Com apenas dois livros publicados, o mexicano Juan Rulfo influenciou de forma decisiva a literatura latino-americana. “A planície em chamas”, livro de 1953, e “Pedro Páramo”, de 1955, são os precursores do realismo-mágico, movimento que inclui nomes como Gabriel García Márquez, Jorge Luís Borges e Julio Cortázar – todos admiradores confessos do trabalho de Rulfo.
No entanto, a exposição “México”, em cartaz até o dia 16 de junho, na Sala de Arte do Instituo Cervantes, focaliza uma outra vertente artística do escritor: mais produtivo e tão eloquente quanto sua obra literária, está um Juan Rulfo fotógrafo.
Ao mesmo tempo em que escrevia seus livros, Rulfo viajou pelo interior do México com uma câmera pendurada no pescoço. Tirou mais de 6 mil fotografias, todas ancoradas em um extremo senso documental. Como fez Walker Evans e Dorothea Lange nos EUA, registrando os rastros da depressão americana, Rulfo captou um México interior, pós-agitações sociais do início século XX. Nas imagens: cidades vagas, vestígios arquitetônicos do passado, paisagens rurais e, sobretudo, os moradores das pequenas cidades mexicanas, distantes da construção do México moderno.
“Duas mulheres, um menino e uma janela” (fotografia logo acima), escolhida para ser o carro chefe da exposição, representa bem o olhar que Rulfo lançou sobre a paisagem fotografada. Nela, há um autor distante, que não solicita uma intervenção ou uma presença na cena, mas que é forte o suficiente para dar voz ao que retrata. Em seu trabalho fotográfico, a exemplo do que fez na literatura, Rulfo oferece ao espectador a oportunidade de travar um intenso diálogo com as raízes do México.
SERVIÇO
México, de Juan Rulfo. Sala de Arte do Instituo Cervantes (Ladeira da Barra). Segunda a sexta, 9h às 20h e aos Sábados, 9h às 12h. Até o dia 16 de junho.
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