O Museu du Ritmo, em Salvador, abrigou entre os dias 13 a 15 de novembro, o 1º Festival Músicas Mestiças. O evento, que integra o calendário oficial do Ano da França no Brasil, contou com a presença de músicos brasileiros como Carlinhos Brown, Mariene de Castro, Letieres Leite (no comando da Orkestra Rumpilezz), Grupo Olodum e Margareth Menezes, que se uniram a artistas da música francófona contemporânea com influência africana. Entre eles, o cantor caboverdeano Tcheka, a banda congolesa Les Tambours de Brazza, o haitiano BélO, o senegalês Didier Awadi e o marfinense Tiken Jah Fakoly.
O evento Música Mestiça foi criado em 1976 na cidade de Angoulême, região de Poitou-Charentes, na França. Esta é a primeira vez que uma edição do evento ocorre fora da França. O objetivo do festival a promoção da música urbana e contemporânea da música francófona, com raízes africanas.
Para Carlinhos Brown, o Festival foi apenas o começo de uma longa história, repleta de trocas. “As culturas unidas podem fortalecer o mundo”, afirma. Ele tocou no primeiro dia de festival ao lado do grupo de percussão Les Tambours de Brazza. “Carlinhos é uma figura muito importante. Considero-o o embaixador mundial desse tipo de música. Cantar aqui e com ele vai ser como o reencontro com um amigo de muito tempo”, conta Emile Biayenda, baterista e idealizador do Les Tambours de Brazza.
“Estou orgulhoso em ver a cidade de Salvador como uma das sedes de encerramento do Ano da França no Brasil. O intercâmbio cultural e de pessoas é o que realmente pode produzir a paz”, afirmou o Governador da Bahia Jacques Wagner. O secretário de cultura do Estado, Márcio Meireles, complementou: “Acaba o evento, mas as portas ficam abertas. O fluxo se mantém. Isso consolida a abertura da Bahia para o mundo”.
Anne Louyot, comissária-geral do Comissariado Francês, concorda: “A programação do Ano da França no Brasil foi maravilhosa. Exposições como Rodin e Sophie Calle vão continuar. Espero que ainda haja muitas outras edições”, afirmou. Gina Leite, coordenadora cultural da Aliança Francesa na Bahia, ressaltou a pluralidade cultural francesa como um dos destaques do festival: “Esse aspecto reflete o objetivo de firmar pontes e mostrar uma França diversa. Não só as belezas da Paris metropolitana, mas também desse grande universo que é a África francófona”.
“Se você ouve sempre a mesma coisa, não há renovação. As trocas são fundamentais para a gente se renovar culturalmente, musicalmente e esteticamente. A proposta de trazer essas novas referências é ótima”, comenta a antropóloga Goli Guerreiro, pós-doutoranda em antropologia cultural (UFBA), pesquisadora de culturas negras no mundo atlântico, e autora do livro “A Trama dos tambores – a música afro-pop de Salvador”.
O evento também serviu de base para o lançamento do projeto Centro de Música Negra, realizado por Brown através da Associação Pracatum Ação Social e do grupo francês de mídia Mondomix. A proposta é criar o primeiro centro cultural internacional multimídia sensorial e interativo sobre músicas negras, acessível a todo tipo de público.
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