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Coluna Valor RH: O Titanic verde e amarelo

Brasil já foi comparado ao Titanic outras vezes, mas agora parece que a alegoria do Titã que naufragou há pouco mais 100 anos parece remeter como nunca à situação do país

• 10/09/2015 às 14:50 • Atualizada em 01/09/2022 às 9:14 - há XX semanas

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As notícias que sopram do Planalto Central ultimamente têm ocupado um bom espaço do noticiário. Para quem assiste de longe toda esta movimentação não há como deixar de sentir que há um certo surrealismo no ar, e logo vem à mente a imagem do Titanic. O Brasil já foi comparado ao Titanic outras vezes, mas agora parece que a alegoria do Titã que naufragou surpreendentemente há pouco mais 100 anos parece remeter como nunca à situação do Brasil atual.
E por que Titanic ? Tal como aquele, nosso país é apresentado como forte, portentoso, pesado, grande e indestrutível. O Brasil, até há pouco tempo atrás parecia destinado à grandeza inexorável, vendo chegar finalmente sua vez no rol das grandes nações. Com a riqueza “infinita” do pré-sal mais do que garantida todas as contas estariam pagas, nossa educação claudicante atingiria patamares de primeiro mundo e o petróleo abundante pagaria todas as contas da saúde, transporte, moradias e toda a forma de redenção social que seria possível imaginar. O Brasil literalmente pendurou a conta de suas despesas no poço do pré-sal.
O Brasil, tal como no Titanic do diretor de cinema James Cameron, era uma festa só, onde as classes baixas também comemoravam nos porões, enquanto a burguesia afluente desfrutava do melhor dos salões ao som de violinos. Tanto um, como o outro, eram indestrutíveis. Mas não é esta somente a semelhança que podemos observar no cenário atual.
Tal como o Titanic, o Brasil apresenta um enorme rombo no casco, que na vida real se chama orçamento, dado que a sociedade não mais consegue sustentar um Estado que, para não fugirmos muito da alegoria, poderia ser chamado de “Estado-Vampiro”. O Estado-Vampiro é aquele que tudo toma e nada devolve. Seria então uma alegoria ainda mais assustadora, um Titanic recheado de vampiros. Não é possível imaginar um cenário de horror pior do que este, não é mesmo ?
E onde fica o trabalhador em uma hora destas ? No caso do Titanic, os trabalhadores estavam na casa de máquinas, pondo o monstrengo para funcionar. Na hora da inundação, e não por acaso, foram os primeiros a serem tragados pela inundação e se afogar. Assim foi no Titanic. E, ao mesmo tempo, enquanto o pessoal de baixo se afogava, a turma dos andares superiores ainda bailava ao som de violinos. Afinal, em uma embarcação de grande porte, demora um certo tempo até que o naufrágio se consume. A maioria dos trabalhadores, é claro está na casa de máquinas.
Sabendo disto, o que pode então o pobre trabalhador fazer em uma hora como essa ? Se você não é trabalhador vinculado a um dos poucos setores protegidos pelo governo, é hora de colocar as barbas de molho. Em primeiro lugar, se você está empregado em uma empresa e anda insatisfeito com o que ganha, faça primeiramente uma autocrítica e observe o movimento ao seu redor, observando se o movimento de clientes continua o mesmo, ou se há uma certa pasmaceira no ar, procurando os sinais de alerta
A Bahia não costuma ser historicamente um dos primeiros lugares a sentir os efeitos da dinâmica econômica brasileira, para o mal ou para o bem, dado que não conta com uma economia que possa ser considerada dinâmica, e a maior parte das indústrias pertence ao setor tradicional que não possui um peso tão grande na economia nacional, e os primeiros a sofrerem são trabalhadores de setores específicos, como ocorre com os estaleiros e construção civil. De certa forma, esta é uma situação que tende a favorecer uma maior estabilidade na nossa economia. Contudo, mesmo assim, ocupamos um lugar neste Titanic e quando ele afundar, afundam todos.
