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Emoção e choro: os últimos momentos de Bell à frente do Chiclete

iBahia acompanhou todo o trajeto da despedida do vocalista, que deixa a banda após mais de 30 anos de história

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05/03/2014 às 0:42 • Atualizada em 30/08/2022 às 23:54 - há XX semanas
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O Carnaval de Salvador ficará marcado pelas despedidas em 2014. A principal delas, a saída de Bell Marques do Chiclete com Banana. Neste caso, não é apenas a despedida de um membro importante da banda, mas uma mudança que mexe com toda uma nação, a chicleteira. Uma nação de fãs dos mais diversos, dos que podem pagar quase mil reais por uma abadá ou que curtem tudo na pipoca.
O desfile do bloco Camaleão começou por volta das 14h. Até o final do circuito Osmar, seria preciso resumir os mais de 30 anos de estrada do grupo em algumas horas de muita nostalgia. A saída já ditava o clima de despedida, a cada cumprimento de Bell ao público, a cada leitura dos cartazes levados pelos foliões - eram centenas.
Na primeira música, um prenúncio da sequência de emoções que seriam despertadas no trajeto: o sucesso "Se me chamar eu vou". E o chamado era da Praça Castro Alves, mas até lá os últimos passos dos chicleteiros na Era Bell Marques ainda teriam alguns capítulos. Bell não quis falar muito e preferiu colocar em prática o que mais sabe fazer. Agitou a galera, mas a passagem do Chiclete com Banana no corredor da folia foi discreta. É que o melhor ainda estava por vir . Na esquina da Casa D'Itália, o primeiro momento especial da despedida do vocalista e sua tradicional bandana.
"Essa é uma área especial. Sempre foi um encontro bacana esse nosso com vocês aqui na frente da casa D'Itália. Vamos à Praça Castro Alves", disse Bell durante a apresentação no tradicional cruzamento. A partir dali, parecia que todos os foliões nas ruas do Campo Grande tinham ido à festa apenas para ver o Chiclete. Uma multidão que sabia todas as músicas do grupo na ponta da língua. No caminho, diversas homenagens dos fãs que desejavam sorte na nova jornada de ambos.
Avenida - A Avenida Sete de Setembro tem 4,6 km de extensão, mas nesta terça parecia ser mais longa, do tamanho da história do Chiclete com Banana, com direito a sol e chuva. Lentamente, o trio do Camaleão cruzou a pista a tempo de Bell Marques agradecer várias pessoas, nas sacadas dos seus apartamentos, nos becos, nos passeios. Fez dona Marinalva chorar copiosamente da janela, pediu para seu Zelito, de 94 anos, dançar o Lepo Lepo do Psirico e deu atenção ao maior número de chicleteiros que pôde. Leu cada faixa, sorriu e, de novo, agradeceu. "Que saudade da Avenida. Isso aqui é bom demais", afirmou o vocalista.
O choro era o momento mais aguardado, mas tinha hora e lugar para acontecer. Não era nada combinado, só sabido mesmo. Afinal, havia muita gente na Avenida Sete. E muita gente ainda era pouco. "O mundo inteiro desembarcou do lado do Chiclete e isso tudo é carinho", observou Bell, que se impressionou com a quantidade de pessoas que acompanhou o desfile. Sempre pedindo cuidado aos foliões e parando de cantar para tentar desafogar a galera do aperto. Ele também botou todo mundo para cantar sucessos como "Será", da Legião Urbana, e "Fogo e Paixão", de Wando.
Praça - A chegada do Chiclete na Praça Castro Alves talvez tenha sido um dos momentos mais marcantes do Carnaval 2014. Algo maior do que multidão estava lá. O trio parou no meio do local e mesmo toda aquela gente parecia ser apenas uma parte da nação chicleteira. Os olhares de todos os foliões estavam voltados para o cara da bandana. Os olhares do Chiclete estavam perdidos no horizonte. Era gente demais (Perdão pelo exagero. É necessário).
Aos gritos de "Sabe... Sou chicleteiro, com muito orgulho, com muito amor", Bell Marques só conseguiu agradecer. "Eu não vou quebrar a tradição do Chiclete de tocar para vocês na Praça e falar muito aqui. Só quero deixar o meu muito obrigado a todos vocês". O tecladista Wado Marques pediu uma pausa e, assim como todos os integrantes da banda, abraçou Bell, que chorou. Ele e muitos dos foliões. O desejo era de boa sorte. Juntos eles atravessaram a história do Carnaval, da simplicidade à estrutura complexa dos dias atuais. Vida que segue.
Bell Marques não conseguia escolher uma canção para encerrar sua apresentação. Aí decidiu iniciar um pout-pourri. Apenas ele e sua guitarra. Bastava entoar os primeiros versos e deixar o povo cantar. Um hit atrás do outro. A corda já estava no chão. Se fosse um bloco, seria o maior do mundo. Já era a maior pipoca. A despedida acabou ali, mas o trio ainda subiria a ladeira no caminho à Praça da Sé. Subiu com Bell Marques cantando, o Chiclete tocando, como se esse dia não tivesse fim.
*O repórter acompanhou todo o trajeto do bloco Camaleão em cima do trio e registrou em fotos e vídeos vários dos momentos citados na matéria, mas a câmera digital usada foi roubada na Praça Castro Alves, no meio da multidão. Apesar do jornalista não ter presenciado uma briga sequer, a violência, infelizmente, também seguia o Chiclete neste dia histórico.

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