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Bronze no boxe, baiana detalha dificuldades; leia

Adriana Araújo é de Salvador e conquistou a única medalha baiana em Londres. Ele lembra das dificuldades e critica dirigente

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09/08/2012 às 8:12 • Atualizada em 01/09/2022 às 22:46 - há XX semanas
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Os dois olhos ainda estavam roxos, mesmo após duas horas e quinze minutos até fazer o exame antidoping. Ao sair da sala anexa ao ginásio Norte 2 do ExCel Arena, Adriana Araújo não conteve a alegria: “Fico feliz por levar isso para o meu estado, para a minha cidade”, disse ao CORREIO sobre o bronze na categoria leve até 60 kg. É a única medalhista baiana em Londres.Emocionada, não podia controlar o tremor da boca em vários momentos da entrevista, em que lembrou da perda dos pais e dos momentos difíceis na carreira. Aproveitou ainda para desabafar contra o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro José da Silva. Você é a única baiana no pódio em Londres e levou a 100ª medalha brasileira. Como se sente?Me sinto felizarda, fico feliz por levar isso para o meu estado, para a minha cidade. Agradeço a Deus e ao meu professor Luiz Dórea, que compartilhou tudo comigo para viver esse momento, às pessoas que me ajudaram, aos amigos, à galera de Brotas, que fez torcida por mim.
Como quer a recepção?Vai rolar uma grande festa por lá, com certeza. Só o fato de estar lá vai ser suficiente. Muitos atletas estão aqui porque são abnegados.Quais foram as suas principais dificuldades?O período mais difícil foram os dois últimos anos. As dificuldades de atleta são normais, mas a perda de meu pai, de minha mãe, de meu sobrinho... O fato também de estar longe da minha cidade, longe do meu treinador, tudo isso foi uma grande dificuldade para superar e chegar aqui para conseguir essa medalha. Todas essas coisas negativas, tudo isso fez com que eu conseguisse essa medalha. Você pretende mudar de modalidade?Penso muito no boxe profissional, sempre esperei por esse momento para ser profissional e acho que chegou a hora. Com a maturidade que eu tenho, é agora. Você teve problemas com a CBBoxe. O presidente ligou para te parabenizar?Não. E a pessoa que eu quero falar é Luiz Dórea. Foi ele que compartilhou e lutou junto comigo e me fez acreditar que eu poderia chegar aqui. Vai seguir treinando em São Paulo ou voltar para a Bahia?Agora vou voltar para Salvador, para a minha academia, treinar com o meu treinador e esperar para saber o que ele pensa para minha carreira. Quanto tempo você ficou em São Paulo contra a vontade?Dois anos. Todo esse trabalho que estou tendo esse retorno agora foi feito lá em Salvador durante anos e mais anos na Bahia. E hoje a seleção está colhendo o fruto de um trabalho que foi feito lá atrás. Foi o professor Dórea que me deu todo esse amadurecimento. Era melhor ter ficado na Bahia?Sou atleta da Bahia e o resultado está vindo de onde? Da Bahia. Isso mostra mais uma vez que a Bahia e Luiz Dórea são capazes de fazer campeões e medalhistas. Acho que ele (o presidente da confederação, Mauro José) tem que aprender a respeitar tanto o meu treinador, como a Bahia e a mim como atleta. Você pensa em fazer algo para mudar a direção da CBBoxe?O Brasil precisa saber quem está por trás disso tudo. (O povo) Não tem noção do que nós atletas passamos para chegar numa Olimpíada. Na verdade, eu não estou fazendo pressão. Só estou fazendo um desabafo de coisas que passei. Infelizmente, quem está por detrás disso tudo não sabe e não viveu o que eu já vivi e o que eu lutei para chegar aqui hoje. Não tenho nada contra ninguém, na verdade o Brasil e o povo só precisam saber quem é essa pessoa aí. O que você sofreu?Humilhações, você se sentir obrigada a ficar num lugar onde você não quer ficar. Ele me obrigou a deixar o meu treinador, que já me conhece há muitos anos, já conhece o meu trabalho, sabe tudo o que eu precisava e ele (o presidente da confederação) fez isso. Hoje ele está colhendo, mas isso aqui é fruto de um trabalho de lá atrás, até mesmo da gestão anterior, que me ajudou muito. Você tentou que Dórea fosse te treinar em São Paulo?Não, porque ele (o presidente da confederação) disse que ‘técnico não se pode levar na mochila’. Tinha que ser o técnico que eles queriam. Mas como é a relação com os profissionais da seleção?O Cláudio Aires e o Mateus Ramos me ajudaram muito. A equipe multidisciplinar me ajudou, não tenho o que falar da seleção, e sim dessa pessoa aí. Ele sim tentou destruir o meu sonho, mas, como Deus é Deus, conquistei essa medalha. Ele pensa que a seleção não é uma seleção de boxe, mas sim a seleção dele. Por que essa situação?Um filho é feliz ficando longe da mãe? Não é. Essa é a única seleção que fica quatro anos presa num estado. Ele (presidente da confederação) diz que, onde ele mora, a seleção tem que estar. Ele diz que, se morasse no Amapá, a seleção tinha que estar lá. Todos os outros atletas (de outros esportes) ficam com seus técnicos, em suas cidades e se reúnem 15 dias, um mês antes das competições. No boxe, não.

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