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CINEMA

Festival mostra cinematografia recente do forte país da Europa

Mostra segue até quinta-feira, no Espaço Itaú de Cinema. Filmes abordam temas como imigração e Segunda Guerra Mundial

• 30/11/2012 às 12:00 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:53 - há XX semanas

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Há quem ainda ache, aqui no Brasil, que o cinema feito na Alemanha é mais intrincado e difícil de entender do que a lingua falada no país. Mas a cinematografia que floresceu nos anos 60, uma ode ao questionamento das linguagens e temáticas, ficou para trás. Ou melhor, foi muito ampliada. As atuais produções germânicas abarcam um grande leque de gêneros.
Uma Janela para o Verão conta a vida de Juliane, que acaba voltando ao passado e revê suas escolhas. O filme será exibido no Panorama Alemão, amanhã, às 21h, e segunda, às 19h
Apesar de ter uma circulação menor que os longas da vizinha França, a presença de tais longas no Brasil tem crescido. Prova disso é o Panorama Alemão, que começa hoje e vai até quinta-feira, no Espaço Itaú Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. Para a sessão de abertura, às 19h, foi escalado Inferno, filme-catástrofe de Tim Fehlbaum, sobre um futuro assolado pelo efeito do sol. O panorama faz parte das estratégias de divulgação para novos mercados do German Films Service, instituto nacional criado em 1954. Em outubro, foi realizado, em São Paulo, o FilmCup, evento de estímulo a coproduções entre os dois países. O Panorama Alemão, que já passou por São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Recife, exibirá nove longas-metragens. Da ficção com ares catastróficos em Inferno, sobre um futuro no qual o Sol é o maior inimigo dos humanos; até visões sobre a imigração, nos longas Felicidade e Implosão; ou filmes para toda a família, como Lua Crescente. “A força do atual cinema alemão vem justamente da variedade. Os cineastas têm explorado limites e encontrado novas direções”, diz a diretora da German Films Service, Mariette Rissenbeek, 56 anos. NazismoO cinema alemão tem suas fases bem distintas. Na época do cinema mudo, conquistou plateias do mundo inteiro com os filmes do Expressionismo Alemão, com auge na década de 20. Cenários, personagens e maquiagem marcantes expressavam a maneira como os realizadores viam o mundo. Destaques para clássicos como O Gabinete do Doutor Caligari (1919), de Robert Wiene; e Metrópolis (1927), de Fritz Lang. Na época do nazismo, surgiram os filmes com uma visão doce da Alemanha, mostrando famílias felizes, em uma perfeita propaganda da superioridade ariana defendida por Adolf Hitler (1889–1945). “Olympia (documentário de Leni Riefenstahl filmado nas Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim) é estudado até hoje, a forma como ele constrói as imagens, sem entrar no mérito do nazismo”, afirma Sergio Lima, 39, pesquisador do cinema alemão. Na década de 60 foi a vez do Novo Cinema Alemão e suas inquietações manifestas em obras de autores como Alexander Kluge, 80, e Rainer Werner Fassbinder (1945– 1982). Isso na Alemanha Ocidental, claro. Na Oriental, com orientação socialista, a contestação era menos vigorosa. “Nos anos 80, o cinema começou a se internacionalizar, ter uma linguagem mais comercial”, aponta Sergio. O maior contato com o lado comercial – algo que a França faz há algum tempo, com sucesso – trouxe justamente a diversificação de gêneros e temáticas, de modo a ampliar o alcance e popularidade de plateias mundiais. A coordenadora do Panorama Alemão, Barbie Heusinger, 33, destaca alguns filmes da programação, como Quatro Dias em Maio (“mostra a situação entre oponentes no fim da Segunda Guerra Mundial que se questionam sobre o sentido daquele derramamento de sangue”, afirma), com exibição amanhã, às 19h, e segunda-feira, às 21h. Outro destaque é uma Janela para o Verão – amanhã, às 21h, e segunda, às 19h –, no qual a personagem principal, Juliane, acorda, certo dia, no passado, e tem a chance de rever suas escolhas. ChuvasDiretor do filme que abre hoje o Panorama Alemão, Tim Fehlbaum, 30, conta que a ideia do filme veio da vontade de fazer um filme-catástrofe com pouco dinheiro. “Eu e os dois co-roteiristas (Thomas Wöbke e Oliver Kahl) pensamos que seria mais barato usar a superexposição da película”, diz, explicando o método com o qual a luz passa mais tempo em contato com a película, tornando a imagem mais clara que o normal. Parte do filme foi rodada em uma pequena ilha francesa recentemente afetada por um incêndio. Outras cenas foram gravadas na Alemanha. Nos muitos dias de chuva do cinzento país, eles tinham de cruzar os braços e esperar. Fã do diretor alemão Rainer Erler, que assinou produções com climas catastróficos como Fleisch e Die Delegation, Fehlbaum elogia as produções recentes feitas no Brasil. “Tropa de Elite foi exibido no circuito comercial da Alemanha. Eu realmente gostei do que vi, é um bom entretenimento. Me lembro que a noção de estar vendo algo real era incrível”. Explorar temas que agradam plateias universais, como os filmes baseados em histórias catastróficas – tema muito querido de Hollywood – é uma forma de internacionalizar a produção alemã. Mas isso não significa fechar as portas para delicadas questões que alfinetam há décadas a sociedade europeia, como o conflito entre os habitantes locais e os imigrantes. Diversas produções alemãs têm se debruçado sobre a origem da população local, em ficções ou documentários. “São filmes que mostram a integração de culturas diferentes ou justamente a falta dessa integração, o isolamento em guetos. São diferentes visões que são abordadas pelo atual cinema alemão”, afirma Sergio Lima. Nas tramas, não há dualidade. Todos são mocinhos e bandidos. Novas visõesOutra tendência do atual cinema germânico é a releitura histórica de temas espinhosos, como o papel central da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. “Os longas sobre esse assunto estão levantando e relativizando outras questões, mostrando que, na guerra, nem toda a população era nazista. Mas sem defender Hitler com isso, claro”, afirma o especialista. Essa relativização de um fato que envergonhou toda a Alemanha ajuda o público local a se relacionar de forma diferente com tal período, devolvendo uma certa autoestima que por anos ficou arranhada entre os alemães. Estrategicamente, esse movimento de mostrar um país reconstruído, aberto e plural é positivo para o país. Há alguns anos, a German Films promove atividades paralelas na Mostra Internacional de Cinema São Paulo e no Festival do Rio. Na edição mais recente do evento paulistano, encerrada no dia 1º deste mês, o Panorama apresentou 50 filmes da Alemanha. E a edição 2013 do evento já está confirmada. É uma nova forma de invadir outros países. E muito mais interessante.Matéria original: Correio 24 horas Festival mostra cinematografia recente do forte país da Europa

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