Que o baiano é um povo de místicas, superstições e criatividade, todos sabem. Para tentar justificar o fracasso do Vitória como mandante neste Brasileirão, tem até torcedor acreditando que o problema é com o Barradão. Mas será que o estádio virou mesmo uma casa mal-assombrada?
O CORREIO fez uma retrospectiva das dificuldades enfrentadas pelo Leão durante o ano e identificou que o problema não é exatamente só com o estádio do Vitória.
O planejamento foi pelo ralo antes mesmo do primeiro semestre acabar. Até agora, foram dois presidentes, cinco técnicos - sem contar com o interino Flávio Tanajura -, três diretores de futebol e 26 atletas contratados.
Um dos erros mais graves aconteceu antes do Brasileiro. Após a demissão de Argel Fucks, na véspera das finais do Campeonato Baiano, o time seguiu a busca por um técnico. Deixou Wesley Carvalho nos dois Ba-Vis decisivos do estadual e anunciou em seu site que a pesquisa por um treinador foi árdua. Na nota oficial, o clube afirmou que “técnicos como Marcelo Oliveira, Jorginho, Ricardo Gomes e Eduardo Baptista foram sondados, porém, ou não se encaixavam na filosofia que o Leão pretendia, ou não estavam disponíveis a tempo de tocar este projeto”.
PET MULTIUSO
Diante do cenário, oito dias após ser contratado como gerente de futebol, o sérvio Petkovic foi promovido a “Team Manager” pelo diretor Sinval Vieira, acumulando as funções de técnico e gerente de futebol. Sinval deixou o clube menos de um mês depois, e Pet virou diretor de futebol.
Pet fez sua primeira partida como treinador na estreia do Brasileirão e ficou no cargo por quatro rodadas - acumulou um empate e três derrotas. Depois, decidiu focar no trabalho de dirigente e, após analisar uma “lista com mais de 30 nomes”, como a própria diretoria do Leão afirmou, contratou Alexandre Gallo.
O treinador comandou o time em 11 partidas e não repetiu a escalação em nenhuma delas. Resultado: só 11 pontos somados (três vitórias, dois empates e seis derrotas).
A gota d’água veio na 15ª rodada, quando o rubro-negro perdeu por 3x1 para o Grêmio no Barradão. Antes da bola rolar, o então vice-presidente Agenor Gordilho anunciou que se afastaria e acusou Ivã de ser um presidente ausente. Horas depois, o Leão foi derrotado e, desta vez, Ivã de Almeida anunciou que ficaria três meses de licença.
Sem ninguém para assumir o cargo, Agenor voltou atrás e se tornou o presidente em exercício. Seu primeiro ato foi se reunir com pessoas ligadas ao clube e, dois dias depois do jogo, optou pela demissão de Alexandre Gallo. Mais quatro dias, e Petkovic, que não tinha bom relacionamento com o elenco, também caiu.
O Leão ficou pouco tempo sem técnico e sem diretor. No dia 25 de julho, um dia após a queda de Pet, o clube anunciou o técnico Vagner Mancini e o diretor de futebol Cléber Giglio, o terceiro profissional contratado para o cargo no ano.
A licença de Ivã de Almeida expirou no dia 17 de outubro, mas ele decidiu não retornar ao cargo e solicitou mais 90 dias longe do Vitória.
AS CONTRATAÇÕES
Após a entrada de Giglio, o Vitória não contratou mais nenhum reforço. Para a temporada, Sinval fechou com 14 nomes, enquanto Pet trouxe 11. Ao todo, foram 26 atletas (confira abaixo) para todas as posições, exceto o gol. Foram seis laterais, quatro zagueiros, três volantes, sete meias e seis atacantes. Vale ressaltar que Uillian Correia fechou contrato ainda na gestão de Raimundo Viana.
Dos reforços, sete já foram embora: Dátolo, Paulinho, Leandro Salino, Pisculichi, Pineda, Bruno Ramires e Gabriel Xavier, este vendido para o Japão e único que deu algum retorno financeiro ao clube.
Dos 19 restantes, sete são titulares (Wallace, Caíque Sá, Juninho, Uillian Correia, Yago, Neilton e Tréllez), oito costumam entrar nos jogos ou suprir ausências no time (Geferson, Cleiton Xavier, Fred, André Lima, Patric, Fillipe Soutto, Carlos Eduardo e Danilinho) e três praticamente não entram em campo (Alan Costa, Renê Santos e Thallyson). O também contratado Júnior Todinho chegou a ser utilizado, mas sofreu lesão no joelho, passou por cirurgia e só jogará em 2018.
Encontrar a escalação perfeita é tão difícil que, só neste Brasileirão, 37 atletas vestiram a camisa do time. Foram 27 escalações diferentes em 31 rodadas. Mancini foi o único que conseguiu repetir a equipe.
PERDAS
O elenco também sofreu com perdas importantes. A principal delas foi o capitão do time, o volante Willian Farias, que sofreu uma distensão no joelho no dia 8 de julho, no triunfo por 2x1 contra o Atlético-GO, pela 12ª rodada. Ele segue sem atuar e não tem previsão de retorno.
O problema é que, quando perdeu Farias, o time não contava com nenhum atleta que atuasse como primeiro volante, já que José Welison havia machucado o joelho em abril e ficou seis meses sem jogar. Ramon foi improvisado.
BARRADÃO
O Vitória faz a sua pior campanha da história em casa desde 2006, quando o Brasileirão adotou o formato de pontos corridos com 20 clubes. O time é o pior mandante da competição, com apenas dois triunfos, ambos conquistados ainda no primeiro turno, contra Atlético-MG e Ponte Preta. A última vez que venceu foi no dia 2 de agosto. Foram ainda quatro empates e 10 derrotas. O aproveitamento como mandante é de 20,8%. Dos 34 pontos que o Leão somou nas 31 rodadas disputadas, só 10 foram no Barradão.
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Redação iBahia
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