icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
ESPORTES

Na Rússia, ninguém acredita no hexa, e Brasil é coadjuvante

Sucesso dos argentinos, especialmente de Lionel Messi, está escancarado até nas paredes de Moscou

foto autor

Redação iBahia

07/06/2018 às 21:00 • Atualizada em 31/08/2022 às 19:18 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News

No pub Football Republic que acaba de ser inaugurado na avenida Tverskaya, bem no centro da capital russa, o chef Sergei Dushov oferece os pratos supostamente preferidos de quatro grandes jogadores — adaptações à moda russa com certa liberdade poética — para os torcedores que acompanharão pela TV as partidas da Copa do Mundo. O restaurante, não muito distante do relógio que faz a contagem regressiva para o Mundial, tem como estrelas de seu cardápio o Bacalhau à Brás de Cristiano Ronaldo e o frango à napolitana de Lionel Messi. Há também a massa à Carbonara com presunto do goleiro italiano Gianluigi Buffon e até o sanduíche com camarão favorito do ex-jogador holandês Edvin van der Sar - cujas seleções sequer estão no Mundial. Mas nem sinal de churrasco - e carne brasileira não falta na Rússia, já que o Brasil é seu principal fornecedor -, tampouco de um cafezinho para quem quer que seja da seleção canarinho.

Para os brasileiros, bastam dois dedos de prosa com um russo (ou uma russa) para ouvir elogios apaixonados ao samba, às telenovelas - "O Clone" fez sucesso no país de Putin - e ao futebol de Ronaldinho e Pelé, os mais lembrados no país da Copa. É fácil perceber que o Brasil causa admiração entre os russos. Já a seleção brasileira atual, nem tanto. Nas lojas de souvenires da Copa pela cidade, vêem-se bonés e canecas em profusão, mas com bandeiras e símbolos dos times da Alemanha, Bélgica e Argentina. As matrioskas (tradicionais bonecas russas que se encaixam uma dentro das outras) com a imagem de Messi e Cristiano Ronaldo dividem a prateleira com a do personagem infantil Minion em um estande da passagem subterrânea na altura da praça Pushkin. Nem sinal de Neymar.

- Brasil? Campeão? Não! A campeã será a França. Para que vocês não fiquem tristes, acho que o Brasil pode chegar à final - zomba o jovem quirguistanês Nurlan Beyshenkulov, de 23 anos, que trabalha numa barraca de fast food no Parque Gorky e parece apostar numa reedição do vice de 1998 para a seleção brasileira:

- Tudo bem, o Brasil até tem bons jogadores: Neymar, Casemiro, Coutinho...

- Paulinho... - sugere seu colega, Adilet Chorobekov, de 23 anos.

- Não, Paulinho não - corta Nurlan. - Já a França tem Griezmann, Mbappé... A campeã será a França. E Messi é melhor que Neymar.

Foto: Divulgação

- Eu acho que Salah é o número 1 - rebate Adilet. - Torço pela Argentina por causa de Messi, mas também gosto de Cristiano Ronaldo. A França é uma ótima seleção, mas a Argentina é a melhor para mim - completa, sem dar muita atenção para o Brasil.

Às vésperas do maior campeonato de futebol do mundo, a falta de protagonismo do Brasil é rapidamente notada nas ruas de Moscou. Não está claro se a pouca exposição é consequência do 7 a 1 contra a Alemanha em casa, ou da falta de craques que os russos considerem dignos de empolgação, já que existe uma espécie de consenso entre aqueles que acompanham futebol no país de que a seleção russa não tem muitas chances de chegar à final. O time de Tite terá de mostrar muita determinação e futebol para convencer os russos de que o país de Pelé pode ser hexa.

— Olha, eu gosto muito do Brasil, da cultura, da comida, assisti várias novelas. São pessoas alegres, a gente associa vocês ao sol e à praia. Mas eu devo dizer que vocês não têm time para ganhar. Você não se lembra do 7 a 1? — pergunta o motorista de táxi Genady Alexeevich, que aposta numa final Bélgica e Argentina.

No pequeno bar escondido da Leontevsky, também no centro da capital, os dois economistas que fazem happy depois do trabalho avisam que a Argentina será a campeã. O palpite fez franzir a testa dos brasileiros presentes.

— Peraí, eu adoro o Brasil e a vibração de vocês. Mas falta a esse seleção nomes como aqueles de Copas passadas — tenta emendar Alexei, o mais falante.

O sucesso dos argentinos, especialmente de Lionel Messi, está escancarado até nas paredes de Moscou. Messi, garoto-propaganda do banco Alfa Bank, aparece pintado em propagandas de dez metros de altura nas fachadas de alguns prédios no centro da capital. No ano passado, antes da Copa das Confederações, o português Cristiano Ronaldo também ganhou um mural com seu rosto próximo ao hotel que hospedaria a seleção portuguesa em Kazan. Já para Neymar & cia. resta o apoio discreto de torcedores como o russo Vasily Golokhmatov, que usava um boné verde e amarelo enquanto se dirigia com mulher e dois filhos para a exibição da taça da Copa no Parque Gorky.

- Se a Rússia não passar da fase de grupos, torcerei para o Brasil - ponderou Vasily.

Logo na chegada à capital, no aeroporto de Sheremetyevo, as máquinas que vendem bilhetes para o trem expresso que leva o viajante até a cidade, a tela oferece a opção de sete idiomas. Nenhum deles é o português. Segundo a Fifa, mais de 70 mil ingressos foram vendidos para torcedores brasileiros, que começarão a chegar em massa às 11 cidades-sede da Copa na próxima semana. Quem desembarcar na Rússia não deve esperar otimismo disseminado com a seleção brasileira. Será preciso certo esforço para que o sonho do hexa cative os russos.

- "Hexa"? Não faço ideia do que significa isso - estranhou a estudante russa Elizaveta Chetina, de 20 anos, antes de abrir um sorriso um tanto espantado ao ouvir a explicação. - Ah, que legal! É, acho que será incrível se o Brasil for campeão.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

Redação iBahia

AUTOR

Redação iBahia

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Esportes