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Decoreba zero

Prova do Enem prioriza reflexão e habilidades em diversas áreas

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08/09/2013 às 14:58 • Atualizada em 28/08/2022 às 21:55 - há XX semanas
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Felipe Cayres (esquerda) estuda por uma vaga no curso de Engenharia Mecânica e Ilson (direita) quer Medicina e considera que, às vezes, o Enem força a barra
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi adotado por diversas instituições como processo de seleção, mas as diferenças entre o Enem e as provas do vestibular normal são inúmeras e devem motivar alterações na estrutura de educação do ensino médio.
Com uma proposta mais ampla, onde o conteúdo específico de cada matéria não é o principal critério de avaliação, o Enem traz uma prova menos “decoreba” do que aquelas a que o estudante estava acostumado.
“O Enem tem uma visão mais ampla, não é preciso saber tudo, você precisa é de uma visão mais crítica”, opina Felipe Cayres, de 19 anos. Ele fala com conhecimento de causa: hoje aluno do cursinho no Grandes Mestres, ele já fez os vestibulares da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Instituto Federal da Bahia (Ifba), provas do modelo Consultec de várias faculdades e, claro, o Enem.
Para ele, que busca uma vaga em Engenharia Mecânica, as provas como os vestibulares, que normalmente têm um modelo que exige conhecimentos mais específicos, são mais difíceis.
Saber coisas de cada matéria, detalhes, dificulta. O Enem é interessante, é mais amplo, mas em contrapartida é uma prova cansativa, você sai desgastado, poderia ter menos questões”, comparou ele, que, apesar de ter sido chamado para a Ufba em uma das listas que saíram depois da divulgação do resultado, vai fazer o Enem mesmo assim.
“Dependendo da minha nota, posso fazer outras coisas, estudar em outro lugar”, relatou o estudante de Jequié, que veio para Salvador para conseguir se preparar melhor para a prova. O estudante afirma que a maioria dos alunos é favorável ao Enem.“ A prova da Ufba era bem elaborada, mas pegava pesado.No Enem,não é a coisa decoreba, você precisa é treinar o tempo (para realizar a prova)”, analisou Felipe, apesar de ter saudade da segunda fase da Ufba. “A segunda fase pedia um conhecimento mais voltado para sua área. Podia ser o Enem só na primeira”, opinou.
CRÍTICAS - Para o candidato Ilson Meireles, de 20 anos, no entanto, a prova do Enem tem vários problemas. “Além da quantidade de questões ser muito grande e o fator tempo pesar muito, eles forçam demais para relacionar os problemas de matemática, por exemplo, com a atualidade”, opinou Ilson, que está no cursinho pelo terceiro ano e pretende cursar Medicina.
Apesar de considerar a diminuição do decoreba como uma vantagem do Enem, Ilson acha que a prova não seleciona os mais preparados.
“Ela não seleciona os mais aptos, porque existe uma sobrecarga de questões e o aluno tem que responder todas”. Ele também considera muitos dos textos trazidos como introdução das questões excessivos e questiona a importância da redação na avaliação. “Mesmo que você tenha feito bem as questões, uma excelente prova, no fim é a redação que vai definir, ela tem muita importância”, ressaltou. Sobre as chances de entrar na faculdade com a prova deste ano, ele considera a adoção do Prouni como um ponto contra.
“A Ufba é muito requisitada nacionalmente, então pessoas de outros estados vão vir, ainda mais sendo fase única”, afirmou.
REPERTÓRIO - A prova do Enem, segundo a diretora de Educação Básica da Secretaria de Educação do Estado (SEC), Ana Lúcia Gomes, é mais justa com o candidato, porque traz questões mais abrangentes.
“O Enem traz um caráter de reflexão e também articula com temas contemporâneos, então não basta saber o conhecimento das matérias se não souber articular isso”.
Segundo ela, a exigência do repertório cultural do aluno é que vai fornecer a base para essa articulação. “É um saber menos fragmentado, menos compartimentado e requer outras habilidades”, explicou.
A exigência de competências e habilidades é ressaltada pela educadora do Centro Educacional Vitória Régia, Ana Paula Vargas, como a matriz de toda a elaboração da prova do exame.
“Geralmente,as outras provas são feitas a partir dos conteúdos, já o Enem gira em torno de uma situação-problema e o candidato precisa resolver a partir do desenvolvimento de uma habilidade. É o conteúdo a serviço das habilidades”, pontuou Ana Paula, que aponta uma inversão de prioridades do Enem em relação a outras provas.
“Quando a questão é construída a partir de um conteúdo, o conhecimento prévio é a prioridade”, completou.
Entre as habilidades requeridas, ela lista o domínio de linguagens, a compreensão de fenômenos, a elaboração de propostas e o enfrentamento de situações-problema.
COMPETÊNCIAS - Sobre a inclusão da prova, a diretora de Educação Básica da SEC chama atenção para a correção que o avaliador tem que realizar, que é dividida em competências.
“O domínio da norma culta da língua é avaliado na competência 1, mas independente de algum deslize na grafia ou concordância, a defesa dos pontos de vista e os argumentos são outra competência”, analisou a diretora, que considera que o Enem tem um formato ético de política pública.
A correção da prova de redação do Enem considera cinco competências, cada uma recebendo nota de 0 a 5: demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa; compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa; selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a argumentação e elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

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