A pergunta do título expressa bem a situação peculiar do ingresso em um curso de mestrado ou, em uma etapa mais à frente, de doutorado, nas melhores Universidades do país. Começaremos justamente por aí. A oferta dessa modalidade de curso de pós-graduação não é tão farta como no caso das especializações, que já foram tema dessa coluna. Para início de conversa, os cursos do tipo stricto sensu (categoria em que se enquadram os programas de mestrado e doutorado) não podem ser oferecidos livremente, estando submetidos à autorização e avaliação contínua por parte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que determina, inclusive, a quantidade de vagas de cada programa. Em sendo assim, não é incomum que a busca pelo curso que melhor atenda aos anseios do candidato tenha que ser feita com uma abrangência geográfica mais ampla, muitas vezes recorrendo-se a instituições de outros estados ou países.
Ingressar em um curso de boa avaliação deixa de ser, então, meramente, uma questão de escolha, devendo o candidato reunir uma série de requisitos para ser aceito como aluno regular. Em algumas instituições o processo seletivo para os programas de mestrado e doutorado é tão concorrido (quanto à relação candidato/vaga) quanto o de alguns vestibulares disputados. O que fazer então? O candidato deve fazer uma triagem inicial dos cursos que lhe interessam enquanto pesquisador. Essa etapa é facilmente cumprida uma vez que as informações mais importantes sobre os programas estão amplamente disponibilizadas em suas páginas na internet e na consulta ao site da própria CAPES, que traz a lista de todos os cursos com suas respectivas avaliações. Os cursos de mestrado e doutorado são reavaliados a cada triênio e, a cada um, é atribuída uma nota em uma escala, crescente, de 1 a 7 (não se recomenda o ingresso em cursos com avaliação 1 ou 2). Uma vez tendo se certificado do quesito qualidade, importante verificar a sua adequação, e isso é feito analisando-se as áreas de concentração, linhas de pesquisa e disciplinas ofertadas, assim como a composição do corpo docente. Nessa via de mão dupla, em que candidatos e cursos são mutuamente escolhidos, é fundamental haver o casamento entre as intenções de pesquisa do candidato e do programa. É desejável que, ao se candidatar a esse tipo de curso, você já tenha experiência prévia com pesquisa - através da participação em grupos de pesquisa ou em projetos de iniciação científica, por exemplo – que o habilite, ao menos, a elaborar um projeto de investigação bem estruturado e defensável perante uma banca. Um currículo recheado de publicações (em periódicos científicos e eventos) também ajuda. Aliás, o currículo nesse tipo de seleção é uma questão a parte pois, diferentemente do que acontece no mercado, deve ser elaborado de acordo com o padrão de uma plataforma específica, chamada de plataforma lattes e disponibilizada no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Outra dica interessante é tentar cursar algumas das disciplinas ofertadas na condição de aluno especial, isso proporciona uma maior familiarização com a dinâmica do programa e uma aproximação com o corpo docente, o que pode ser útil em eventuais necessidades de adequação candidato/curso. Leia as colunas anteriores: Especialização ou mestrado? Que caminho seguir? Como escolher o curso de especialização ou MBA? Por fim, no que tange aos cursos oferecidos por instituições estrangeiras, requer-se cautela em dobro. Os diplomas expedidos nessa circunstância somente tem validade no território nacional se revalidados por alguma instituição brasileira que ofereça curso com nível e teor semelhante. Em que pese haver excelentes oportunidades no exterior, notadamente em áreas da ciência consideradas de vanguarda, muitas vezes a revalidação não acontece e o candidato perde o seu tempo e dinheiro. Portanto, procure se informar melhor antes de, literalmente, embarcar nessa decisão. Já que mencionei a questão financeira, achei por bem terminar essa coluna com um encorajamento. Se você está certo de que esse é o seu futuro, há quem pague para você realizá-lo. Isso mesmo, você pode receber para estudar! Os melhores cursos disponibilizam cotas de bolsas de estudos oferecidas por entidades de fomento à pesquisa dos governos federal e estadual (como a CAPES, CNPq e FAPESB) o que, de certa forma, pode representar o empurrãozinho que faltava para você se decidir. Próxima coluna Agora que já exploramos bastante os tipos de pós-graduação e as formas de ingresso em cada uma delas, vamos falar sobre feedback e como a percepção do outro pode gerar bons resultados. Esse é o tema da próxima Coluna ValoRH, na próxima terça-feira (30). Não perca!
Profa. Dra. Carolina Spinola E-mail: [email protected] Consultora da Área de Negócios da ValoRH. Administradora, com mestrado em Administração e Doutorado em Geografia, com ênfase em Desenvolvimento Regional. Professora Universitária e Coordenadora de Curso de Pós-Graduação. |
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