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Pôquer: a realidade de Salvador que você ainda não conhecia

Quatro clubes, três deles na Pituba, reúnem cerca de 40 pessoas por dia, das 18h às 5h da manhã do dia seguinte. Você sabia disso?

• 02/03/2011 às 15:33 • Atualizada em 28/08/2022 às 18:29 - há XX semanas

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Rafael Sena/iBahia.comAli, na orla da Pituba, por entre bares, boates e bordeis, existe um mundo pouco conhecido do grande público soteropolitano: o pôquer. São três clubes naquele bairro e mais um em Ondina, todos especialistas no Texas Hold´em, estilo mais popular do jogo. O Texas Pituba e o Club Pool, quase vizinhos, são o cartão de visitas e recebem, em média, 40 pessoas por noite.

Desde que tenha mais de 18 anos, qualquer um pode entrar. Vencidos pela curiosidade, os jovens são maioria entre os frequentadores. E tornam o ambiente tão aconchegante e descontraído que só não dá para esquecer que se trata de uma casa de jogos por causa das grandes mesas de cartas espalhadas pelos salão.

Para Fábio Maia, vice-presidente da Federação Baiana de Texas Hold´em (FBTH), os clubes de pôquer em Salvador tem mesmo esse ambiente de intimidade. "É muito diferente do que as pessoas pensam. É um clube mesmo. Para você ter ideia, fiz aqui os meus melhores amigos", diz ele. Esqueça aquela imagem propagada por filmes de jogadores viciados, apostando apartamentos, carros e até suas esposas. "Você paga R$ 20, R$ 30 para se cadastrar e ganha um número de fichas. Este é o valor que pode ser perdido por noite, o limite. As premiações também dependem do número de inscritos", conta Maia.

Rafael Sena/iBahia.comPara entender mais sobre este universo, é preciso deixar de lado a ideia de ilicitude e a áurea boêmia que o cerca, apesar do horário sugestivo. Os clubes, todos eles, abrem às 18h e costumam fechar às cinco da manhã do dia seguinte. Gerente do Texas Pituba, que fará um ano de existência no próximo dia 20 de abril, Marcelo Café desconstrói a figura do gestor milionário, que vive às custas da sorte e azar dos jogadores. "O Texas Pituba é um lugar recreativo, sem fins lucrativos. O clube vive dos 20% arrecadados dos torneios e nada mais. Aqui são todos amigos", diz Café, que não joga, só administra a casa.

Não menos importante que a Texas Pituba e o Clube Pool, o Pituba Play e o Bridge, digamos, são clubes mais restritos. Essas duas últimas casas reúnem jogadores mais antigos, os 'coroas' do Texas Hold´em. O Pituba Play tem quase 20 anos e, por enquanto, aceita somente jogadores federados, aqueles com ficha na Federação Baiana. O Brigde é mais abragente nas modalidades dos jogos de carta e, aos poucos, vai sendo tomado pelo Texas Hold´em. À frente das duas casas está Gustavo Soares, que também é presidente da FBTH e diretor de integração nacional da Confederação Brasileira de Texas Hold´em (CBTH).

E quem são os jogadores de Pôquer?

Segundo Gustavo, um milhão de brasileiros jogam pôquer. Em Salvador, são cerca de 500 adeptos. Elas jogam nos clubes, nas suas casas, onde reúnem-se com amigos, e também na Internet. Sites como o Pokerstars.com e Fulltiltpoker.com estão entre os favoritos. "Além das casas específicas em Salvador, ainda há o Yatch Club da Bahia, onde alguns amigos jogam toda segunda-feira", diz Gustavo, pouco antes de embarcar para Juazeiro, onde vai acompanhar um torneio com mais de 120 jogadores inscritos.

Antes de tudo, Nadson Caldas, 28 anos, trabalha como administrador de empresas. Ele pegou gosto pela coisa desde lá atrás, quando ainda usava feijãozinho ao invés das fichas. "Fui lendo sobre o jogo e me interessando cada vez mais. Há cinco anos que jogo regularmente", diz. Ano passado, ele se tornou campeão baiano do primeiro semestre - o torneio teve duas edições em 2010. Viciado? "Não. Jogo uma vez por mês para me divertir, como todo mundo que conheço. Não tem essa de vício. Quando quero, paro. Quando quero, retorno", conta Nadson.

Já Moisés Versulotti, 33 anos, leva o pôquer mais a sério. Campeão baiano do segundo semestre de 2010, recentemente ele deu entrada em um apartamento com a grana conquistada nos torneios. Mas ele conta que não pretende virar um jogador profissional. "A cada grande resultado o desejo aumenta, mas tenho um bom emprego numa multinacional há quase seis anos, um filho e estou prestes a me casar. É muita responsabilidade para largar tudo e ser um profissional". 'Versu', como ele é conhecido nas rodas de Texas Hold´em.

Rafael Sena/iBahia.comVocê já viu alguma mulher em volta de uma mesa de pôquer? Os homems predominam, mas elas também têm vez. Maria Amália, 19 anos, além de ser jogadora de Texas Hold´em, é diretora de torneios do Texas Pituba. Seu papel é organizar a programação, contar fichas, remanejar jogadores e fazer valer as regras. "Manter o jogo ético", diz ela, que conheceu o jogo quando tinha 15 anos e desde 2010 é jogadora assídua.

Segundo Maria, as mulheres estão em busca de reconhecimento. "Uns 10% das pessoas cadastradas aqui são mulheres. Ano passado teve até torneio feminino". Maria terminou o curso de eletromecânica há poucos meses e pretende estudar para concursos. Mas, segundo ela, o pôquer terá seu espaço. "Não quero jogar para me sustentar, mas que seja um hobby lucrativo".

Sorte x habilidade - A atual luta travada por praticantes e organizadores é contra a ideia de ilegalidade. O pôquer, segundo documentos elaborados por juristas e peritos, não se enquadra como jogo de azar - quando ganhar ou perder depende exclusivamente da sorte -, proibido no Brasil por Lei. Para abater seu oponente nas cartas, é preciso ter habilidade e, acima de tudo, ser um bom estrategista. "Muitos jogadores ganham um torneio cinco, seis vezes. Se fosse apenas o fator sorte, ele não teria um resultados desse", explica Gustavo Soares, presidente da FBTH.

De acordo com Fábio Maia, vice-presidente da FBTH, o trabalho para reconhecer a legalização do esporte vem sendo feito há quatro anos e os frutos começam a aparecer agora. "Conseguimos trazer para Salvador uma etapa do Campeonato Brasileiro, que reúne mais de 450 pessoas. Isso ajuda a popularizar o pôquer e mostrar seu lado verdadeiro. Ainda há muito preconceito, mas isso está mudando. Não do jeito que a gente gostaria, mas está", conclui.

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