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A falta de infraestrutura e sinergia entre os modais de transporte mais uma vez foram apontadas como o grande entrave para o escoamento da produção dos principais pólos econômicos do Estado. Esta foi a tônica da terceira etapa do Agenda Bahia, cujo tema discutido foi Agronegócios, com foco em economia climática e industrialização. O evento – uma parceria entre o grupo da Rede Bahia e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) – foi realizado nesta quarta-feira (14), no auditório da federação, no Stiep.A necessidade de uma logística de transporte que consiga atender a crescente demanda de alimentos produzidas no Brasil e na Bahia foi defendida pelo sócio-diretor da MB Associados, Alexandre Mendonça de Barros, durante a palestra “Crise mundial e seus efeitos nos mercados agrícolas e na industrialização”. “A nossa infraestrutura é precária e o custo do transporte continua sendo alto. Com isso, reduz a margem de lucro do produtor e eles não se sentem motivados para investir”, afirmou Barros, ressaltando que a Bahia possui grande potencial de biomassa, aves, suínos, grãos, leite, mas esbarra em dois problemas: pouca facilidade de abate e desenvolvimento tecnológico.Ao apresentar dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês de Food and Agriculture Organization), Barros apresentou um panorama do aumento nos preços globais de gêneros alimentícios básicos no mundo. “Se você ver o gráfico da FAO, com exceção da crise alimentar mundial de 2007 e 2008 provocada pela revolução verde, verifica-se uma queda consistente no preço dos grãos nos Estados Unidos entre 1913 e 2008. Com o salto da produtividade, os preços agrícolas caíram cerca de 5% ao ano, mas de 5 anos para cá, houve uma reversão: uma alta nos valores, que representam o dobro ou o triplo dos principais alimentos que a humanidade produz”. Oferta x demandaDe acordo com o sócio-diretor, o grande desafio do mundo hoje é atender a demanda, ao contrário da história agrícola do século XX ditada pelo lado da oferta. Para ele, o aumento da demanda por alimentos do mundo se deve a cinco fatores: o crescimento da população e da taxa de urbanização; o aumento de renda e as mudanças nos padrões alimentares; os biocombustíveis; a desvalorização do dólar; e os fundos em commodities agrícolas. “A oferta não está conseguindo atender a demanda. As economias desenvolvidas tinham estoques muito altos, mas hoje estamos operando com estoques pequenos. Apesar da alta dos preços da cesta de produtos agrícolas, a oferta mundial não aumentou. No Brasil, por exemplo, um dos fatores é a taxa de câmbio, já que os preços aumentaram em dólar, mas não em real. A área plantada no Brasil é o mesmo que em 1984. A trajetória do Brasil é de produtividade e não de expansão de área”. Alexandre Barros acredita a Bahia, como o Brasil, seguirá a tendência mundial com grande potencial de crescimento, mas esbarra no problema da logística de infraestrutura. “A Bahia, como o Brasil, possui um zoneamento geográfico espetacular, mas ainda existe várias limitações, como a taxa de câmbio sobre as commodities, o custo de transporte ainda é alto, além dos desafios de tecnologias adaptadas para cada região”.