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'O Senhor dos Anéis' vai virar a série mais cara da TV

Obras de J.R.R. Tolkien, em particular sua famosa trilogia, saem em busca de novos públicos

Redação iBahia • 05/01/2019 às 16:26 • Atualizada em 31/08/2022 às 8:52 - há XX semanas

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A partir deste ano, uma das mais cultuadas sagas de fantasia da História vai deixar o condado geek em busca de outros reinos. Pelo menos três frentes pretendem recolocar “O Senhor dos Anéis” na mapa. E com orçamento para fazer a Terra Média ganhar o mundo.

Foto: Divulgação

Para começar, cinco livros do autor britânico J.R.R. Tolkien (1892-1973) estão sendo relançados no Brasil com novas traduções. Além deles, duas outras obras do escritor, antes inéditas por aqui, chegaram há poucos meses às livrarias (“Beren e Lúthien” e “A queda de Gondolin”) .

Enquanto isso, no meio de 2019, São Paulo e Rio recebem um megaconcerto com a trilha sonora de “A Sociedade do Anel” (2001), primeiro capítulo da trilogia levada ao cinema por Peter Jackson. Por fim, em 2019 também começa a produção bilionária — sim, US$ 1 bilhão por cinco temporadas — de “O Senhos dos Anéis” para a TV. É a série mais cara de todos os tempos.

Todos os projetos são ambiciosos. Veja o caso das novas traduções. A editora HarperCollins compara o processo ao que se faz com a Bíblia. Formou um conselho composto de quatro especialistas na literatura tolkiana. Sua função é adaptar para o português a riqueza de termos, seres e reinos dos clássicos “O Senhor dos Anéis”, “O Silmarillion”, “Contos inacabados”, “O hobbit” e “As cartas de J.R.R. Tolkien”, que serão lançados ao longo de 2019.

— Fui criado nos Estados Unidos e estudei “O hobbit” no ensino médio. Trata-se de um cânone da literatura inglesa, ensinado junto com Shakespeare — conta Samuel Coto, gerente editorial da HarperCollins. — Já no Brasil, os livros só ficaram conhecidos após os filmes, mas pertencem ao mundo geek, à galera que joga RPG. Vamos mudar isso.

Até então, a edição brasileira dos livros era feita pela Martins Fontes. Os conselheiros, porém, acham que podem aperfeiçoar a tradução. Querem, por exemplo, preservar características estilísticas dos originais.

— Em inglês, o dialeto dos hobbits é rural — diz um dos conselheiros, Reinaldo José Lopes, escritor e jornalista que fez sua tese de doutorado sobre o autor. — Já o dos trols traz referências mais populares. Estamos levando a sério a questão linguística.

Mas o trabalho no comitê nem sempre é de total harmonia. Às vezes, o grupo chega a um impasse sobre a melhor tradução para determinados termos. Nestes casos, cabe a Samuel Coto bater o martelo. E algumas decisões já causaram polêmica entre os fãs (leia mais abaixo).

O cuidado pode soar exagero aos olhos de quem tem pouca familiaridade com o assunto. Mas é exatamente a complexidade narrativa, mitológica e linguística que transformou Tolkien num clássico literário. Peter Jackson sabia disso quando dirigiu a trilogia lançada de 2001 a 2003 — ele ainda fez outra, baseada em “O hobbit”, que estreou entre 2012 e 2014.

Na época, uma peça fundamental para capturar o espírito dos livros foi a oscarizada trilha sonora de Howard Shore. Por isso, no dia 22 de junho, 250 integrantes da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos vão subir no anfiteatro do Riocentro para apresentar a música do primeiro longa, “A Sociedade do Anel”.

A quantidade de músicos no palco é uma exigência da produtora americana responsável pelo espetáculo, que já foi apresentado diante de 10 mil pessoas no Radio City Music Hall, em Nova York. O concerto no Rio terá capacidade para quase 4 mil pessoas, e não será uma releitura da trilha sonora, mas uma reprodução fiel — notícia para qualquer fã comemorar.

É que Shore compôs temas icônicos e, para os admiradores mais radicais, intocáveis. O lúgubre violino dos créditos iniciais, a flauta nas cenas do Condado e a explosão de cordas e metais durante a fuga nas minas de Moria podem ser colocados na mesma prateleira musical de “Star Wars”.

— Shore pertence a um grupo de compositores que criam a música a partir do roteiro. Os sentimentos e a jornada dos personagens são estudados — defende o maestro Adriano Machado, que vai reger o concerto. — Sei que algumas pessoas vão ao evento para ver o filme, que será projetado num telão. Mas é perfeitamente possível apreciar a música em si, como num concerto tradicional, porque é uma execução impecável.

A supersérie, que está sendo produzida pela Amazon, deve chegar ao serviço de streaming em 2020 ou 2021, com ambição muito maior. Apenas para ter os direitos das cinco temporadas, a empresa desembolsou US$ 250 milhões.

O orçamento da produção, o tal US$ 1 bilhão mencionado no começo deste texto, foi chamado de “insano” até pela revista “Forbes”. Para fins de comparação, os filmes — juntos — custaram menos de US$ 300 milhões.

“Os fãs veneram os filmes. Qualquer coisa com qualidade inferior vai ser rejeitada”, alerta a “Forbes” sobre a expectativa imensurável. Para o bem ou para o mal, vão falar sobre a Terra Média.

Sobre orcs, orques e seus porquês

“O uso de termos como ‘orques’ e ‘gobelins’ tem causado polêmica. Então, trago esclarecimentos.” Assim começa o texto do jornalista Reinaldo José Lopes, um dos responsáveis pelas novas traduções de Tolkien, publicado no site especializado “Valinor”.

As queixas vêm de leitores acostumados com as grafias “orc” e “goblin”. Mas há justificativa. Tolkien deixou por escrito o que era “traduzível” e o que deveria ser mantido intacto. Segundo Lopes, as duas espécies citadas acima admitem adaptação para a fonética de outras línguas.

Dessa forma, “troll” perde um “l” e vai se chamar “trol”. Para tranquilizar: “hobbit” foi introduzido no inglês pelo próprio autor e assim vai continuar. O plural de “anão” agora será “anãos”.

Isso mesmo. Em seu texto, Lopes defende a escolha: “O plural padrão de dwarf , em inglês, é dwarfs , mas Tolkien preferia usar dwarves , o que explica nossa opção.”

Samuel Coto, editor da HarperCollins, ressalta que há limites:

— Quando chegou ao Brasil, Bilbo Baggins virou Bilbo Bolseiro. Mas não vale a pena trocar porque é um nome consolidado. Criar estranhamentos excessivos pode ser problemático.

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