Incompreensível ver tamanho talento desperdiçado. Bida perdeu a hora de sair. Poderia ter ficado por Santos, em 2008. Despertou interesse de Atlético Paranaense e Grêmio. Chegou a acertar com o Fluminense em 2009, mas ouviu o amigo Leandro Domingues: "Lá, só os jogadores pagos pela Unimed recebem em dia". Ficou na Toca - primeiro com Paulo César Carpegiani, depois sob o comando de Vágner Mancini. "Nem quero lembrar", disse em entrevista ao repórter Angelo Paz, por telefone, direto de Goiânia.
O Atlético Goianiense foi solução tão boa para ele quanto para o Vitória. Bem dosado. Quase R$ 1 milhão pelo desquite e cada um pro seu lado. Bida vivia acomodado, pelos cantos, empurrando a bola com a barriga e sonhando com o dia em que deixaria a Toca. Sumiram os chutes de fora da área, escassearam os passes precisos, o toque que dava cadência ao meio-campo. Sobrou o jogador que deixou de ser meia e volante para não ser nem meia, nem volante.
Durante quase seis anos, faltou a coragem que sobrou semana passada. "Cumpro meu contrato até o final do ano e depois saio. Não quero renovar". Brigou com a torcida por apostar na carreira. Enfim, uma atitude sensata: vou, não me importa pra onde. Apareceu o Atlético. Poderia ser outro. Pagando, o Vitória liberaria. E ele iria, louco para apagar os erros que cometeu ou foi obrigado a cometer em 2008, 2009 e 2010.
No futebol, como na vida, o passado costuma martelar cobrando solução. Bem fez Wallace, resoluto: está na hora de crescer. Cravou a saída e cavou vaga no Corinthians. A torcida nunca vai entender. Pouco importa o jogador, vale o clube. O Vitória é maior que tudo e que todos! É verdade. Mas uma verdade que cada torcedor carrega dentro de si e divide apenas com quem se orgulha da mesma bandeira.
Tática - Bida desembarcou em Goiás para desempenhar a função de Róbston, negociado com o Atlético-PR. O Vitória chegou a propor ao Atlético-GO uma troca simples entre os dois jogadores, mas não houve acerto. Para ser o novo Róbston goiano, precisa voltar a ser o velho Bida baiano.
Se mostrar por lá o que jogou no Vitória de 2007 e no Santos de 2008, não fica muito tempo. Ah, o Santos... Lembra da aversão a Vágner Mancini? Em 2009, o time da Vila pensou no retorno de Bida para o segundo semestre. E decidiu consultar o treinador que havia demitido, mas com quem mantinha boa relação. Mancini melou o negócio. Bida ficou.
Eduardo Rocha é editor de Esporte e escreve às sextas-feiras. Coluna
publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 25 de março de
2011
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