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Juliana: 'sou Bahia vou lembrar desse momento para sempre |
O poder de enxergar com o coração. Para Juliana dos Santos, 13 anos, essa é a forma mais singela de viver a vida. Ela nunca viu uma bola rolando num campo de futebol. E não precisa. O sentimento pelo Bahia é muito mais forte do que a simples imagem de um lance ou um gol. Juli é deficiente visual. Nasceu sem enxergar, mas queria ver o tricolor do seu jeito. Na quinta, acordou bem cedinho em São Sebastião do Passé, a 59 quilômetros de Salvador. Junto com os coleguinhas do Colégio Municipal Dr. João Paim, partiu rumo ao estádio de Pituaçu para acompanhar o treino do tricolor. Ainda nas arquibancadas, ela escutou as orientações do tagarela René Simões aos seus comandados. Mas a menina queria mais. O principal objetivo era entregar um cartaz para o técnico do seu time de coração. Nele, frases motivacionais escritas com a ajuda do pai José Silvina, torcedor fanático do Esquadrão. “Ensinei a ela a gostar do Bahia desde pequenininha. Escutamos todos os jogos. Sempre vamos torcer pelo time, independente das dificuldades”, revelou, cheio de orgulho da filha, que parece ter aprendido bema lição. Professor René Simões, então, não perdeu tempo.“Quero que essas crianças desçam pro campo. Os jogadores precisam sentir isso. Elas sempre são verdadeiras e transmitem uma energia maravilhosa”. Foi questão de tempo para o gramado virar um verdadeiro palco de alegria. Treino? Ficou pra depois. Tiago, Júnior, Gabriel e Fahel foram os jogadores mais assediados e atenciosos. O volante brincou. “Só voufalar com quem estiver tirando notas boas na escola”. Gabriel agradeceu à meninada. “Isso é bom demais. É sempre uma diversão”.
Autógrafo - René Simões, mesmo desengonçado, dançou até um pagode com as crianças. Juliana, a premiada do dia, ganhou um beijo carinhoso do comandante. Na camisa autografada por René, um recado especial:“ Que seus sentidos vejam sempre. Jesus te ama”. O agradecimento veio da forma mais pura que uma criança poderia fazer. “Obrigado, o senhor é muito legal”. Como quem deseja desbravar o mundo, ela guardará na memória cada momento do dia 11 de agosto de 2011, assim como, certamente, todas as outras crianças do Colégio Municipal Dr. João Paim, de São Sebastião do Passé. “Me arrepiei com essa chance. Eu conversei com ele! Sou Bahia de coração e vou lembrar desse momento para sempre”, afirmou a menina, agora mais tricolor do que nunca. Nesse caso, o que os olhos não veem, o coração sente.