Artigo: Nelson Cadena fala sobre propaganda envolvendo Tufão

ChifrãoTodo mundo sabe, todo mundo viu. O ator Murilo Benício, o Tufão da novela Avenida Brasil, num comercial veiculado pela VML, em parceria com a Y&R, e assinado pela operadora de telefonia celular Vivo. Comercial veiculado, exclusivamente na internet, na segunda feira, logo após o capítulo da novela que em algumas cidades teve picos de audiência de até 80%. Na trama Tufão descobria, era o ultimo a saber, que tinha mais chifres na testa do que ele imaginava, logo após ver as fotos deixadas por Max, na casa, numa caixa de presentes. E o comercial explorava essa situação, o ator fala que todo mundo sabia, recebe um SMS, vê as fotos e diz :”essas fotos eu já vi”. Finaliza com a assinatura: "Com Vivo Sempre Internet, você se conecta todo dia, o dia todo, entendeu?". A peça repercutiu nas redes sociais, foi o assunto do dia, trouxe dividendos de imagem para a operadora em função da ideia criativa. É o que se chama de um comercial de oportunidade. A propaganda vive de planejamento, conta com o previsível, mas os criativos sabem que um produto de massa precisa de apelos populares, situações de humor e emoção que façam parte do dia a dia dos consumidores. E essa andorinha só passa uma vez. Tem que segurar. Os criativos da agência intuíram o momento da novela, aproveitaram o recall da audiência e desenvolveram uma peça em sintonia com a plataforma de comunicação que representa o produto da Vivo. Perfeito! Mas de quem a ideia? Dos criativos? Não. Eles apenas beberam da fonte das redes sociais, do bom humor dos internautas que já há semanas exploravam situações dos principais personagens da novela, nesse sentido. As fotos comprometedoras, os internautas já diziam, não teriam desaparecido se a Nina tivesse um pen-drive, dentre outras pérolas postadas. As pessoas sugeriam compartilhar na rede as fotos até chegar ao conhecimento de Tufão. Comercial de oportunidade é isso. Refletir o inconsciente coletivo. *Nelson Cadena é blogueiro do iBahia, jornalista, escritor e pesquisador das áreas de comunicação e história da Bahia há mais de 30 anos.