Já recuperado de uma fratura no dedão da mão esquerda, que o tirou de uma luta contra Stipe Miocic em maio, Cigano voltou a treinar há poucos dias e ainda está se readaptando à rotina. Nesse papo exclusivo com o CORREIO, o ‘cataribaiano’ explica seu momento atual no UFC, as mudanças que teve ao resolver treinar também no Rio de Janeiro, fala da relação com o público, entre outros assuntos. Confira!
Como estão sendo os treinos no Rio e qual a melhoria que você vê no seu jogo?A intenção de ir pro Rio foi pra ter uma forma de treino diferente, aprender outras formas também, até porque eu estava há muito tempo aqui na Bahia. O professor Dedé Pederneiras, lá no Rio, é conhecido por ser um bom estrategista e era um pouco do que eu achava que ia me ajudar. Aliás, ainda acho. O chão deles lá que é muito forte nessa questão da estratégia, no jeito que eles veem a luta.
Ele viu algo nas suas lutas que você não tinha percebido?Sim. Formas diferentes do que eu costumava ver e do que meus treinadores, (Luiz) Dórea, Yuri Carlton, entre outros, também. (A necessidade de) uma estratégia mais agressiva do que normalmente era.
Você já está cem por cento?Já voltei aos treinos. Tomando um certo cuidado, mas tô treinando boxe, batendo bem. A lesão que realmente me tirou da luta foi a da mão, mas tiveram algumas outras que eu acabava sentindo. Então, acho que foi bom ter parado esse tempo pra dar uma recuperada. Agora é readaptar ao treinamento. Tô todo doído. É normal na volta aos treinos, afinal, fiquei dois meses parado.
Existe uma luta em vista?Não. Fui agora a Las Vegas e conversei com o Joe Silva (responsável por ‘casar’ as lutas do UFC) e perguntei quando eu estaria apto a lutar novamente, até como uma forma de pressionar um pouco também. Sempre deixo claro que amo fazer o que faço e não estaria nessa situação se não fosse realmente necessário. Em outubro, faz um ano da minha última luta e isso tem me frustrado muito. Quero voltar logo mas, infelizmente, tenho que cuidar das lesões antes. Acho que eu estaria apto em novembro, na segunda quinzena. Dependendo de como forem os treinamentos, talvez na primeira quinzena.
Você ia lutar no Brasil, o que acredito que é um sonho seu. Você tem a expectativa de que essa próxima luta seja aqui de novo? Pediu isso ao UFC?Eu não pedi, mas já tinha demonstrado minha vontade de lutar no Brasil e não foi à toa que eles tinham fechado essa luta aqui. Eu estava feliz. Participei de alguns eventos aqui no Brasil e o público realmente dá uma carga extra de motivação. Eu queria sentir isso também. Ainda quero. Agora que passou a Copa, a gente tem vários estádios, temos aqui a Fonte Nova, então acho que um UFC na Bahia seria perfeito, maravilhoso pra eu lutar. Espero que num futuro breve isso aconteça.
O que você acha que precisa fazer para recuperar o cinturão dos pesados do UFC?Acho que entender um pouco mais o que tem acontecido. Hoje, a gente vê os americanos se destacando. Levaram grandes treinadores brasileiros para ensinar a eles o jiu-jitsu, aprenderam a técnica e já competem no mesmo nível quase em todas as artes marciais contra todo mundo. E estão acrescentando a experiência em competição de alto nível, como Olimpíada. Fazem um treinamento bem pensado para que, quando chegue o dia da luta, você possa mostrar sua melhor performance. Acho que, nesse aspecto, a gente tá perdendo um pouco porque estamos muito na questão do ‘coração’ ainda. Como o cara é lutador, acha que funciona tudo na tora, na garra. Não é só isso. Tem que ter uma parte estratégica, um treinamento mais elaborado para aquele adversário específico.
Você acha falta a você essa experiência de ter passado por campeonatos universitários como eles têm lá e isso servir de preparação para as diversas situações dentro de uma luta?Com certeza. Acho que isso é um ganho que eles têm e a gente não tem qualquer perspectiva de se comparar a eles. Muitos atletas de wrestling treinam desde criança. Então, a experiência que eles têm em competição é muito grande. No meu caso mesmo, meu primeiro envolvimento com arte marcial foi com 21 anos. Hoje eles estão usando todas as armas que têm, contra todo mundo. E tem funcionado. Os resultados mostram isso.
A expansão do UFC trouxe muita exposição para lutadores como você, Anderson Silva. São participações em eventos, matérias na TV... Você acha que, em determinado momento, a exposição pode ter tirado o foco no esporte?Acho que depende muito de cada um. Não é questão de tirar a atenção do esporte. Já que não há investimento, hoje em dia, um atleta só consegue se dedicar à profissão quando ele tem apoio de patrocinadores. Não acho que a exposição tem tirado o foco dos lutadores. Ao contrário, tem motivado um pouco mais a querer chegar lá em cima.
Mas, por outro lado, isso aumenta a pressão.Aumenta. Mas acho que, no início, por ser algo novo, essa pressão incomodava mais. Hoje em dia, acho que é muito normal para os atletas de MMA serem entrevistados. Os treinadores já estão todos cientes disso. Está tendo um trabalho muito legal na conscientização dos atletas para que continuem focados no que realmente interessa que é o resultado positivo na hora das lutas.
Você se magoou com os comentários das pessoas nas redes sociais depois da segunda derrota para Cain Velasquez? Não. Eu não costumo me apegar aos comentários negativos. Se tem dez negativos e um positivo, vou ler aquele positivo e ficar feliz por ele. Sou um cara assim, o máximo positivo que posso ser.
Um recado para os leitores?Até o fim do ano, se Deus quiser, estarei lutando e vou contar com a torcida de todos novamente. Meu sonho continua ser campeão e acho que tenho muitas condições pra isso. Vou trabalhar para que possa acontecer e não demore muito. E, na chegada em Salvador, ter o carro de bombeiros e a galera toda que esteve lá na primeira vez!
Matéria original: Jornal Correio* Entrevista: Cigano repensa o olhar sobre MMA para voltar a ser campeão do UFC
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