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BaVi decisivo: a experiência de Joel ou a ousadia de Caio?

Joel Santana e Caio Júnior são representantes de gerações distintas de treinadores e estarão cara a cara no Ba-Vi das 16h de hoje, na Fonte Nova

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12/05/2013 às 12:52 • Atualizada em 02/09/2022 às 5:43 - há XX semanas
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Estilo, metodologia, currículo e postura bem diferentes. Joel Santana e Caio Júnior são representantes de gerações distintas de treinadores e estarão cara a cara no Ba-Vi das 16h de hoje, na Fonte Nova. Símbolo da velha guarda, Joel é o técnico mais velho em atividade entre os clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Aos 64 anos, 32 deles comandando times de futebol, Joel é dono de uma coleção de títulos de dar inveja. Em se tratando de estadual, o Papai é um ‘papa-títulos’. Ganhou 11 ao longo da carreira: sete cariocas e quatro baianos. Detalhe: Joel levantou a taça de todos os Campeonatos Baianos que disputou. Festejou em 1994 e em 1999 com o Bahia e também em 2002 e 2003 com o Vitória. “Eu gosto de trabalhar com jogadores que eu conheço”, conta o segredo. Caio é 16 anos mais novo. Tem 48 de idade e apenas 11 de carreira. Já treinou 14 clubes, mas ainda vive no Vitória a expectativa de comemorar seu primeiro título estadual. “Eu joguei pouquíssimos estaduais”, justifica o técnico do Leão, que está invicto em Ba-Vis: 5x1 e 2x1. Os resultados nos clássicos deste ano e a boa campanha no estadual apontam o Leão como favorito. O retrospecto também conta a favor de Caio Júnior no embate com Joel. O Vitória não perde para o Bahia na Fonte Nova há dez jogos e venceu os últimos cinco. Representante da nova geração de técnicos, Caio coloca a tecnologia literalmente em campo para mostrar a melhor estratégia e tem um analista de desempenho em sua comissão técnica. “Eu não conseguiria mais trabalhar sem esse componente da comissão. Trabalho muito com vídeo, com a imagem do adversário, com a nossa imagem. Acho fundamental”, comenta. Joel prefere usar métodos antigos e não abre mão da prancheta que o acompanha ao longo da carreira. “Gosto de anotar tudo e de ficar mesmo com a minha velha prancheta, não tem jeito”, admite. As equipes dos dois também se apresentam diferentes pra galera da arquibancada. Joel é retranqueiro e tem a defesa como principal preocupação. Caio joga pra frente e aposta na velocidade, tanto é que o Vitória tem o melhor ataque do Baiano, com 21 gols. Os esquemas táticos adotados têm relação com a época em que eles ainda figuravam dentro das quatro linhas. Joel foi zagueiro. Caio, atacante. Nova MoralApesar de tantas diferenças, há uma semelhança na carreira de Caio Júnior e Joel Santana e ela está lá no finalzinho do currículo deles. Os dois estavam em baixa quando a dupla Ba-Vi os contratou. Joel foi demitido do Flamengo em 23 de julho e estava há quase nove meses sem comandar uma equipe quando o tricolor decidiu resgatá-lo no dia 8 de abril. Caio Júnior deixou o Bahia em 28 de agosto do ano passado e passou mais de três meses afastado dos gramados até o Vitória apostar nele para ser o treinador do time na temporada. No próximo domingo, um dos dois vai levantar a taça e também a carreira. “Fica na história quem ganha. Temos noção disso e, por isso, vamos dar a vida pra conquistar esse título”, avisa Caio Júnior. “Todo mundo só lembra do título, é o que bota a fotografia, o troféu. É o que marca na vida”, lembra Joel. O currículo de um dos dois começa a ganhar novas linhas a partir de hoje. Joel Santana - O papa título Qual o segredo dos títulos? Eu trabalhei com grupos que aceitaram a minha maneira de trabalhar, de ser e de agir. Isso vem dando certo desde 1986 ou 1987. Lá no Rio, tive jogadores que me acompanharam em três clubes diferentes e fomos campeões: Romário, Djair, Pingo, Jorge Luís, Aílton. Pra falar a verdade, não sei qual é o segredo, o material que eu coloquei dentro desse bolo. Eu sou um iluminado. Nós, treinadores, somos muito contestados. Você está feliz aqui? Muito. Senão eu não viria. Mas pode melhorar. Eu tava sendo assediado pra sair do Brasil e sabia que aquilo me daria uma coceirinha, era um país do mundo árabe, um clube bom... Mas eu me antecipei, recebi a proposta do Bahia numa segunda e na quarta já tava no Maranhão. Ainda tô no hotel em Busca Vida, minha mala ainda tá fechada, eu tiro uma muda de roupa e boto do lado de fora. Se precisar me mudar, é só botar no carro. E por que não desfez a mala? Porque não tenho uma casa ainda. Tô vendo apartamento mais pra cidade. Até semana que vem eu tô me mudando. O título seria um bom