Cláudia Souto demorou cinco anos para ver “Pega pega” no ar. Mas a espera valeu a pena. Com a melhor audiência média geral da faixa das sete desde “Cheias de charme” (2012), a trama prendeu o público na teia da comédia romântica, com toque policial e generosas pitadas de mistério. E, segundo a autora, segurou também graças ao “afeto nas relações de todos os personagens”.
— Eles não eram divididos entre bons e maus, mas sim entre os que erram muito e os que procuram errar menos. Como nós, na vida. Tivemos leveza na abordagem de temas relevantes, como ética, racismo, homofobia, e, sobretudo, diversão — analisa Cláudia, que apresentou a sinopse da novela em 2012 à direção da Globo, mas só teve o aval para levar a história ao ar bem depois: — Esperei cinco anos para ver Marcelo Serrado, Thiago Martins, Nanda Costa e João Baldasserini passarem a mão naquela grana (risos).
Nanda, aliás, não esconde o aperto no peito com o desfecho da trama:
— A gente se entendia no olhar e se divertia, tinha que se segurar para não rir. Nós nos tornamos uma família. Estou sofrendo com o fim.
Estreante em novelas, Mariana Santos foi uma surpresa. E comemora ter conseguido mostrar mais do que o humor que a lançou.
— O público pôde me conhecer mais através de Maria Pia, uma personagem complexa, que me fez desenvolver várias emoções, trabalhar camadas diferentes. Amei fazê-la! Foi um ano muito especial para mim. Mais uma etapa bonita em minha vida — emociona-se a atriz.
Outro mérito de “Pega pega” foi apostar em caras novas em papeis de peso. Como Vanessa Herszage. Em princípio, Bebeth causou estranhamento ao contracenar com um canguru animado. Mas, no decorrer da história, a atriz mostrou que era muito mais do que isso.
— É com muito carinho que eu me despeço, em parte, dessa personagem. Cláudia Souto escreveu uma adolescente forte, frágil, mágica, menina, madura e mais um milhão duzentos e sessenta mil lados, qualidades e defeitos. Um belíssimo ser humano. Bebeth é uma parte de mim viva e pulsante — pontua Vanessa.
Já David Junior, o Dom, que chamou atenção pelo físico em “Liberdade, liberdade” (2016), mostrou que é mais do que um bumbum bonito.
— Foi o maior personagem da minha carreira, o que me assustou bastante no início, mas espero ter atendido às expectativas e o construído o mais humano possível — afirma ele.
No fim, Cláudia diz que “não mudaria nada” do que foi contado na novela.
— Pude contar todas as histórias que eu queria, do tamanho que elas tinham — afirma, realizada.
ALTOS
Malagueta (Marcelo Serrado), Sandra Helena (Nanda Costa), Agnaldo (João Baldasserini) e Júlio (Thiago Martins): o quarteto de ladrões roubou a cena
Valentina Herszage (Bebeth) foi crescendo ao longo da trama e mostrou talento
Mariana Santos, a Maria Pia, foi uma surpresa. Boa no humor, provou que segura bem o drama. Além da química com Serrado, que bombou na web como o casal #Malapia
David Junior, o Dom, chamou atenção pela bela atuação
O núcleo da delegacia divertiu, com destaques para a dupla Antônia (Vanessa Giácomo) e Domênico (Marcos Veras)
Pedrinho (Marcos Caruso), Arlete (Elizabeth Savala) e Sabine (Irene Ravache) enchem os olhos do público na pele de qualquer personagem
BAIXOS
O casal protagonista Luíza e Eric não mostrou química em cena
A “animada” canguru Flor de Bebeth causou estranhamento
Ícaro Silva, o Dílson, poderia ter sido melhor aproveitado
A ideia de abordar o teatro de bonecos foi interessante, mas, na prática, não empolgou
Os personagens Mônica (Julia Lund) e Evandro (Paulo Vilhena) não disseram a que vieram