O Campeonato Baiano de futebol começa pra valer esta semana, Bahia e Vitória vão medir forças enquanto os times do interior do estado ressuscitam para tentar mais uma vez acabar a hegemonia dos dois grandes da capital. Se o Torneio Início, grata surpresa deste ano, valer como parâmetro, poderemos ter um novo campeão e o surgimento de algum candidato para ocupar o espaço da tão esperada terceira força do futebol estadual, importantíssima para um maior equilíbrio entre as forças do nosso futebol.
Apesar da quase totalidade dos títulos ter sido conquistada por times da capital, salvo raríssimas exceções protagonizadas por Fluminense de Feira e Colo-Colo, o certame estadual é fundamental para a sobrevivência da esperança de muitos jogadores do interior de um dia realizar o sonho de ser um jogador profissional. Se na capital as famosas peneiras de Bahia e Vitória são os portões para o mundo da bola, no interior do estado jogar pelo time da cidade ou da região é o máximo que muitos jogadores vão conseguir e não há nenhum demérito nisso.
Nem todo jogador vai ser um Ronaldinho Gaúcho para ser leiloado em público por três grandes times brasileiros – aliás, esta semana a novela “para onde vai o Gaúcho Dentuço”, foi de péssimo gosto e mostrou como o futebol virou um balcão de negócio dos mais baixos. Afinal, do Ronaldinho, nenhum dos clubes está interessado no futebol que ele pode apresentar, mas no tal do “projeto de marketing” que ele vai fazer girar e nas cifras milionárias envolvendo a publicidade a ser comercializada com a chegada do ídolo que já viveu seus melhores dias, mas ainda sabe bater na bola como poucos.
Voltando à realidade baiana, chegar a ser um jogador profissional e disputar um Campeonato Baiano será o máximo para muitos jogadores e eles não são poucos, são milhares espalhados pelo estado disputando campeonatos em ligas amadoras, jogando em campos onde a grama é rara e a poeira sobe a cada dividida. E são os clubes do interior que vão buscar nestas ligas amadoras seus futuros jogadores, alimentando uma engrenagem na qual o valor do esporte pelo esporte ainda sobrevive, mesmo de forma precária.
Neste flerte entre o amador e o profissional sobrevive o Campeonato Baiano, como de forma semelhante, realidade e ilusão mantêm viva na mente de milhares de jovens baianos a esperança de mudar de vida através dos gramados. E assim, empolgante e cambaleante, nosso Baianão já começou com uma irônica final no Torneio Início protagonizada pela dupla Ba-Vi do interior.
*Jony Torres é jornalista da TV Bahia e escreve às segundas-feiras no Correio* - coluna publicada na versão impressa do Jornal do dia 10 de janeiro de 2011
Veja também:
Leia também:
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!