No Dia Nacional da Consciência Negra, o iBahia.com não poderia deixar de homenagear a população da cidade que possui o maior percentual de negros fora da África. Salvador é conhecida pela mistura de raças que resulta na beleza do seu povo. Aqui é difícil dizer se existe alguém 100% negro ou 100% branco.
Há exatos 313 anos, Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e exemplo de luta e resistência contra a escravidão, foi degolado e a data de sua morte, 20 de novembro, é lembrada até hoje. O Dia da Consciência Negra mostra o quanto o Brasil ainda é marcado por discriminação racial, porém essa data deve ser considerada um momento de reflexão sobre a importância do povo africano na formação da cultura nacional.
Por volta de 1530 os negros foram escravizados e trazidos da África para o Brasil e por cerca de 350 anos a maior parte da mão-de-obra nacional era composta por esses escravos. Explorados e humilhados, os afro-descendentes sofreram todos os tipos de agressão física e psicológica.
Mas, mesmo depois de tanto tempo, esse quadro não mudou. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda espelham desigualdades entre brancos e negros. A taxa de analfabetismo da população negra, por exemplo, ainda é maior comparada a da população branca. E em relação ao mercado de trabalho, a realidade não é diferente, pois as oportunidades e remunerações são, em sua maioria, reduzidas.
Os movimentos raciais conquistaram alguns avanços na legislação brasileira com relação à repressão da discriminação racial. Mas, na verdade, mais do que punir, é preciso exterminar qualquer tipo de preconceito.
E para falar um pouco mais sobre essa data, o iBahia.com reuniu alguns depoimentos de personalidades baianas que são verdadeiros representantes da cultura negra no cenário nacional. Confira!
Vovô, presidente do Ilê Aiyê
'O dia que o Brasil celebra a morte de Zumbi, líder do Quilombo do Palmares, a 1ª República do Brasil. O país todo deveria participar dessa celebração, mas na prática nem a comunidade negra participa.'
Tatau, cantor
'Com sabedoria, persistência e competência quebraremos a barreira do preconceito. Bons exemplos são Lewis Hamilton, Barack Obama e Tigger Woods. Viva a consciência negra, viva a consciência de vencedor!'
Larissa Luz, cantora
'Estamos avançando a cada dia em busca dos nossos objetivos e propósitos. A consciência é o primeiro passo para uma grande conquista. O resultado está nos jornais, nos sites, nas ruas, nas propagandas e no comportamento humano.'
Marrom, jornalista
'20 de novembro, Dia da Consciência Negra, está muito relacionado com a Bahia, que é um estado totalmente negro. Eu às vezes até discuto porque assim como tem pessoas brancas maravilhosas, existem também as que não valem nada. Existem pretos maravilhosos e pretos que não valem nada'.
Margareth Menezes, cantora
'Eu acho que todo movimento em favor de uma consciência maior da humanidade é válido. A questão racial é muito perversa e tira a oportunidade das pessoas construírem um mundo melhor, um mundo mais coerente. Nossa Bahia precisa muito dessa consciência de igualdade racial.'
Márcio Vítor, cantor
'Sou negro e tenho muito orgulho disso. Acho que, de uma vez por todas, precisamos assumir a identidade e conscientizar nossos amigos, colegas e, no meu caso, também os fãs. Ninguém é melhor do que ninguém. Somos iguais em todos os sentidos.'
Sátyra Carvalho, cantora
'Eu tenho maior orgulho da minha cor. Sou negra e é difícil ver que ainda existe preconceito. Todos devem parar para pensar no momento em for abrir a boca para se referir pejorativamente a um afro-descendente'.
Wanda Chase, jornalista
'É um dia de reflexão sobre o que foi a luta dos nossos antepassados e o papel dos movimentos negros na sociedade brasileira. Tudo que se vê hoje na mídia de positivo, relacionado aos negros, é resultado de um trabalho que vem sendo feito ao longo dos anos nas escolas, nas universidades e nos bairros.'
Pierre Onassis, cantor
'Consciência negra é consciência de cidadão, é consciência de brasileiro e é consciência de ser humano. A gente conversa sobre questões raciais, mas às vezes não percebe quando está sendo, por algum momento, preconceituoso. Torço para um futuro de igualdade'.
Georgina Maynart, jornalista
'Para nós, hoje é um dia não só de celebração, mas sobretudo é um dia de reflexão no sentido de relembrar todas as lutas em combate ao racismo. E eu acho que essa é uma luta não só dos negros, mas de toda a população brasileira.'
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