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Carneiro: "precisamos de campos e capital para investir" |
O modo como o Vitória utilizou sua divisão de base neste ano tem recebido duras críticas da torcida, imprensa e, principalmente, de Newton Drummond, executivo de futebol e homem responsável pelo planejamento do clube daqui para frente. Quem cuida da formação dos atletas na Toca do Leão é Epifânio Carneiro, que também participa ativamente do projeto para resgatar a tradição rubro-negra de revelar jogadores e levar o time de volta à Série A.Em entrevista ao
iBahia Esportes, o diretor da divisão de base rubro-negra conta entre outras coisas o que deu errado em 2011, qual será o orçamento a partir do ano que vem e as dificuldades para conduzir o setor na atual conjuntura do futebol brasileiro. Nos bastidores do clube, como revelou o repórter Marcelo Sant´Ana, do Correio*, Carneiro tem prestígio suficiente para um dia substituir Alexi Portela na presidência. E o que o próprio pensa disso? Confira a seguir.
Como está a política de divisão de base do Vitória? O trabalho é bem feito e vai continuar. A tendência é sempre melhorar. E pra melhorar, o clube precisa construir os três campos de treinamento. Sem isso, dificulta. Os campos são fundamentais. Hoje existe uma concorrência brutal. O Vitória não revela como antigamente e não vai revelar. Quando vamos ao torneio, os agentes querem tirar os nossos. A concorrência é muito grande. Tem muita gente investindo, tem muito dinheiro. A dificuldade que o profissional tem para contratar um jogador caro hoje é a mesma que nós temos para trazer atletas para a base. O Vitória ainda é muito procurado pela seriedade na divisão de base. Ainda é muito buscado, mas estamos sentindo dificuldade.
Qual é a saída?Não tem saída. Sem dinheiro, temos que investir na divisão de base. Quando vamos trazer um garoto, eles querem muito dinheiro. E o Vitória não tem dinheiro para pagar. É preciso investimento. Esses dois pilares são fundamentais: campos e capital para investimento. Não é só formar, é ter a política de divisão. Jogadores nós temos: Arthur Maia, Gabriel Paulista, Felipe...
Como é que você avalia o trabalho de Newton Drummond, que volta e meia fala da importância da divisão de base? Ele tá começando o trabalho dele agora. Ele chegou com o trabalho montado em 2011 e só agora ele está começando o trabalho dele. Ele estava conhecendo o clube e tem conversado com todo mundo. Nossa base tem um potencial muito grande e ele sabe disso.
Por que os jogadores formados na Toca do Leão quase não tiveram espaço em 2011? Quando você contrata muito, você dificulta a oportunidade dos meninos. É melhor deixar Gilberto, Lúcio Flávio, Edu no banco em detrimento de um menino da base. Mas não é colocar por colocar, ele precisa estar pronto. Temos bons jogadores aí e prontos. O clube também não começou bem, ficamos com medo de colocar os meninos em jogos decisivos...
Qual será o orçamento para a base a partir de 2012? Estamos preparando isso por agora. Será algo em torno de R$ 4 a R$ 5 milhões.
Em quais jogadores da casa você aposta para o ano que vem? Olha, temos aí Felipe, Arthur Maia, Léo, Romário...O Duylio (volante), que é um bom jogador, mas só teve uma chance em 2011. Iuri (lateral), que está se preparando bem. O próprio Gustavo (goleiro), que está pronto. Às vezes a gente acredita e não dá certo. E quem se destaca são aqueles que a gente não apostava. Enfim, tudo é o tempo que vai dizer.
Mudando de assunto, você é ou não um candidato em potencial à presidência do Vitória? Não sou candidato à presidência. A curto e médio prazo, não tenho esse desejo. É cedo para falar nisso. Portela ainda não decidiu ainda e ele ainda tem muito tempo pela frente. Vamos esperar. Eu não busquei, não tenho essa preocupação. Quero ajudar o Vitória do mesmo jeito. Esse é meu objetivo.
Mas você é um dos mais cotados. Encararia o desafio? A natureza não dá saltos. Temos que ir aos poucos. Apesar do Alexi comentar como potencial candidato, eu não tenho essa preocupação. Fico muito feliz por ser lembrado. Mas todo clube tem que ter opção. Quero ajudar o Vitória do mesmo jeito e graças a Deus tenho feito isso. O Vitória me absorve muito tempo, sacrifico empresa e família. Mas quando me dedico a uma coisa quero que dê certo. Queremos manter um equilíbrio no clube e vamos trabalhar para isso.