O desfile do bloco Camaleão começou por volta das 14h. Até o final do circuito Osmar, seria preciso resumir os mais de 30 anos de estrada do grupo em algumas horas de muita nostalgia. A saída já ditava o clima de despedida, a cada cumprimento de Bell ao público, a cada leitura dos cartazes levados pelos foliões - eram centenas.
Na primeira música, um prenúncio da sequência de emoções que seriam despertadas no trajeto: o sucesso "Se me chamar eu vou". E o chamado era da Praça Castro Alves, mas até lá os últimos passos dos chicleteiros na Era Bell Marques ainda teriam alguns capítulos. Bell não quis falar muito e preferiu colocar em prática o que mais sabe fazer. Agitou a galera, mas a passagem do Chiclete com Banana no corredor da folia foi discreta. É que o melhor ainda estava por vir . Na esquina da Casa D'Itália, o primeiro momento especial da despedida do vocalista e sua tradicional bandana.
"Essa é uma área especial. Sempre foi um encontro bacana esse nosso com vocês aqui na frente da casa D'Itália. Vamos à Praça Castro Alves", disse Bell durante a apresentação no tradicional cruzamento. A partir dali, parecia que todos os foliões nas ruas do Campo Grande tinham ido à festa apenas para ver o Chiclete. Uma multidão que sabia todas as músicas do grupo na ponta da língua. No caminho, diversas homenagens dos fãs que desejavam sorte na nova jornada de ambos.
O choro era o momento mais aguardado, mas tinha hora e lugar para acontecer. Não era nada combinado, só sabido mesmo. Afinal, havia muita gente na Avenida Sete. E muita gente ainda era pouco. "O mundo inteiro desembarcou do lado do Chiclete e isso tudo é carinho", observou Bell, que se impressionou com a quantidade de pessoas que acompanhou o desfile. Sempre pedindo cuidado aos foliões e parando de cantar para tentar desafogar a galera do aperto. Ele também botou todo mundo para cantar sucessos como "Será", da Legião Urbana, e "Fogo e Paixão", de Wando.
Praça - A chegada do Chiclete na Praça Castro Alves talvez tenha sido um dos momentos mais marcantes do Carnaval 2014. Algo maior do que multidão estava lá. O trio parou no meio do local e mesmo toda aquela gente parecia ser apenas uma parte da nação chicleteira. Os olhares de todos os foliões estavam voltados para o cara da bandana. Os olhares do Chiclete estavam perdidos no horizonte. Era gente demais (Perdão pelo exagero. É necessário).
Aos gritos de "Sabe... Sou chicleteiro, com muito orgulho, com muito amor", Bell Marques só conseguiu agradecer. "Eu não vou quebrar a tradição do Chiclete de tocar para vocês na Praça e falar muito aqui. Só quero deixar o meu muito obrigado a todos vocês". O tecladista Wado Marques pediu uma pausa e, assim como todos os integrantes da banda, abraçou Bell, que chorou. Ele e muitos dos foliões. O desejo era de boa sorte. Juntos eles atravessaram a história do Carnaval, da simplicidade à estrutura complexa dos dias atuais. Vida que segue.
Bell Marques não conseguia escolher uma canção para encerrar sua apresentação. Aí decidiu iniciar um pout-pourri. Apenas ele e sua guitarra. Bastava entoar os primeiros versos e deixar o povo cantar. Um hit atrás do outro. A corda já estava no chão. Se fosse um bloco, seria o maior do mundo. Já era a maior pipoca. A despedida acabou ali, mas o trio ainda subiria a ladeira no caminho à Praça da Sé. Subiu com Bell Marques cantando, o Chiclete tocando, como se esse dia não tivesse fim.
*O repórter acompanhou todo o trajeto do bloco Camaleão em cima do trio e registrou em fotos e vídeos vários dos momentos citados na matéria, mas a câmera digital usada foi roubada na Praça Castro Alves, no meio da multidão. Apesar do jornalista não ter presenciado uma briga sequer, a violência, infelizmente, também seguia o Chiclete neste dia histórico.
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