Em uma das regiões mais movimentadas de Salvador, uma galeria a céu aberto chama a atenção das pessoas que passam apressadas para suas atividades diárias. O colorido que vai se desenhando no muro do SESC Aquidabã revela traços e imagens com elementos do nosso cotidiano, recheados de intervenções poéticas e regionais. A ação faz parte do projeto 'Grande Área', que promove um intercâmbio entre consagrados grafiteiros de diferentes estados do Nordeste, hoje considerado uma das áreas mais criativas do país na arte do grafite.
O trabalho, que iniciou na segunda-feira (7) e continua até sábado (12), é realizado coletivamente pelos baianos Samuca Santos e Tarcio Vasconcelos; a dupla ACIDUM de Fortaleza - formada pelos artistas Robézio e Tereza; e o grafiteiro Derlon Almeida, do Recife. Com curadoria de Xico Chaves e Luiza Interlenghi, a ação em Salvador acontece com o propósito de destacar a arte pública, que vem sendo produzida no Nordeste e conquistado cada vez mais espaço no Brasil por suas fortes referências culturais. “Estamos inseridos no contexto dessa região muito colorida, forte, e em ascensão, e colocamos essa vivência para fora através de nossa arte”, destaca o baiano Tarcio Vasconcelos.
O processo de criação foi pensado de forma que houvesse um diálogo entre os trabalhos, mas ficassem claras as identidades de cada artista, de modo que no final fosse retratado um mesmo universo dentro de diferentes mundos. “A maioria dos painéis que vemos nas ruas é feito em coletivo, por isso precisamos estar cientes do que é o estilo de cada um e como podemos interagir”, ressalta Samuca Santos.
Os artistas buscam trazer a cidade para dentro do seu trabalho, invocando os sons, as cores, e a participação dos espectadores que por ali passam e interagem com a obra. Idealizador do coletivo ACIDUM, Robézio, define seu trabalho como um “improviso ensaiado”, onde a obra artística se adapta ao lugar, mas sem deixar de lado as influências e características inerentes de seu perfil como artista.“Mais do que observar o nosso trabalho, o que queremos é que as pessoas percebam que existe arte no seu dia a dia, no meio desse caos e dessa pressa em que vivemos”.
