zeca também é uma figura interessante. O apelido de baleiro surgiu na época da faculdade, enquanto cursava Agronomia. Sempre com os bolsos repletos de doces e guloseimas, Zeca era referência quando alguém queria uma bala. Mas foi a necessidade de um nome artístico que fez do apelido desgostoso seu nome de guerra. Mesmo afirmando que “Coração do Homem Bomba” não é um disco conceitual, Zeca ao fazê-lo consegue reunir um apanhado de criações próprias sintonizadas com o de melhor que temos a resgatar na nossa cultura musical. E ao ouvirmos, nós sentimos ter feito nossa lição de casa. Confira aqui como o show de Zeca Baleiro na Concha Acústica do TCA!Veja também:
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