Lições do BaVi - por Jony Torres

Para o torcedor rubro-negro, que passou a semana inteira já com a certeza da classificação, o Ba-Vi de ontem foi um sufoco. Do primeiro ao último minuto, o Bahia batalhou pela classificação, mas ficou apenas com a vitória no clássico. Um prêmio de consolação para um time brigador e de muita garra, mas nada muito além disso. Agora, na final, o Vitória deve usar muito bemo clássico como lição para a decisão diante do Bahia de Feira, e se jogar já pensando no chopp da comemoração, pode morrer na praia e ver afundar no mar da arrogância o sonhado pentacampeonato.

Se tem torcedor do Leão por aí achando que depois de vencer o Bahia o título vem fácil diante do Bahia de Feira, tenho certeza que ele não pensou assim ontem, quando, aos dois minutos, Marcone aproveitou uma bobeira da zaga e fez o primeiro do Bahia, jogando no lixo toda a boa atuação do rubro-negro em Pituaçu, semana passada.

Perder um campeonato quando ele está bem próximo, quase ao alcance das mãos, é fácil quando não há concentração na partida durante os 90 minutos, e este foi mais um lembrete que o tricolor Marcone fez questão de dar ao time do Vitória no começo do segundo tempo.

Eu não vi nenhum jogador do Vitória menosprezar o adversário e mesmo as brincadeiras do goleiro Viáfara durante a semana não podem ser usadas como exemplo de desdém com o clássico. Mas, levar gol nos primeiros minutos de cada tempo e o terceiro nos acréscimos do segundo mostra algo a ser corrigido e este deve ser o próximo puxão de orelhas que os boleiros da Toca vão levar do professor Lopes.

E o Bahia hein? Me envie um email o tricolor que está satisfeito com este elenco para a disputa da primeira divisão. Como a diretoria contratou um caminhão de jogadores no início do ano - e acertou agindo desta forma, na minha análise - era de se esperar uma campanha irregular como, de fato, foi a do Bahia.

Não é fácil juntar um monte de marmanjo e querer um time vencedor em pouco tempo, só que já está claro também, que há jogadores que nem treinando um ano inteiro vão render o suficiente para ajudar o tricolor a fazer uma campanha à altura da história do clube. Há hoje, entre os times da primeira divisão, pelo menos uns 13 times com um padrão de jogo muito superior ao do Bahia. É pouco tempo, mas ainda dá para melhorar o elenco e descartar as peças semutilidade.

Quem não está nem aí para os problemas tricolores são os torcedores do Vitória, que diferente dos jogadores, podem sim começar a preparar uma bela festa. O Bahia de Feira temao seu lado a regularidade, mas o elenco do Vitória é melhor e tem mais conjunto. Só basta aprender com as lições de ontem e começar a escolher qual das mãos vai andar com os cinco dedos esticados por um bom tempo.

Jony Torres é apresentador da TV Bahia. Coluna publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 2 de maio de 2011