Porém, neste momento, convém observar como se comportam os vampiros, que são aqueles que conseguem preservar os próprios salários, como no caso dos magistrados do STF, tão diligentes em reajustar seus vencimentos acima da inflação, ou que relutam em cortar os próprios gastos. O argumento para tal é que tais economias representariam muito pouco e que não vale a pena cortar gasto um pouco disto ou daquilo porque economizará apenas uns poucos bilhões reais e que diante da magnitude do problema cortar na parte de cima não resolveria a situação. Esta é a proposta, digamos assim, “vampiresca”, é aquela que consiste em sugar o sangue da turma de baixo e pegar o bote quando a água invadir o navio.
Bom, agora que você já tem consciência das intenções da turma de cima, a elite que se encastelou na Torre de Marfim – alegorias não há de faltar, o que você pode fazer a este respeito ? Em verdade, muito pouco, você não pode ascender aos patamares superiores, pois as portas estão trancadas. O afogamento seria então inevitável ?
Para encontrar esta resposta é preciso antes entender o que está acontecendo. O Brasil vivenciou um período de relativa prosperidade por razões externas, leia-se, China. O fato é que estas mesmas razões se esgotaram e, no fundo, o Brasil sempre foi um Titanic à deriva. Com o esgotamento dos fatores que alavancaram uma certa prosperidade o Brasil agora se vê às voltas com o colapso de um sistema baseado em forte presença do Estado, o Estado forte, o grande empregador e indutor do crescimento, sócio das grandes corporações.
Historicamente, o Brasil nunca conseguiu resolver a situação econômica pelo lado da redução do tamanho do Estado e é muito pouco provável que isto ocorra agora. O propalado aumento de impostos que se anuncia apenas empurraria o problema com a barriga. Novos impostos servirão apenas para alimentar uma máquina insaciável que logo ali na frente pedirá por mais e mais. Lembre-se, estamos lidando com o Estado-Vampiro. Em todas as situações em que ocorreu este tipo de colapso a solução veio através da inflação, que é o maior dos impostos, e o Estado-Vampiro sempre ampliou o seu ganho adiante demais.
O que fazer diante de uma situação destas ? Em primeiro lugar, é preciso se preparar para o que vem aí. As gerações atuais não estão acostumadas a conviver com a inflação, mas é preciso aprender a pesquisar preços e barganhar. E se você está insatisfeito com o seu trabalho, é bom começar a se tornar mais prestativo do que nunca. Invista na sua carreira. O melhor investimento que pode ser feito neste momento é estudar, aprender e se capacitar. Torne-se aquele funcionário exemplar que todos verão como indispensável. E se você almeja mais, estude mais ainda e se prepare para o dia em que você irá se tornar um empreendedor.
Em um país continental como o Brasil, e com tantas carências a resolver, existe um amplo espaço e campo aberto para o empreendedorismo em todos os níveis. Se você perdeu o emprego e tem medo de investir o dinheiro de sua rescisão pense antes se você é de fato muito bom no que pretende fazer como empreendedor. O seu negócio tem que ter pés, mãos, braços, pernas, tronco e cabeça. E se você tiver um bom plano e talento para empreender por conta própria, este é o caminho e convém sim utilizar o dinheiro de sua rescisão.
O ciclo do Estado Grande, protetor, grande empregador, indutor do crescimento e parceiro dos grandes empresários acabou. Este modelo vai enfrentar grandes problemas e neste meio tempo é preciso encontrar saídas. A saída do Estado Vampiro sempre será a de sugar mais e
mais o seu sangue, mas é possível enfrentar este tipo de situação aplicando a energia do otimismo maior. Investir em sua capacitação e pensar no grande salto rumo ao empreendedorismo. Mas se você não tem condições de fazer isto agora, dê um jeito de se tornar indispensável na sua empresa por enquanto. Aceite as incumbências que lhe são demandadas como oportunidade para evoluir e aprender mais, pois de agora em diante, quem ficar no marasmo, parado esperando a água entrar, é quem vai se afogar primeiro.

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