Águas Tranquilas - por Jony Torres

A rodada do fim de semana deixou a torcida do Vitória empolgada e a galera do Fluminense de Feira aliviada. Um está quase garantido em primeiro no seu grupo, enquanto o outro praticamente se livrou da segundona. Já os torcedores do Bahia de Feira e do tricolor da capital, viveram emoções completamente opostas. O similar venceu o original, botou fogo na classificação do Grupo 3, e uma interrogação na cabeça de quem espera ver um retorno triunfante do Bahia à elite do futebol nacional.

Seguindo firme na busca pelo penta, o Vitória teve ontem dois ótimos motivos para comemorar: o triunfo diante do Feirense e uma belíssima atuação do menino Nikão. O moço, da mesma forma que Dodô, no tricolor, é, em minha opinião, uma das revelações do campeonato, levando em conta que o centroavante tricolor Rafael estourou antes, na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Nikão não só faz gols, como bate no gol do jeito que a bola cai no pé, dita o ritmo do time, dá passes certos, como no gol de Mineiro ontem, e está fazendo valer a chance dada pelo professor Lopes.

Não é para achar que o título está no papo, nem mesmo que o elenco está fechado para disputar a Série B, mas acho que o delegado encontrou um bom caminho. Não sei aonde até ele chega, mas o torcedor já reconhece como o time joga e isso é a prova de como o grupo está fechado e o técnico tem o elenco na mão.

Sem nenhum motivo para desespero, mas já com semblante preocupado, o comandante do rival navega em águas turbulentas após a derrota de ontem. Não há como saber se o que vem por aí vai ser um período de bonança ou tempestade. O próprio técnico admitiu o que o torcedor já sentiu: o time desandou desde a parada para o Carnaval, mesmo tendo conseguido algumas vitórias.

Benazzi disse ontem que tem algo de errado com o time que ele precisa resolver, não explicou o que seria, desconversou durante a coletiva, afirmando não ser culpa de ninguém. Mas, quem conhece um pouco deste mundo do futebol, já pressentiu sua crescente preocupação e não deve ser somente a perda do Jones pelos próximos jogos.

Não creio que o resultado de ontem venha a interferir na empolgação do time para a próxima quarta-feira, quando precisa vencer o Paysandu dentro de casa, e é bom que não influencie mesmo, uma vez que a partida não vai ser fácil. O Paysandu é fraco, mas por causa do regulamento da Copa do Brasil, empate sem gols da semana passada obriga o Bahia a não levar gol, marcar e sair vitorioso.

Se as coisas não derem certo esta semana e o time ficar fora da Copa do Brasil, aí sim o mar vai ficar revolto e pode até complicar as coisas no Baiano. Agora marujo, não dá mais para fugir da maré, é remar e passar pela arrebentação.

Jony Torres é jornalista da TV Bahia e escreve às segundas-feiras.
Coluna publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 4 de abril de 2011