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Coluna ValoRH: Saiba como identificar um profissional de talento

Especialista fala sobre a dificuldade que as empresas em processos de recrutamento tem de atrair talentos

• 22/10/2013 às 7:48 • Atualizada em 02/09/2022 às 3:18 - há XX semanas

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Uma discussão recorrente, a que frequentemente somos expostos, diz respeito a uma reclamação muito comum de empresas em processos de recrutamento, acerca da dificuldade de atrair “talentos”. Tal dificuldade e escassez chegam mesmo a ser intrigantes, pois a falta de talentos em um país com 200 milhões de habitantes há de causar mesmo certa estranheza. Mas, afinal de contas, o que é um talento ? Dentre as várias definições encontradas no dicionário, recordamos aqui o “intelecto excepcional”, ou aquela pessoa dotada de habilidades notáveis, inatas ou adquiridas. Sem dúvida, como a nossa própria experiência de vida é capaz de nos mostrar, todos nós já nos deparamos com pessoas de intelecto excepcional, muito habilidosas e diferenciadas, mas com as referidas qualidades devidamente acompanhadas de uma convivência muito difícil e de uma vocação para o estrelato. Ainda assim, deveríamos mesmo esperar uma oferta maior deste tipo de profissional à disposição das empresas. Mas, se formos um pouco mais à fundo na definição, iremos nos deparar primeiramente com a questão da habilidade inata ou adquirida. Aqui cabe a primeira interrogação. Que habilidade teria a característica de ser inata ? Aqui só podemos supor que a maior parte das habilidades inatas devam ser mesmo habilidades artísticas, ou até mesmo o pendor para fazer cálculos complexos, a vocação do cientista e pesquisador. Ninguém duvida que Einstein era um talento, porém foi considerado por seus pares um exemplo de mediocridade que, para sobreviver, conseguiu com a ajuda do pai de um amigo uma colocação obscura e burocrática no escritório de patentes da Suiça. Nesta posição burocrática ele encontrou tempo e tranquilidade para desenvolver seus experimentos mentais que mais tarde originaram a tese da teoria da relatividade. Talvez Einstein tenha sido o últimos dos grandes cientistas solitários. Atualmente é praticamente impossível desenvolver algum tipo de pesquisa relevante sem contar com uma grande infraestrutura à disposição e um grande grupo de trabalho. Mas certamente não é um Einstein que as empresas procuram... Retornando à definição de talento, e distanciando-nos um pouco dos exemplos citados, de gênios solitários, podemos voltar para a questão da habilidade adquirida. Em um mundo cada vez mais complexo, a velocidade das inovações muitas vezes supera nossa capacidade de absorver estas mudanças e até mesmo de aplicá-las a nosso favor, motivo pelo qual a substituição repentina de tecnologias muitas vezes representa uma ameaça à primeira vista e não uma oportunidade imediata. Estes fatores de mudança nem sempre agradáveis acabam gerando a tal “busca pelos talentos”. Quando vamos verificar que tipo de talentos são demandados pelas empresas parece que o que elas na verdade desejam é algum tipo de messias, guru ou mago que tenha a resposta para tudo. Se uma empresa compra um determinado tipo de máquina, avançada e ultra-moderna e não encontra ninguém para operá-la, o problema é a falta de talentos, ou de mão de obra capacitada. Ou então é a empresa de petróleo que não encontra ninguém que consiga determinar como tirar a maior quantidade de petróleo possível de uma determinado campo, ou ainda a mineradora que não consegue um talento para encontrar o veio. Onde estão tais talentos ? Aqui seria o caso de nos perguntarmos se o que se procura é um talento ou um mágico que irá resolver tudo. E, quando um “mágico” destes volta e meia aparece, com toda a sua verve e desenvoltura, dotado de todo o charme e poder para encantar plateias, como um novo messias da área, em geral o resultado, colhido às vezes muito tempo depois, é o desastre. O talento para encantar a plateia e os investidores pode não ser o talento efetivo que procurávamos afinal. Então, o que fazer ? Em um mundo de mudanças crescentes iremos nos deparar com desafios, equipamentos, sistemas e contextos altamente movediços, sendo cada vez menos provável que encontremos pessoas prontas a “operar” determinado tipo de sistema. As Universidades são cada vez menos capazes de fornecer profissionais prontos para o mercado e, se atentarmos bem para o fato, talvez não seja mesmo esta a função primordial da Universidade. O melhor que a Universidade pode fornecer são pessoas com capacidade para trabalhar em grupo, cooperar e aprender continuamente e de forma autônoma. Em um mundo cada vez mais mutável, os verdadeiros talentos talvez sejam aqueles que sejam capazes de trabalhar em grupo e de aprender e se adaptar continuamente. Ao invés de esperar que um determinado operador de máquina surja pronto, talvez seja muito mais importante e crucial encontrar aqueles que, sem falsas magias e encantamentos, mesmo sem grande brilho, estejam dispostos a passar horas e horas maçantes decifrando o funcionamento de determinado sistema, dedicando a essa tarefa toda a sua persistência. Afinal, talvez este seja um dos grandes talentos esperados do mundo contemporâneo. Em um mundo cada vez mais complexo, também é cada vez menos provável que indivíduos sozinhos consigam ir muito longe. O trabalho em grupo e a subdivisão de tarefas é a ordem da vez. Claro, sempre haverá um ou outro talento que sozinho será capaz de escrever um belo romance ou uma peça de musical, mas certamente não é este o tipo de profissional que as empresas irão requerer ou entender como o talento que elas buscam.Uma fábula de nossa história recente nos conta o resultado catastrófico que um homem tido por todos como o Visionário, o Talento entre todos os Talentos entre os empresários, obteve. Nesta fábula, o talento do empreendedor, do investidor e do realizador eram verdadeiras. Porém, o talento não era completo, e faltou algo mais para agrupar e agregar equipes capazes que podem ter faltado na hora crucial. Saber trabalhar em equipe, aplicar muito estudo e persistência, além das aptidões essenciais podem ser de fato o verdadeiro talento que devemos buscar. A busca pelo Messias, o mago, não costuma mesmo trazer bons resultados...

Sergio Sampaio E-mail: [email protected] Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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