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Exposição celebra 95 anos de Hansen Bahia

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26/02/2010 às 19:45 • Atualizada em 29/08/2022 às 12:27 - há XX semanas
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Logo na entrada, o contraste preto-branco anuncia a série “Navio Negreiro”. Homens descalços, acorrentados, registrados em meio a dor, angústia e fome. No conjunto de imagens, escolhidas para abrir a mostra comemorativa dos 95 anos de nascimento do alemão Hansen Bahia, o visitante encontra a cerne do trabalho do artista: seja para lançar olhos sobre a histórica questão do domínio racial, tema de “Navio Negreiro”, seja para montar um painel de costumes e hábitos religiosos, foi na cultura negra que Hansen encontrou o eixo que o impelia a produzir.

Antes de chegar à Bahia, em 1955, era só um marinheiro. Na nova terra, Hansen tornou-se artista e deixou de lado a timidez temática. Através das caminhadas pelo centro histórico, compôs “Via Crucis do Pelourinho”. No olhar sobre os movimentos religiosos, “Grande Candomblé”. Em homenagem a exuberância das mulatas, “Amigas em Vermelho”. Baiano/Brasileiro, Hansen desabilitou o alemão original (Karl Heinz Hansen) para incluir, como sobrenome e fio condutor de seu trabalho, a Bahia popular e negra.

A técnica utilizada, contudo, não foi a pintura. Ao contrário de outros correspondes nas artes plásticas, Hansen optou pela xilogravura. Autodidata no processo, ele talhava a madeira com a cena imaginada, depois a transportava para o papel. “Hansen aprimorou essa técnica. Mesclando influências do impressionismo alemão e depois do cubismo, ele compôs um trabalho diferenciado, com efeitos inovadores, a exemplo das nuances de cinza, das transparências e das formas das mulheres retratadas”, afirma Lêda Deborah, responsável pela seleção das obras que participam da mostra.

“Hansen Bahia: 95 anos”, em cartaz no ICBA até o dia 03 de abril, marca não só o aniversário de nascimento do xilogravador, como também a concretização do projeto de restauro das obras originais. “Com o investimento conseguido através do governo alemão, foi possível recuperar 78 obras do acervo presente na Casa dos Hansen, em São Félix, onde o artista viveu”, revela Lêda. No Icba, além das obras de temática negra, o visitante pode conferir “Amigas no Banho”, “Boi caído” e “Limão”. Nelas, se a questão racial parece menos evidente, floresce a paixão de Hansen pelo que é popular e inerente à terra e ao povo que o batizou.

A EXPOSIÇÃO – Hansen Bahia 95 anos. Galeria do ICBA (Av. Sete de Setembro, 1809). De segunda a sexta, das 9h às 18h30, e aos sábados, das 9h às 13h. Até o dia 03 de abril. Entrada Gratuita.

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