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Futebol de ratos - por Marcelo Sant'Ana

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28/04/2011 às 9:39 • Atualizada em 29/08/2022 às 17:22 - há XX semanas
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Todos temos medo, um sentimento natural do ser humano e não há fragilidade alguma admitir. Mas é lamentável assistir a uma partida onde um time se reduz a atrapalhar o outro, e não a jogar. O último desserviço ao futebol aconteceu ontem, com Mourinho armando outra vez o Real Madrid na espreita. Alfredo di Stefano, maior ídolo e presidente de honra do clube, já o havia criticado na véspera da final da Copa do Rei. Em coluna no jornal espanhol Marca, sentenciou: "O Real Madrid foi uma equipe sem personalidade... O Madrid não dá à torcida a felicidade que merece".

No futebol atual, vemos muita luta, entrega, disposição e guerreiros. Cada vez há menos espaços para os artistas e para os estilistas. Muitos torcedores e jornalistas se acostumaram com o novo estilo mais brigado; outros tantos só valorizam a vitória. Somos uma sociedade onde os fins cada vez mais justificam os meios. Nosso pior inimigo é a própria cabeça, afinal imaginamos situações muito piores que a realidade.

Que o Barcelona é sensacional, não resta dúvida. Mas como pode um time que tem dois (Cristiano Ronaldo e Kaká) dos três últimos melhores jogadores do mundo ser tão defensivo em sua própria casa? Mourinho é um técnico genial, porém, contra o Barcelona, é pior que técnico de time pequeno. "Não me agrada jogar assim, mas tenho que adaptar-me", falou Cristiano após o 2x0. O sonho de Mourinho é voltar à Inglaterra para treinar o Manchester United. Antes, é bom ir a Wembley ver a final da Liga dos Campeões. Alex Ferguson pode lhe ajudar a vencer os próprios medos.

Ba-Vi - O Bahia, em três partidas com René Simões, segue desarrumado. A ausência de um padrão de jogo complica ainda mais a escolha dos titulares. O Bahia de René é um time que vai marcar na frente ou se armar para o contra-ataque? Quem dá o primeiro combate? O meio terá três volantes ou dois meias armadores? Quem sai com a bola? E as cobranças de bola parada? E a cobertura dos laterais?

O Vitória, sem centroavante e contra um adversário um pouco mais qualificado, sofreu para criar jogadas. Em alguns momentos, Nikão, Elkeson e Geovanni ficavam muito distantes do resto do time. Apesar desta falha, a defesa não ficava desprotegida porque Eduardo não avançava pela esquerda e três jogadores fechavam pelo meio: Esdras, Uelliton e Mineiro.

Torço para o clássico de domingo ser mais animado e, pelo menos, ter mais chances de gol. O torcedor que se expõe ao sair de casa merece quem se exponha por ele.

Marcelo Sant´Ana é repórter especial do jornal Correio* e
escreve quinta e domingo. Coluna publicada na edição impressa do dia 28
de abril de 2011

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