Do iBahia, por Emília Oliveira
Fotos: Acervo Correio*
Hoje Salvador tem muito o que comemorar. Nesta quinta-feira, 2 de dezembro, é celebrado o Dia Nacional do Samba, data criada por iniciativa de um soteropolitano. Em 1962, o então vereador Luis Monteiro da Costa decidiu homenagear o mestre da música mineiro Ary Barroso, que havia composto o samba 'Na Baixa do Sapateiro' (1938), mesmo sem nunca ter estado na capital baiana. O dia marca a primeira visita de Ary a Salvador.
O samba é um gênero musical tido como uma das principais manifestações culturais populares brasileiras e se transformou em símbolo de identidade nacional. Fora do Brasil, muitas pessoas associam o país ao Carnaval, Pélé, caipirinha, mulatas e, principalmente, ao samba.
O clássico 'Pelo Telephone' é um dos primeiros sambas gravados que se tem notícia. A música, de Ernesto Joaquim Maria dos Santos (popularmente conhecido como Donga) e texto de João Mauro de Almeida, foi um grande sucesso no carnaval carioca de 1917 e ganhou versões na voz de Chico Buarque, Pixinguinha e Martinho da Vila, dentre outros. Ouça!
Na Bahia existem muitos nomes que marcam a história desse ritmo. Um deles é o cantor e compositor Edil Pacheco. Nascido em Maragojipe, cidade do recôncavo baiano, em 1945, o músico é uma das grandes referencias nacionais do gênero. Com mais de 300 composições em seu currículo, Edil é um dos organizadores dos festejos do Dia do Samba em Salvador.
Nesta quinta-feira, dia 2 de dezembro, a Praça Municipal da capital baiana recebe um grande show em homenagem a data. Personalidades como Moraes Moreira, Carlinhos Vergueiro, Mariene de Castro Nelson Rufino e o próprio Edil Pacheco participam do evento, que começa às 21 horas.
O iBahia não poderia deixar um dia tão importante “passar em branco”. Para homenagear a data, o Portal conversou com o simpático Edil Pacheco. Confira a entrevista!
O samba tem qual significado para você?
Para mim, o samba tem muitos significados. Tudo que aconteceu na minha vida está relacionado ao samba. Desde quando eu era pequeno, em Maragojipe, que sou fascinado pelo ritmo. O samba é o maior símbolo musical brasileiro, que nos identifica como nação, como povo. É a minha fonte de vida e de muita gente que conheço.
Você acha que o samba vem perdendo suas raízes culturais?
Muito pelo contrário. Acredito que o samba está na sua melhor fase. Existem hoje muitas festas populares que mantêm a tradição do ritmo e muitos eventos que comemoram a data. E isso só fez crescer em todos esses anos. Eu acredito que a Bahia, mais uma vez, sai na frente em relação a essa celebração. Desde 1972 comecei a participar das comemorações do Dia do Samba e não parei mais. Sempre acreditei nessa vertente e fico muito contente do samba estar nesse patamar.
Você compôs e gravou muitos sambas. Algum é o mais especial para você?
Tenho mais de 300 músicas gravadas, mas existe uma que é muito especial para mim. “Alô Madrugada” foi minha segunda composição e fez muito sucesso. Ela me marcou como compositor e eu estou nessa luta até hoje.
O que você desejaria ao samba?
Tudo de bom. O Dia do Samba é uma festa especial e que todos os baianos tem o maior carinho. O samba tem dado muitos frutos positivos e eu fico muito contente de participar da organização da festa desde 1987, ao lado do saudoso Batatinha.
E por que a comemoração é realizada na Praça Municipal de Salvador?
A Praça Municipal de Salvador é muito simbólica para essa festa. Há oito anos, após alguns anos sendo comemorado em outros locais, o evento voltou ao seu local de origem e é lá que deve permanecer. A Praça é um local amplo, arejado, que tem a capacidade de reunir muitas pessoas. É um lugar democrático, central e histórico.
No Dia do Samba existem muitas festas espalhadas pela cidade. Quando e onde acabam essas comemorações?
Vixe! Agora essa festa na Bahia só acaba depois do Carnaval... (risos)
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