No dia 7 de setembro do ano passado, a jornalista Jessica Senra, apresentadora do "Bahia meio dia", na TV Bahia, conquistou um feito que é considerado o sonho de muitos colegas da Rede Globo: apresentar o "Jornal Nacional". Na ocasião, ela foi escolhida como uma das profissionais das afiliadas da emissora para participar do rodízio de apresentadores em celebração pelos 50 anos do noticiário. A grande repercussão do trabalho da baiana fez com que ela fosse efetivada como uma das plantonistas do noticiário de maior audiência do país. E, neste sábado, ela retorna ao posto junto com Heraldo Pereira. Em entrevista ao jornal 'Extra', Jessica conta como tem reagido a toda essa projeção. E também fala sobre a liberdade que tem dentro do seu programa, na Bahia, para comentar temas polêmicos como a possível contratação do goleiro Bruno, condenado pela morte da modelo Eliza Samudio, pelo clube Fluminense de Feira. O vídeo, em que ela critica a contratação do atleta, viralizou nas redes sociais.
Há quantos anos trabalha como jornalista?
Trabalho como jornalista desde 2003, quando comecei no rádio. Na TV, estou há dez anos.
Como você tem reagido a toda essa repercussão nacional que o seu trabalho na TV vem ganhando?
Fico sempre surpresa com o tamanho das repercussões, mas feliz pelo reconhecimento da qualidade do trabalho que realizamos aqui na Bahia. Por um lado, a repercussão positiva é uma forma de sabermos que estamos fazendo um bom trabalho. Por outro, há uma exposição grande, que me causa certo incômodo. Sou uma pessoa muito reservada.
Não é de hoje que você faz comentários fortes em seu telejornal. Mas a sua opinião sobre o goleiro Bruno parece que teve maior destaque. A decisão de falar dele foi sua? Rolou algum tipo de conversa com a direção da Globo?
A decisão foi tomada em conjunto com o editor-chefe do "Bahia meio dia", Glauber Mateus. Os textos são sempre meus, mas os assuntos a serem comentados e o tempo dedicado a cada um são decididos em conjunto. Há uma relação de confiança muito grande entre a direção da TV Bahia, meu editor-chefe e eu.
Você tem liberdade para comentar as pautas sem precisar seguir o roteiro?
Sim, muitos comentários são feitos de improviso. Mas não deixo de consultar meu editor-chefe quando quero fazer um comentário mais extenso, principalmente por causa do tempo, que não pode comprometer outros conteúdos programados. Ou meu diretor, caso o comentário possa gerar polêmica. Quando fui convidada a trabalhar na TV Bahia, a direção já conhecia meu trabalho, meus valores, minha forma de comunicar. Essa foi uma das razões para que eu fosse contratada. Mas obviamente esta relação de confiança foi sendo construída ao longo do tempo. Fomos introduzindo pouco a pouco esse estilo mais comentado, encontrando a forma que mais agrega a quem nos assiste. De modo geral, buscamos mais analisar os fatos, explicar o que está por trás deles, do que simplesmente opinar.
Você foi muito atacada depois do seu comentário sobre o goleiro Bruno? Como acompanha essa repercussão? Tenta se blindar de alguma maneira?
Eu acompanho até onde dá, mas chega um momento em que fica impossível. E costumo meditar e orar para me fortalecer. O que mais recebi foi apoio. A maioria das pessoas concordou com minha posição. Mas houve ataques também. Principalmente de pessoas que não entenderam ou fingiram não entender o que foi dito. Claro que incomodam as ofensas pessoais e as distorções ao que falo. Mas penso que é normal que isso aconteça. É importante sempre ter em mente que o que as pessoas dizem tem a ver com elas mesmas e não necessariamente comigo. O que as pessoas pensam de mim não muda quem realmente sou. E um xingamento ou ataque demonstra a personalidade de quem o faz, não a minha. Pensamos diferente e está tudo bem que seja assim. Seria bom que as pessoas pudessem opinar sem ofender ou desrespeitar, que houvesse diálogo mesmo. Da minha parte, se não houver desrespeito, procuro dialogar e sempre responder com paciência e amor. A gente só consegue isso com respeito, não atacando de volta. O que me deixou feliz foi provocar essa discussão, que penso ser necessária. Então é preciso respeitar as divergências de pensamento e buscar o posicionamento que nos leve a avançar como sociedade, a resolver problemas que temos neste momento.
A apresentadora Rachel Sheherazade ganhou projeção nacional quando seus comentários passaram a ser compartilhados nas redes socais. Você já escutou comparações do seu trabalho com o dela?
Há uma tendência das pessoas em querer comparar algo que surge com algo que elas já conhecem. Mas penso que temos estilos e opiniões bem diferentes, embora sejamos duas mulheres comunicadoras e de personalidade forte, com coragem para dizer o que pensamos. Cada mulher tem seu próprio brilho, é importante evitarmos comparações e competições entre nós.
Sobre a sua participação no "JN", como foi para você receber o convite para apresentar o jornal mais importante do país? Você já tinha se imaginado nesta função? Como foi a experiência?
Foi mágico. Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Não que não confie no meu trabalho. Confio bastante. O projeto JN50 foi lindo justamente por mostrar tantos talentos que temos no Brasil. O "Jornal Nacional" é a referência maior no jornalismo de TV. Então, foi uma experiência incrível. Como disse meu companheiro Ayres Rocha, do Acre, foi como ganhar um Oscar.
Agora, você faz parte do rodízio de plantonistas do "JN". Essa missão te abre um caminho para ser conhecida nacionalmente. Você sonha em se projetar como âncora de um jornal de rede nacional?
Estar no time de plantonistas já é um sonho. É mais do que eu poderia ter imaginado para mim. Apresentar um jornal em rede nacional nunca foi um projeto. Mas, claro, todo profissional sempre quer crescer, quer sentir que está evoluindo. Hoje estou dedicada ao projeto do "Bahia meio dia". Mas, se em algum momento a Rede Globo entender que eu posso colaborar nacionalmente, certamente estarei aberta a conversar.
Você acha bacana estabelecer um contato com os seus telespectadores através das redes sociais? Qual é o limite?
Eu amo estar em contato com as pessoas nas redes sociais. Procuro todos os dias pelo menos deixar uma mensagem positiva, de empoderamento, uma reflexão, uma sugestão de leitura, oferecer algo positivo a quem me segue. E busco responder ao máximo as mensagens que chegam, nos comentários ou pelo direct. Recebo muito amor das pessoas e isso me emociona. Da mesma forma, me permito exercitar o amor e o acolhimento escutando suas histórias e ajudando da forma que puder. As redes sociais têm um poder muito grande de conectar pessoas, principalmente as que precisam de ajuda às que querem ajudar. Procuro usá-las como uma ferramenta do bem.
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Redação iBahia
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