estímulo pra desfazer essa mala? Não. O pior momento nós já passamos, que foi a fase que eu cheguei, que estava uma revolta geral, mas hoje eu saí e já senti o torcedor do Bahia diferente, com confiança, de vir conversar: “Vamos ganhar domingo”. Antigamente, só reclamavam. O título pode trazer confiança? Eu acho. Um título é um título. Um exemplo: quando eu cheguei aqui em 1994, meu primeiro jogo perdi de 4x1. Depois me chamaram todos os anos para festejar o título com o gol de Raudinei. O resultado de um jogo ninguém lembra, todo mundo só lembra do título, é o que bota a fotografia. É o que marca na vida. Os jogadores que te conhecem podem fazer a diferença? Podem, porque eles sabem minha maneira de ser e levam aos outros. Às vezes, os outros não entendem e eles falam: ‘Não faz isso, você não conhece o Papai, Papai é fogo’. Muitos daqui tiveram momentos difíceis e eu mantive a batuta com eles. O jogador leva como gratidão. Quais são esses jogadores? Toró, Titi, Fahel, Lomba, Souza, Zé Roberto. Conheço bem. Toró é caso específico. Estava sem espaço e você apostou... Quando eu conheci o Toró, ele iria ser uma das maiores revelações do futebol brasileiro. Ele e o Arouca eram os jogadores sensação. Não sei porque cargas d’água, o Arouca decolou e ele ficou. Fui pro Flamengo e arrumei função pra ele. Conheço a vida dele, os momentos difíceis porque ele me pedia conselhos. Zé Roberto evoluiu nas semifinais. Conversou com ele? Conheço o Zé Roberto há 13 anos e perguntei: “Você desaprendeu? Tá rico? Não é possível cara, você desequilibrava o jogo pra mim e hoje em dia tu não pega na bola, a bola tá queimando no teu pé”. Talento ele teve: campeão brasileiro, titular no Flamengo. Desaprendeu? Houve notícias de críticas de Caio quando assumiu Flamengo e Botafogo, antes treinados por você. Tem mágoa dele? Se eu tivesse mágoa em relação a tudo que falam pra mim, não iria viver. Eu nem ligo pra isso. Eu vi comentários de jornal e até uma vez ele me ligou me dizendo que não era verdade o que estavam falando no Botafogo. Sabe o que acontece? Eu já to vacinado. A minha vida é uma exatidão, você vai na internet e tira meu currículo. Até tô com vontade de fazer um currículo novo pra colocar duas conquistas: a Copa de Ouro que conquistei em Los Angeles, com o Vasco; e um titulo com o Flamengo, uma Copa dos Campeões de Libertadores - disputamos e ganhamos uma final com o São Paulo. A defesa é o melhor ataque? Não. Um time é uma composição de equilíbrio. Tem que ter defesa forte e ataque que faça gol. Não é o que eu quero. É o futebol moderno que pede isso. Você chamou Gabriel de joia. Talisca pode ser o novo Gabriel? Tem potencial, mas depende de como ele encara o futebol. Conheço pouco, mas tem talento. Você é o treinador mais velho em atividade no Brasil. Como acha que o futebol vê os experientes? É mesmo? Poxa. Você sabe a minha idade? Tudo que falaram pra você é mentira. O treinador do Manchester (Alex Ferguson) está há 27 anos, agora é que ele está pensando em se aposentar (se aposentou quarta). E ele é muito mais velho do que eu. Treinador você não tem que julgar pela idade, mas pela capacidade. Sabe o que acontece? Hoje, o Joel Santana não precisa mandar o currículo pra nenhum lugar porque todo mundo conhece. Você usa tecnologia ou só a prancheta mesmo? Isso é modernismo. As pessoas gostam de andar na moda. Eu tenho tudo isso, laptop... Às vezes uso, às vezes não uso. Eu gosto de anotar tudo e de ficar mesmo com a minha velha prancheta, não tem jeito. O Vitória tem vantagem psicológica nesse clássico? Tem. Ganhou dois jogos. Moralmente, estão um pouquinho melhor do que a gente. Mas vamos ver nesse terceiro jogo, que nós temos tempo de trabalhar. O que pode fazer a diferença para o Bahia ser campeão? A gente jogar bem, sem os erros do último jogo contra eles. Nós temos condições de vencer. A nossa torcida é muito grande, nós temos a história de uma camisa, de um clube que tem dois campeonatos brasileiros. Caio Júnior - Invicto no Ba-Vi Você ainda não conquistou um estadual. A final tem peso maior?Eu, na verdade, joguei pouquíssimos estaduais. Minha carreira foi metade fora do Brasil e metade aqui, e muito mais jogando Brasileiro. Dos que eu disputei, fui campeão do Interior com o Cianorte-PR. Pra você ganhar, precisa disputar bastante. A campanha é boa, mas estadual fica na história quem ganha. Do outro lado, Joel, um papa títulos. Como encarar isso? Respeito muito o Joel pela história, pela carreira... No mínimo, são mais de 20 anos de carreira do que eu. Minha história está sendo construída, como a dele já foi. Mas o importante é ter uma equipe formada e o ápice vai ser no Brasileiro. Tá encorpando agora... Um Vitória