Menu Lateral Buscar no iBahia Menu Lateral
iBahia > esportes
Whatsapp Whatsapp
ESPORTES

Copa de Neymar põe fim à chance de ser melhor do mundo

Projeto de ser o melhor jogador do mundo nunca pareceu tão palpável, tão realizável — até vir a derrota para a Bélgica, por 2 a 1

Redação iBahia • 07/07/2018 às 10:08 • Atualizada em 27/08/2022 às 14:07 - há XX semanas

Google News siga o iBahia no Google News!

São as seleções que jogam, vencem ou perdem uma Copa do Mundo, mas também há projetos pessoais que são alçados ou derrubados no meio do processo. Neymar havia se transformado no centro de todas as atenções depois que Messi e Cristiano Ronaldo foram para casa mais cedo, nas oitavas de final. O projeto de ser o melhor jogador do mundo nunca pareceu tão palpável, tão realizável — até vir a derrota para a Bélgica, por 2 a 1, na noite de ontem, abreviando a caminhada do Brasil no Mundial e a tentativa de voo solo do camisa 10 num Mundial que perdera suas unanimidades. Neymar não conseguiu transformar-se numa delas. Agora, restam indefinições pela frente.

Foto: Reprodução/CBF

No futuro próximo, é inviável que Neymar perca seu status de líder e referência dentro da seleção brasileira. Explosões emocionais à parte, o atacante, hoje com 26 anos, terá mais algum tempo de maturidade física, técnica e tática pela frente, o suficiente para chegar à Copa de 2022, no Qatar, num momento próximo do auge. Ou até no auge propriamente dito, vide o avassalador desempenho de Messi e Cristiano Ronaldo na casa dos 30. Só que as certezas param por aí.

O sprint de Neymar rumo à Bola de Ouro foi jogado para escanteio junto com a bela defesa de Courtois, nos acréscimos do segundo tempo, após um chute colocado do brasileiro na entrada da área. Foi uma defesa cruel para a torcida, daquelas que interrompem sonhos justamente no momento em que estão mais próximos - afinal de contas, o empate levaria o Brasil à prorrogação, quando teria chance de manter seu ritmo ofensivo e buscar a virada. Para Neymar, a espalmada do belga foi o ponto final de uma temporada de escolhas que, ainda que não parecessem erradas, não alcançaram o objetivo traçado.

Ao trocar o Barcelona pelo PSG, há um ano, ele tinha como propósito principal — se não único — encontrar um espaço em que brilhasse fora da sombra de outros craques, especialmente Messi. Seria o líder de uma constelação vitoriosa, e sairia mais credenciado do que nunca para receber o prêmio individual mais importante do mundo. Seria, sairia e outros verbos no futuro pretérito não costumam contar boas histórias. A de Neymar, ele há de concordar, não foi tão boa quanto se esperava: eliminado nas oitavas de final da Liga dos Campeões, contra o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, o brasileiro assistiu de casa à reta final do torneio onde sua estrela despontaria de vez na Europa. Não só de casa, também do hospital: a fratura no pé direito, entre o primeiro e o segundo jogos contra o Real, colocou dúvidas até sobre seu estado físico na Copa do Mundo.

Os questionamentos sobre a forma logo foram sanados, já que as dores no pé direito não voltaram a incomodar com gravidade. O conteúdo é que ficou em xeque: simulações, quedas teatrais, o excesso de atenção despertada por Neymar sem a bola nos pés deixou a sensação de que algo não encaixava. Contra a Bélgica, ele foi repreendido pelo menos duas vezes pelo árbitro sérvio Milorad Mazic após quedas dentro da área belga. Marcado pelo apito e pelos adversários, Neymar teve a chance derradeira e caprichou no talento, mas Courtois assumiu o papel de estraga-prazeres.

— Neymar é um dos melhores do mundo. Mas agora que o Brasil saiu da Copa, não sei se fica mais difícil para ele conquistar a Bola de Ouro — avaliou o volante belga Axel Witsel, antes de puxar sardinha para seus colegas de equipe. — Nós temos grandes jogadores também. Não só De Bruyne, mas também Hazard. Para mim, Hazard pode ser o melhor jogador desta Copa.

Esperava-se justamente que Neymar ascendesse ao posto de craque do torneio, o carimbo ideal para que pleiteasse seu desejado prêmio de melhor jogador do mundo. Agora, fora do páreo, o brasileiro vê outros concorrentes saltarem à dianteira. Haverá pouco tempo — e, principalmente, poucos jogos de tamanha relevância — até o fim do ano para que Neymar rivalize não só com os belgas, mas com o francês Mbappé, seu colega de PSG, e agora mais candidato do que nunca a estrela-maior desta Copa, ainda na flor de seus 19 anos. No fim das contas, se a bola chutada nos acréscimos não tivesse sido alcançada na ponta dos dedos por Courtois, talvez a seleção brasileira seguisse viva no torneio, assim como a disputa de ouro de Neymar. Projetos pessoais e caminhadas de seleções foram decididos da mesma forma nesta sexta-feira: por detalhes.

Sofrer a dor sozinho

Detalhes (no caso, centímetros) também roubaram um gol de Renato Augusto no segundo tempo, outro possível empate que jamais aconteceu. O meia, que saiu do banco de reservas, já havia recolocado a seleção brasileira no jogo ao diminuir, a 15 minutos do apito final, uma vantagem belga construída na meia hora inicial de jogo — em um gol contra de Fernandinho, após cobrança de escanteio, e num chute seco do meia De Bruyne, eleito o melhor jogador em campo nestas quartas de final. Renato Augusto esteve cara a cara com Courtois nos momentos derradeiros da partida, antes do milagre do goleiro belga no chute de Neymar. Quando esteve diante de Renato, o goleiro não foi na bola. Apenas rezou e acompanhou, com os olhos, a bola passar rente à trave e se perder na linha de fundo.

—- Quando eu tive aquele chance, quis tirar o máximo possível do Courtois, porque sei que é um goleiro alto e de muita qualidade — explicou Renato. — Mas foi depois do chute, quando levantei a cabeça, que percebi: eu já tinha tirado ele noeu movimento de corpo, porque ensaiei chutar num canto e escolhi o outro. Ele já tinha ficado mais neste primeiro canto. Se eu tivesse só colocado a bola no gol, acho que ele não chegaria. Mas essas são coisas que você decide em segundos, em até menos tempo do que isso.

Renato afirmou, quando passou pelos jornalistas, que os jogadores ainda não tinham conseguido conversar com o técnico Tite para assimilar a derrota. Perde-se como grupo, e isso todos os jogadores tentaram deixar claro. Mas a derrota, como mostrou Renato Augusto, também tem dores individuais.

— Estava um clima de velório no vestiário. Acho que neste primeiro momento é melhor sofrer um pouco sozinho.

Leia mais:

Venha para a comunidade IBahia
Venha para a comunidade IBahia

TAGS:

RELACIONADAS:

MAIS EM ESPORTES :

Ver mais em Esportes