Que Bavi que nada, esse clássico, cujo derradeiro triunfo foi da primeira sílaba pedagógica e paulofreiriana, Ba, é muito importante, mas e a vida? Que Bavi que nada, maior ainda é o clássico vida noves fora zero de continuarmos vivos e prontos para o jogo da sacanagem e da existência, mesmo que seja o contrário Viba, biba, viadagem, carnavale, qualquer coisa, esquece. Que Bavi que nada, viva a vida, a vaia e a possibilidade de boa convivência e tiração de onda entre as torcidas. Clássico por clássico, melhor o da nossa casa, o bucevida, o tédio contra o sexo, que o sexo vingue, suinge, eita porra.
Chega de casamentos que já demoram... Ou o sexo x sexo, nos casamentos precoces, todos fadados ao mesmo Fracasso Lindo Futebol Clube. Bucevida, o Bavi da putaria, repito, futebol clube. A gente sabe que, inevitavelmente, não haverá outros placares nesses jogos. A gente insiste, mas a gente num é besta, o tempo passa, como no cronômetro do juiz, no máximo aguentaremos os descontos, o resto é nego e nega caindo fora, oxe.
Sim, podemos nos arretar, essa porra toda, mas na boa, insisto, essa briga de torcida é a maior viadagem que nós, os torcedores de verdade, já vimos na vida. Homem agarrando violentamente outro homem, ai, santa, estou fora! Todo torcedor de estádio é, quase inevitavelmente, um viado. Vai lá para agarrar o seu companheiro: seja no abraço do gol ou seja na violência contra o seu futuro marido. O jogo é jogado e o lambari é pescado. Esquece.
Aí, coisa ruim, teu time perdeu, mas tua vida está mais que viva, tua mulher, teu filho, teu axé, teu rock’n’roll, deixa de ser besta, besta é tu, porra. E o mais louco ainda: essa coisa de dar as orelhas para a idiotice policial mandar o cassetete é otarice. Deixa esses manés cumpriremo trabalho nas oiças dos outros. Eles batem mesmo, inclusive nos seus irmãos de bairro e de classe, eles não sabemo sentido da vida.
Não caia nesse conto, amigo, ou tem proteção para nós todos ou não sejamos otários. Melhor beber na casa dos bróderes de fato. Por essas e por outras é que vemos agora a morte final do futebol paulista: menos de 20 mil pessoas num Santos x Corinthians. São Paulo não é o túmulo do samba, é a morte dos clássicos e do futebol de verdade. Adoniran Barbosa vive, mas o futiba sobrevive apenas nas tevês da classe média, já era.
Falar nisso, estava com o meu amigo Mazinho, paulista, na direção do seu veículo, e recebi, renovadamente, o maior elogio que um homem pode receber na vida: -Baianos! Juro que fiquei com raiva, mas o próprio Mazinho me aquietou um pouco, “calma”. Fiquei com raiva por não ter tido tempo de me orgulhar e dizer que sou baiano, não importa no Estado nordestino que eu esteja, seja, ou venha. Será que esses sudestinos não vão aprender nunca?
-Fodam-se!
Xio Sá é jornalista, autor de Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha. Coluna publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 23 de fevereiro de 2011
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