mais ofensivo, um Bahia que prioriza a defesa... São estilos diferentes e quem tem que avaliar isso são vocês da imprensa... Quando um dirigente contrata um treinador, tem que saber qual o estilo desse treinador. Em cima disso, respeitar. Minhas equipes se caracterizaram por fazer muitos gols. O Vitória é a equipe que fez o maior número de gols na competição e ao longo dos 20 jogos comigo são mais de 40 gols.] Você tem um analista de desempenho na comissão técnica. Como a tecnologia te ajuda? Eu te diria que eu não conseguiria mais trabalhar sem esse componente da comissão. Trabalho muito com vídeo, com a imagem do adversário, com a nossa imagem. Acho fundamental. Quando eu assumi o Botafogo, lá não tinha uma pessoa especializada e o professor Parreira me indicou Thiago ‘Larg’, um estudioso do futebol, jovem, que trabalhava ligado a ele. Pediu pra fazer estágio, eu aprovei e ele acabou sendo contratado. Hoje é o especialista na área de vídeo e edição de imagem da Seleção Brasileira. Ao substituiu Joel no Flamengo e Botafogo, houve informação de que você criticou a forma de jogar das equipes. O que aconteceu? Não falei nada disso. Não desrespeitaria o trabalho de um outro treinador. Quando assumi o Flamengo, fiquei dois dias no clube com ele ainda sendo o treinador. Foi uma coisa inédita. E ele me passou a característica de todos os jogadores, fiquei no quarto dele. No Botafogo, alguém da imprensa criou uma situação que não aconteceu. Primeiro jogo na Fonte Nova, onde o Vitória venceu os últimos cinco clássicos. Pesa? Até esse momento, temos uma imagem muito positiva na Fonte Nova. E isso na mente dos jogadores é bom. Eles vão para um local onde já tiveram sucesso em outras oportunidades. O grande fator positivo não é só o fato da gente ter ganho, mas o campo, que é muito bom. Nos dá a possibilidade de usar a velocidade. E esse Vitória pode apresentar alguma surpresa na final? É até bom você tocar nisso. Eu nunca fechei treinamento. Faz parte da minha forma de trabalhar. Vocês podem assistir aos treinos. Não tem surpresa. O que significa entrar no Brasileiro com esse título Baiano? Fundamental para o trabalho. Infelizmente, no Brasil, o que vale é o momento, as conquistas. Hoje, Tite está há dois anos e sete meses no Corinthians e não é a toa que está fazendo um trabalho brilhante. Meus melhores trabalhos foram nos que passei mais tempo. No Al Gharrafa, tive um trabalho excepcional. E não tem jeito se não for assim... No mínimo, dez equipes têm orçamento maior que o nosso ou talvez cinco vezes mais... O torcedor vai querer disputar os dez primeiros lugares e não é fácil. Nesse aspecto, seria fundamental, até porque não conquistamos a Copa do Nordeste. É uma coisa que sofro quando lembro. O meio é o setor mais consistente. Onde precisa de ajuste? O meio-campo é o mais consistente, principalmente por um jogador, que dá uma estabilidade à equipe, que é o Escudero. Ele se adapta à parte tática. Você pode usá-lo pelo lado, por dentro, como segundo homem, terceiro... Realmente foi uma contratação espetacular. Nas laterais, Nino e Mansur em alguns jogos oscilam, principalmente na marcação. Na frente, oscila. Você prefere trabalhar com atletas de sua confiança? É uma dificuldade pra mim. Prefiro já ter uma equipe meio pronta e lançar jogadores da base. O mercado é muito traiçoeiro. Fora do campo não é o que eu gosto no futebol. O mundo empresarial é meio complicado. Quando às vezes você gosta de um jogador e vai mexer no assunto, envolve parte financeira, transação e isso eu detesto. Sou totalmente contra a participação do treinador e por isso tenho restrição a indicar jogador. Só com muita segurança. Quais dos contratados já trabalharam com você? Maxi, Fabrício, David (Braz) e só. Mas óbvio que conhecia a maioria. As contratações de Maxi, Cajá e Escudero tive a participação mais de convencer a virem, de acreditarem no trabalho, pois estavam fora do país. E como é o contato com o torcedor rubro-negro nas ruas, no dia a dia de Salvador? Procuro sair muito pouco. Gosto de ficar mais no hotel, onde moro, fazer as refeições por lá. Tenho muito cuidado. Porque entendo que não sou o Caio Júnior na rua. Sou um personagem, o treinador do Vitória e tenho que entender qualquer tipo de manifestação. Sou muito respeitado, até pela torcida do Bahia que entendeu a minha saída. Só tenho a agradecer aos torcedores do Vitória, que brincam comigo, pedem pra tirar foto. Eu tô muito feliz aqui na Bahia. Tô muito satisfeito e essa felicidade vai passar muito por esse título. Matéria original: Correio 24h A experiência de Joel ou a ousadia de Caio. O que vai decidir o Ba-Vi?

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